O Ministério da Defesa encaminhou um ofício à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura os atos de 8 de janeiro informando que não possui mais as imagens que possam comprovar a suposta ida do hacker Walter Delgatti Neto até o prédio da pasta. O documento chegou ao colegiado na última sexta-feira (1º/9), segundo o jornal O Globo.
Segundo a pasta, as câmeras de segurança da Defesa apagam os registros após um mês. O hacker afirmou em depoimento à CPMI que entrou no Ministério pela “porta dos fundos” para aprender sobre o funcionamento das urnas por indicação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"O tempo de retenção das imagens geradas por meio do Sistema de Circuito Fechado de Televisão (CFTV) é de 30 dias. Ainda sobre o tempo de retenção das imagens é necessário destacar que a capacidade de armazenamento tem sofrido redução, tendo em vista a quantidade de imagens e a qualidade das imagens, que atualmente estão consumindo maior espaço de armazenamento, exigindo que o sistema seja reiniciado a cada 15 ou 20 dias", diz o documento.
Uma explicação similar foi dada pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que afirmou não ter mais imagens que possam comprovar o encontro de Delgatti com Bolsonaro, dada as limitações de armazenamento de imagens. “Nada obstante, o GSI aponta inviabilidade técnica para o atendimento da demanda”.
A reunião teria acontecido na manhã do dia 10 de agosto do ano passado, no Palácio da Alvorada. O ex-presidente admite ter se encontrado com o hacker, mas nega a versão dada por Delgatti em oitiva à CPMI. Ele afirmou a comissão que Bolsonaro questionou se, com código-fonte, seria possível invadir as urnas eletrônicas.
Na última sessão do colegiado, na quinta (31/8), o Ministério da Justiça e Segurança Pública foi outra pasta que alegou a prática de deletar vídeos após 30 dias. "As imagens encaminhadas à CPMI até o dia 30 de agosto referem-se aos registros considerados, pelas autoridades competentes [no caso, a Polícia Federal], importantes para instrução dos inquéritos, e que foram, portanto, preservados”, diz o documento assinado pelo secretário-executivo da pasta, Ricardo Cappelli.