A agora ex-ministra do Esporte Ana Moser entende que sua demissão da pasta foi um “abandono do esporte”. A saída de Ana foi oficializada nessa quarta-feira (6) após reunião com o Presidente da República Lula (PT). O Deputado Federal André Fufuca (PP-MA) vai assumir o ministério.
“Foi uma decisão política. Pena pro esporte mesmo. É um abandono do esporte, mas faz parte da política”, disse a ex-ministra em entrevista para a CNN nesta quinta-feira (7).
A demissão foi considerada um movimento político por aliados do presidente e também pela oposição. Ana Moser foi uma das grandes apoiadoras de Lula na área do esporte durante o período eleitoral. Com a necessidade de atrair outros partidos para sua base parlamentar, a pasta do esporte foi utilizada na aproximação.
Durante a campanha, Lula chegou a dizer que, em seu governo, a pasta não seria utilizada como "moeda de troca". A nomeação de Fufuca sela a aliança entre o governo e o PP, partido do presidente da Câmara Arthur Lira, o que pode facilitar sua governabilidade.
As críticas ao presidente vieram de todos os lados. Em nota, a Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB) já havia criticado a possível demissão de Ana Moser do Ministério do Esporte e defendeu sua permanência na pasta.
“Lamentamos que, menos de um ano depois, em nome de uma pretensa governabilidade, o governo do presidente Lula possa vir a romper com seu discurso e promessas e, colocando o Ministério do Esporte na mesa de negociações políticas, aniquile toda e qualquer possibilidade de que a política de esporte que o Brasil precisa seja efetivamente implementada”, diz o texto.
O esporte não é moeda de troca. Nos sentimos envergonhados e desprestigiados, vendo que o esporte no Brasil continua sendo encarado como algo menor. A ministra Ana Moser tem o nosso apoio e o da comunidade esportiva para continuar avançando rumo às mudanças necessárias na estrutura da política pública de esporte do país, visando a democratização de seu acesso a todas as brasileiras e brasileiros”, completou a nota.
Criado por grandes nomes do esporte brasileiro, como Walter Casagrande, Raí e Joana Maranhão, o movimento “Esporte pela Democracia” também emitiu uma nota criticando a escolha.
“Antes da eleição para seu terceiro mandato, o então candidato Lula prometeu a esportistas, jornalistas, atletas e ex-atletas, em um evento presencial em São Paulo, que o Esporte seria tratado como uma Política de Estado em seu governo. Infelizmente, a demissão da Ministra Ana Moser diz o contrário. Ao abrir mão de Moser em nome da governabilidade, atendendo a pressões do que há de mais fisiológico na política brasileira, Lula dá um passo atrás e decepciona profundamente aquelas pessoas que ouviram dele, em alto e bom som, que poderiam acreditar e sonhar com um futuro melhor, no qual o Esporte seria um instrumento importante de inclusão e transformação social”, diz o comunicado.
A decisão também foi muito criticada nas redes sociais. Diversos internautas reclamaram da falta de tempo para Ana Moser apresentar um trabalho frente à pasta e da politização do Ministério do Esporte.
“A demissão da Ministra Ana Moser é a constatação pura e simples da pouca importância, histórica, de nossos governantes para o Esporte. Uma medalhista olímpica, que representa o segmento, ser trocada em prol da "governabilidade" mostra bem isso”, disse Marco Antônio Laporta, chefe Chefe de Missão do Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Tokyo em 2021.
A demissão da Ministra Ana Moser é a constatação pura e simples da pouca importância, histórica, de nossos governantes para o Esporte. Uma medalhista olímpica, que representa o segmento, ser trocada em prol da "governabilidade" mostra bem isso.
%u2014 Marco Antônio La Porta (@MarcoLaPortaJr) September 7, 2023
“Péssima escolha a troca de Ana Moser por Fufuca. Perde o esporte e o Brasil. Ana foi aliada de primeira hora na luta pela democracia e sua escolha como ministra foi reconhecimento por seu papel na luta pelo esporte como ferramenta de desenvolvimento social. Triste noticia”, disse outro internauta.