Centenas de bolsonaristas se reuniram em frente ao Palácio da Liberdade, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, nesta quinta-feira de 7 de Setembro. Em contrastes com os anos anteriores de governo Bolsonaro (PL), quando milhares de pessoas vestiam verde e amarelo e ocupavam os espaços de um dos principais símbolos da capital mineira, um pequeno grupo trajou preto e se reuniu ao redor do palanque para pedir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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7 de Setembro: após desfile, Lula come jabuticaba plantada por eleSergio Moro culpa Lula por Dia da Independência esvaziadoMateus Simões diz que governo não se envolve em cassação de Gabriel AzevedoAna Moser diz ver 'abandono do esporte' com sua demissão de MinistérioOs manifestantes ainda lembraram dos últimos anos e destacaram que estariam vivendo “tempos perigosos”, com o risco de serem presos por se mobilizarem. Os organizadores classificaram o pequeno grupo como “corajosos” e afirmam que foram boicotados por outros bolsonaristas, chamados de “covardes”, incluindo políticos aliados ao ex-presidente.
Pelas redes sociais, alguns grupos incentivaram o boicote às manifestações de 7 de Setembro. Os populares criaram um movimento chamado de "fique em casa", fazendo referência ao termo usado durante a pandemia de COVID-19 e pregava o isolamento social na emergência sanitária. O boicote teria como motivação esvaziar as ruas em demonstração de insatisfação com as Forças Armadas e evitar que fossem confundidos com apoiadores de Lula.
A organização do movimento também estendeu faixas contra o presidente e os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), no entanto, Cristiano Reis nega que houve financiamento de empresários ou políticos. “Eles não conseguem entender como nos mobilizamos. Quem está patrocinando é o povo. Temos uma caixinha de doação feita do povo pelo povo. Aqui não tem político nenhum para ajudar, muito pelo contrário”, afirmou.
Em 2022, em plena corrida eleitoral, o ato reuniu nomes como o agora deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o estadual Bruno Engler (PL) e o senador Carlos Viana (Podemos). Hoje, já no nono mês de Lula no Palácio do Planalto, o ato careceu de representantes da classe política.
“Alguns políticos andaram nos procurando, mas nós falamos: ‘olha é o momento do povo resolver e ir para rua, não é momento de politicagem’. As pessoas têm muita dificuldade de entender isso. Essa pauta que estamos defendendo, o 'Fora, Lula', é uma pauta que nos custa muito caro”, exclamou Cristiano Reis.
Mesmo com a desmobilização, os representantes do bolsonarismo tiraram parte do dia para ironizar os atos da esquerda. Nikolas classificou como “clima de velório” e disse que, sem Bolsonaro, o 7 de Setembro não tem graça. Já Engler disse que “amor não enche arquibancada”.
Buzinaço e militares
O grupo ainda realizou um "buzinaço" na frente do Palácio da Liberdade. Durante todo o ato uma faixa estava estendida de frente para a avenida com os dizeres “Fora, Lula! Buzine”. Apesar da predominância de buzinas favoráveis ao movimento, também foi possível escutar palavras contra o ex-presidente Bolsonaro.
As pessoas que se reuniram em frente ao carro de som, tinham ao lado esquerdo uma bandeira de quase dois metros de altura, com a imagem de Lula encarcerado e roupas de presidiário. O grupo afirma que o governo petista seria ilegítimo, pois o presidente deveria estar preso desde 2018, quando foi condenado no âmbito da operação Lava Jato.
Alguns fizeram discursos mais efusivos quanto ao tema, acusando o governo de ser um “golpe do sistema judiciário”. Outros partiram para o as pautas ideológicas, dizendo que a atual gestão federal seria favorável do direito ao aborto, as invasões de terra e que estariam favorecendo a demarcação de terras índigenas em desfavor do agronegócio.
No entanto, chama atenção a falta de confiança nas Forças Armadas. Enquanto na Avenida Afonso Pena ocorria o tradicional desfile cívico militar, os manifestantes distribuíram melancia, um termo considerado pejorativo entre o oficialato. O verde da casca seria associado ao patriotismo e o vermelho seria uma referência ao comunismo.
"Essa também é uma manifestação melancia, porque é contra quem é verde por fora e vermelho por dentro", ironizou uma moça ao microfone, sob aplausos. Em seguida, também ovacionado, o rapaz citou o guru do ex-presidente, que morreu em janeiro de 2022: "Infelizmente, pessoal, Olavo de Carvalho estava certo quando falou: 'Os militares ainda v%u0101o bater continência para um comunista'".