O ex-deputado federal Roberto Freire deixou a presidência do Cidadania, partido do qual estava no comando há 31 anos. A saída ocorre após disputa entre a direção da sigla sobre aderir ou não à base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso Nacional. Freire era contrário à ideia, mas a maioria dos diretores aprovou a medida.
Em nota enviada à Executiva Nacional do partido no domingo (10/9), Freire frisou que sua saída é "irrevogável", e disse ter sido fiel aos seus princípios e aos do partido. Ele foi afastado da direção do Cidadania, pela própria sigla, no sábado (9).
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O atual Cidadania surgiu do antigo PCB, conhecido como "partidão", do qual Freire era integrante. Ele chegou a concorrer a presidente da República pelo PCB em 1989, primeira eleição presidencial direta após a redemocratização.
Em 1992, uma ala do PCB se desfiliou e criou o Partido Popular Socialista (PPS), que foi presidido por Roberto Freire, e que passou a se chamar Cidadania em 2019.
"Fui leal aos meus princípios, aos princípios do partido e à nossa história que, espero, não consigam desonrar. Aos amigos e companheiros leais de luta, que se somaram a mim nesse esforço, meu respeito e minha gratidão", declarou o ex-presidente da legenda.
Discussão evidenciou crise
O novo presidente é Plínio Comte Bittencourt, que liderava o diretório do Rio de Janeiro do Cidadania. O racha dentro da legenda se acirrou após uma reunião virtual em 19 de agosto. O encontro foi marcado por xingamentos e discussões acaloradas entre Freire, aliados e os demais diretores do partido.
Freire acusou outros integrantes da cúpula de tentarem dar um golpe para afastá-lo do comando e se juntar ao governo Lula. No encontro, os diretores decidiram, por 13 votos a 11, reestruturar a executiva nacional por meio de eleição entre os membros do diretório nacional. Freire, porém, criticou que apenas o diretório foi convocado, e não todos os membros do Cidadania.
O partido, hoje, tem apenas cinco deputados federais eleitos, mas integra federação com o PSDB para um total de 18. Freire era contra a adesão ao governo, e defendia que a federação fosse ampliada com uma aliança com o MDB e com o Podemos, o que foi rejeitado pela diretoria.