A campanha para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indique uma mulher negra para ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) chegou à reunião da cúpula do G20, em Nova Deli, capital da Índia.
Outdoors instalados por movimentos sociais e entidades brasileiras em defesa da indicação de uma mulher negra e progressista para a vaga que será aberta com a aposentadoria da ministra Rosa Weber foram instalados na principal via de saída do aeroporto por onde passarão autoridades do mundo inteiro, entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desembarcou ontem na capital da Índia para participar da reunião da cúpula do G20.
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Para participar, basta acessar o site www.ministranegranostf.com.br/ e informar nome, sobrenome, endereço de e-mail e estado de origem, que a mensagem é enviada automaticamente para a secretaria da Presidência da República.
“A ausência total de nossa participação no STF é flagrante dado histórico e isso se dá independente das nossas carreiras, dos nossos currículos, títulos, premiações, publicações, trajetórias ou relevantes contribuições sociais. Parece que, em se tratando de tribunais superiores, nada que juristas negras sejam ou façam nos habilita à sua composição. O Brasil está perdendo uma singular e extraordinária potência chamada a ocupar um assento no seu maior tribunal, que é o STF. Estamos, também, atentas à lista tríplice que o STF enviou ao Lula, que contempla uma jurista negra , Vera Lúcia Araújo, pela segunda vez consecutiva. Que Lula nos enxergue, nos ouça, nos leia e nos nomeie, que acredite em nós”, afirma Maíra Vida, da Coalizão Negra por Direitos, uma das entidades integrantes da campanha.
A campanha já conta com adesões importantes como a da ministra Carmem Lúcia, segunda mulher a assumir uma cadeira no STF, que defendeu em entrevista a revista Marie Claire. Para a ministra, já passou da hora do STF ter uma ministra negra. “Você vê que vem desde muito o preconceito cortando vidas profissionais que poderiam trazer um enorme benefício para a sociedade brasileira. E temos juízas e desembargadoras negras competentíssimas. Não há, portanto, razão para que não haja uma mulher negra no STF”, defendeu a ministra.
Só brancos
Em 132 anos de existência, as cadeiras de ministros do Supremo foram ocupadas ao longo desse período por 171 pessoas, sendo que apenas três eram mulheres (todas brancas) e três negros (todos homens). "Precisamos ser muitas e muitos, levando a voz do povo para pesar na decisão final: queremos uma ministra negra e progressista no STF em outubro. Essa escolha é essencial para avançar na necessária transformação do sistema de justiça brasileiro", destacam as entidades.
A campanha é organizada pelas organizações Coalizão Negra por Direitos, DeFEMde, Geledés, Girl Up Brasil, Lamparina, Instituto da Advocacia Negra Brasileira, Instituto de Defesa da População Negra, Instituto de Referência Negra Peregum, Instituto Marielle Franco, Juristas Negras, Movimento da Advocacia Trabalhista Independente, Movimento Negro Evangélico, Mulheres Negras Decidem, Nossas, OAB tá On, Observatório da Branquitude, Perifa Connection e Utopia Negra Amapaense.