"Gabriel Azevedo cometeu uma série de atos que atentaram contra o decoro parlamentar. Atos que são incompatíveis com a dignidade do cargo parlamentar e a imagem pública dessa Casa Legislativa que conheço tão bem, como vereadora e sua presidente", afirma a deputada em nota enviada à imprensa e publicada nas suas redes sociais. Nesse mesmo documento, ela elenca as irregularidades que teriam sido cometidas pelo presidente da Câmara, que teve seu apoio para se eleger para o comando do Legislativo.
"Abuso de autoridade, com antecipação pública de atribuição de culpa antes mesmo de concluídas as apurações da CPI da Lagoa da Pampulha; agressões verbais inaceitáveis à vereadora Flávia Borja, com evidências de machismo, misoginia e intolerância religiosa; agressões verbais aos vereadores do Partido Democrático Trabalhista (PDT), com indícios de racismo e preconceito social; atuação irregular em CPI, substituindo membros e antecipando decisões sigilosas".
Na mesma nota, ela cita ainda a confusão da semana passada, em que Gabriel foi acusado pelo corregedor da Câmara Municipal, vereador Marcos Crispim (PSC), de fraudar o arquivamento de um pedido de quebra de decoro parlamentar contra ele por ter chamado o colega Wagner Ferreira (PDT) de "resto de ontem" e "lambe-botas" durante um bate-boca.
Segundo Nely, nesse episódio envolvendo o corregedor, Gabriel Azevedo praticou "atos que incluem fraude, estelionato, gravações ilegais, além da quebra de confiança de seus colegas vereadores e exoneração de funcionários da casa Legislativa por perseguição política", afirma a deputada em nota.
Gabriel Azevedo negou a coação e afirmou que quem convenceu o corregedor a voltar atrás no arquivamento foram aliados da Prefeitura de Belo Horizonte. Procurado pela reportagem para comentar o pedido de cassação de seu mandato feito por sua ex-aliada, o vereador Gabriel Azevedo se manifestou por meio de uma nota.
De acordo com ele, o grupo político de Nely Aquino "vendeu a alma para o prefeito Fuad Noman e já coagiu vereadores". "Diante de todos os problemas da cidade, o grande objetivo deles é cassar o vereador que denunciou a máfia do lixo muito antes do próprio TCE (Tribunal de Contas do Estado) derrubar a licitação da prefeitura? Estão frustrados com os repetidos cortes no subsídio das empresas de ônibus? Ou é só uma chantagem pra conseguir mais cargos?", questionou o presidente da Câmara.
Gabriel disse ainda que o modo como ele defende suas ideias não é a motivação do pedido de cassação feita pela deputada. "Meu estilo a deputada federal já sabia quando votou em mim para presidente celebrando efusivamente ainda quando vereadora. Aliás, a CPI da Lagoa da Pampulha também foi articulada pela ex-vereadora Nely Aquino, que agora acha um absurdo atribuir a culpa a Josué Valadão", afirmou Azevedo, se referindo ao ex-secretário de Governo da Prefeitura de Belo Horizonte.
O prefeito foi procurado pela reportagem, mas ainda não se manifestou sobre mais essa polêmica envolvendo a Câmara Municipal.