Temer, que também foi preso após deixar o cargo, defendeu que é preciso uma legislação específica para ex-presidentes, mas que isso não significa que quem cometeu “maiores excessos de corrupção” não possa ser detido. Sobre sua prisão, o ex-presidente a classificou como um “sequestro”.
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“Não digo se (a prisão de Bolsonaro) convém ou não. Eu não acho útil. Ao prender um ex-presidente, em vez de produzir efeitos negativos, você o vitimiza. Não é útil para o país. Temos no Brasil uma radicalização de ambos os lados. São palavras, gestos, momentos que levam a nação a uma intranquilidade”, respondeu Temer em entrevista à revista Veja , após ser questionado se acredita em uma eventual prisão de Jair Bolsonaro.
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Prisão foi 'sequestro'
Temer foi preso em março de 2019 após determinação do juiz Marcelo Bretas, sob suspeita de ter cometido delitos de corrupção ativa e lavagem de dinheiro em negociações de contratos da estatal Eletrobras. No mês seguinte, ele foi libertado e teve a prisão substituída por medidas cautelares.
“Eu não fui preso, fui sequestrado. Não havia indiciamento, denúncia, nem uma representação. E o juiz [Bretas] fez o que fez. Se viesse a mim para que eu comparecesse, é claro que iria. Eles me esperaram sair de casa, me pegaram na rua, com fuzil, para sequestrar”, comentou Temer sobre o episódio.
Segundo ele, é preciso pensar em uma legislação específica para ex-presidentes da República, que preveja “tratamento adequado”. Temer defendeu que, enquanto não há condenação, as prisões preventivas são muito questionadas. “É preciso tomar certo cuidado com isso”, pontuou.