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Estado de Minas BRASILIA

Lula dá posse a novos ministros em cerimônia envergonhada e irrita centrão

O evento não aparecia na agenda oficial do presidente como uma cerimônia de posse e seus assessores tratavam a todo o momento apenas como uma "reunião"


13/09/2023 11:25 - atualizado 13/09/2023 12:35
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Presidente Lula, de terno escuro e expressão séria em frente a uma bandeira do Brasil
Até momentos antes da cerimônia, o Palácio do Planalto ainda vinha tratando o evento de posse dos novos ministros como uma reunião (foto: Sajjad HUSSAIN / AFP)


O presidente Lula (PT) decidiu empossar na manhã desta quarta-feira (13) os novos ministros de seu governo, após uma arrastada reforma ministerial que abriu espaço para a consolidação do centrão no Executivo.


A posse de Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) e André Fufuca (Esportes) ocorre em uma cerimônia restrita e fechada no gabinete do presidente, no Palácio do Planalto. No mesmo evento será nomeado Márcio França, que foi remanejado para a nova pasta da Pequena e Média Empresa. O evento não aparecia na agenda oficial do presidente como uma cerimônia de posse e seus assessores tratavam a todo o momento apenas como uma "reunião".


O ato contrasta com os eventos com presença de autoridades, parlamentares e discursos para marcar a nomeação de ministros do governo, como a posse do último ministro que havia entrado no governo, o titular do turismo Celso Sabino —também indicado pelo centrão.


A cerimônia de Sabino foi no salão nobre do Planalto, contando com a presença de alguns dos principais representantes da classe política, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A cerimônia tímida irritou uma ala do centrão, que já criticava a negociação arrastada dessa reforma ministerial para abrir espaço para o PP e o Republicanos no primeiro escalão da Esplanada dos Ministérios.


Integrantes do grupo partidário dizem que a ausência de um evento de posse nos salões do Palácio do Planalto mostra o desprestígio que o presidente tem dado ao ingresso dos novos ministros do PP e do Republicanos.


Esse é um novo fator que aliados de Lira citam ao questionar se a posse dos novos ministros terá um efeito na ampliação da base do presidente Lula na Câmara dos Deputados.


Até momentos antes da cerimônia, o Palácio do Planalto ainda vinha tratando o evento como uma reunião, sem informar se seriam assinados os termos de posse. No entanto, alguns convidados, com roupas de festa, começaram a chegar ao palácio e informavam que iriam acompanhar a posse. Silvio Costa Filho e Fufuca participarão à tarde das cerimônias de transmissão de cargo, em seus respectivos ministérios.


O líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB), confirmou que se tratava de uma "posse mais fechada", em uma cerimônia apenas no gabinete de Lula e para poucas pessoas. Disse que "não incomoda de maneira nenhuma" essa situação. "A bancada está muito tranquila [com a posse discreta], até porque o convite foi feito para a transmissão do cargo, hoje à tarde, às 15h. Então essa posse [no gabinete] é uma posse mais fechada, com a participação apenas dos familiares do ministro, com o presidente da República. E eu, enquanto líder da bancada, fui convidado para aqui representar nossos deputados e deputadas", afirmou. 

 


Lula concluiu no dia 6 a primeira grande reforma ministerial de seu governo, para abrir espaço para o bloco político centrão. O objetivo é aumentar a sua base de apoio no Congresso Nacional e avançar com mais facilidade as propostas de seu interesse.


Para acomodar os novos ministros, Lula demitiu a então titular dos Esportes, Ana Moser, ex-atleta olímpica, militante da área e apoiadora de primeira hora do petista. O outro atingido pela reforma foi Márcio França, que foi retirado da pasta dos Portos e Aeroportos para assumir o novo ministério das Pequenas e Médias Empresas. A nova estrutura foi anunciada pelo presidente durante as negociações da reforma ministerial.

Durante sua tradicional transmissão semanal, o Conversas com o Presidente, na semana passada, Lula disse que é "sempre muito difícil" demitir um ministro para atender um acordo político. No entanto, precisava construir uma base forte no Congresso Nacional.


"É sempre muito difícil você chamar alguém e falar: 'olha, preciso do ministério porque fiz um acordo com o partido político e preciso atender'. Mas essa é a política. O governo tem propostas importantes para passar no Congresso Nacional", afirmou.


O anúncio dos novos ministros do governo já havia sido marcado por uma discrição extrema e mesmo a ausência de gestos públicos do presidente. Fufuca e Silvio Costa Filho foram anunciados por meio de uma breve nota da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), que também tratava do remanejamento de Márcio França.


Pouco depois, a mesma Secom divulgou uma foto dos novos ministros ao lado do ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Lula não apareceu em nenhuma imagem ao lado dos novos integrantes de seu governo, com quem havia se reunido no Palácio da Alvorada momentos antes do anúncio oficial.


A primeira troca de ministros do governo Lula também se deu com bastante discrição, com apenas a assinatura do termo de posse e uma foto protocolar. No entanto, o contexto político era diferente.


Marcos Antonio Amaro assumiu o Gabinete de Segurança Institucional em maio deste ano, substituindo Gonçalves Dias, que havia sido demitido após o vazamento de imagens do circuito interno do Planalto que mostravam dentro do palácio no dia da invasão do 8 de janeiro, além de certa leniência de alguns integrantes do órgão com os manifestantes.


O governo, portanto, não queria fazer alarde com a troca no órgão, que estava sob suspeita de conivência com os manifestantes golpistas.

Meses depois, Lula demitiu a aliada Daniela Carneiro do Ministério do Turismo, após a União Brasil reivindicar o posto. Isso porque a então ministra se desligou da legenda, que a passou a tratá-la como indicação pessoal de Lula e não do partido.


A posse do seu substituto, Celso Sabino, por outro lado, foi marcada por uma grande cerimônia no Palácio do Planalto, com a presença de ministros, lideranças do governo no Congresso, parlamentares, incluindo Lira.


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