Órgão conhecido pela morosidade e resistência em punir deputados por corrupção, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados se reuniu nesta quarta-feira (30) para, entre outras coisas, debater e votar um pedido de cassação do mandato de um parlamentar por um suposto pisão no pé de um colega. O pedido foi feito pelo PT após o deputado Miguel Ângelo Filho (PT-MG) afirmar que José Medeiros (PL-MT) lhe desferiu essa agressão durante uma discussão no plenário.
Após um debate em que deputados de esquerda e de direta se manifestaram sobre a absoluta insignificância do caso —nem o suposto agredido compareceu—, a representação foi arquivada pelo Conselho por 13 votos a 0, com o apoio inclusive do PT.
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O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) foi em linha semelhante, afirmando que esse tipo de situação tem que ser resolvida no diálogo. "O Parlamento é o espaço do dissenso, se não, isso aqui vira um cemitério."
Alencar se referia especificamente à indicação do Conselho de que também deve arquivar representações feitas por PP e PL contra deputadas de esquerda que chamaram de assassinos colegas que votaram a favor do projeto de lei do marco temporal das terras indígenas.
A discussão sobre esses casos começou a ser feita nesta quarta, mas foi suspensa por pedido de vista e pelo término do período reservado à sessão. Antes dos debates sobre o pisão no pé e sobre a acusação genérica de assassinato contra indígenas, o conselho instaurou processos contra outros sete deputados por desavenças, entre eles Ricardo Salles (PL-SP) e Tenente Coronel Zuco (Republicanos-RS), respectivamente, relator e presidente da CPI do MST.
No início de agosto, Zucco fez um discurso machista e gordofóbica durante reunião da comissão. Ele disse que a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) deveria "ficar mais calma" e perguntou se ela queria remédio ou hambúrguer.
Os outros parlamentares que tiveram processo abertos são Marcon (PT-RS), Glauber Braga (PSOL-RJ), Abilio Brunini (PL-MT), André Fernandes (PL-CE) e Sâmia Bomfim (Psol-SP).
Assim como os demais casos, esses não devem prosperar. Além da posição que tem unido esquerda e direita em torno da supremacia da imunidade parlamentar, o Conselho não tem histórico de punir parlamentares por falas ofensivas proferidas em discursos.