O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH), Gabriel Azevedo (sem partido), nomeou nesta quinta-feira (7/9) o advogado e ex-presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues (Podemos), para o cargo de assessor técnico especializado do legislativo municipal.
O objetivo dessa nomeação seria abrir o diálogo com os próprios colegas e com a classe política. Ameaçado de cassação, Azevedo estaria isolado e sem acesso aos colegas vereadores e à classe política, que têm evitado dialogar com o presidente temendo ser gravada ou ter as conversas de bastidores reveladas publicamente. Azevedo também tem colecionado adversários devido ao seu comportamento, considerado “agressivo e brigão” pelos vereadores.
Na última segunda-feira, a CMBH abriu um processo de cassação do mandato de Azevedo acusado de abuso de autoridade e quebra de decoro. Um dos motivos desse pedido é o fato de o presidente da CMBH ter gravado uma conversa com o vereador Marcos Crispim e divulgado para a imprensa. Crispim acusa Azevedo de fraudar um processo de arquivamento de um pedido de cassação que o PDT protocolou contra o presidente da CMBH. Azevedo nega as acusações, mas admite que precisa melhorar o comportamento com os colegas e chegou a pedir desculpas em uma entrevista concedida logo após a abertura do seu processo de cassação pela Câmara.
Santos Rodrigues já defendeu dois ex-vereadores que sofreram processos de perda de mandato na CMBH: Wellington Magalhães, que foi cassado, e Leó Burguês, que renunciou antes de perder o mandato para não ficar inelegível. Ele também é próximo ao senador Rodigo Pacheco (PSD) do mesmo partido do prefeito Fuad Nomam. Desde que seu pedido de cassação começou a tramitar, Azevedo tenta se encontrar com o prefeito e já fez, sem sucesso, apelos nesse sentido.
Em nota enviada à imprensa, Azevedo informou que a função de Santos Rodrigues será acompanhar e fiscalizar contratos e destacou o currículo do nomeado. “Trata-se de um cargo de confiança, que exige um bom currículo. Ele é confiável e possui uma excelente qualificação”, respondeu o vereador ao ser questionado se a função do recém nomeado seria mesmo de fazer a interlocução com seus pares e com a classe política para barrar seu processo de cassação.
O pedido de perda de mandato tem que tramitar em até 90 dias. A relatora será a vereadora Professor Marli (PP), escolhida por sorteio para compor a comissão que vai analisar o pedido. A vereadora é mãe do secretário da Casa Civil, Marcelo Aro (PP), acusado por Azevedo de estar por trás de seu processo de cassação.