Em entrevista da série "EM Minas", transmitida pela TV Alterosa no sábado (16/9) e publicada na íntegra pelo Estado de Minas no domingo (17/9), o governador Romeu Zema (Novo) disparou críticas à gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele afirmou que o atual governo federal não tem 'responsabilidade' com os gastos e avaliou que a economia do país estaria em melhor situação se Jair Bolsonaro (PL) fosse reeleito no ano passado. O comentário resultou em críticas por parte de petistas a Zema.
"Em termos de economia, eu diria que nós teríamos caminhado num sentido melhor (se Bolsonaro fosse reeleito), já que não estaria se falando em aumentar impostos como este governo está falando. (...) O que nós precisamos no Brasil é de um governo federal que fale: 'Eu vou economizar, vou acabar com privilégios, vou fazer a máquina pública ficar mais eficiente, ter menos cargos, ter menos desperdício'. E isso, hora nenhuma, estamos vendo. Muito pelo contrário. Acho que somos, se não me engano, o país do mundo que mais tem ministérios, 38 ou 39, e na minha opinião totalmente desnecessários. Minas Gerais hoje é o estado que tem menos secretarias no Brasil, 14, e opera bem. Quando você tem gente demais é igual ter três dentistas tratando do seu dente: um vai ficar empurrando ao outro para resolver o problema que você tem na sua boca", disse Romeu Zema.
Para o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), as críticas do governador de Minas Gerais são "incoerentes". Ele avalia que Zema tem feito uma gestão para ricos e se incomoda com as políticas públicas propostas pelo governo federal. "Só fala em privatizar, nunca em melhorar a vida do povo", declarou em entrevista ao Estado de Minas.
"O que ele faz aqui em Minas Gerais? Alivia para os amigos [empresários] dele e conta fica para o povo, que fica sem investimento. É o governo Zema, o governo dos ricos. Lá em Brasília [no Congresso Nacional], o Novo sempre vota contra os trabalhadores e sempre a favor dos ricos", disparou.
Correia também afirmou que a gestão do governo Lula prioriza o papel do Estado em ações públicas para a população, como nas áreas da educação, saúde, segurança pública e assistência social, entre outras.
Minas Gerais cresceu 3% do PIB mineiro, mas foram políticas do governo federal, não dele. O Brasil inteiro cresceu este ano", completou.
"É preciso que o Estado tenha uma arrecadação que seja conveniente com o tamanho do país, com o estado de Minas Gerais, que possa, nesse sentido, colocar à disposição da população um serviço público de qualidade, incluindo aí também obras de estrutura. Sem a presença do Estado o país não cresce, não se desenvolve, fica menor, que foi o que aconteceu no governo Bolsonaro e que aconteceu em Minas", disse. "Ele [Zema] está comemorando agora que 'Marketing político'
A deputada Beatriz Cerqueira (PT), do Bloco Democracia e Luta, afirma que o governo Zema vive de "marketing político" e propõe poucas ações em prol da população. Para ela, Zema se sente incomodado com o governo federal, pois Lula tem buscado colocar o "pobre no orçamento", enquanto ele tem "governado para os ricos".
"É um governo dos privilégios. Vive desconectado da realidade e com práticas que também são contraditórias, né?", disse a deputada citando as principais agendas do governo Zema em Minas Gerais neste ano, como o reajuste salarial para todo o primeiro escalão do Executivo, a Reforma Administrativa do estado e a concessão de benefícios às locadoras de veículos.
"Estado não é para economizar. O Zema confunde a função do Estado com a função de uma empresa. A função do estado é prover políticas públicas de excelência com qualidade. O que melhorou de serviços públicos em Minas Gerais aqui nos últimos cinco anos? A gente luta para que os serviços públicos aqui não acabem e não se tornem privados, ou seja, fonte de lucro do grupo de amigos do governador. O Zema tem um incômodo quando vê pobre no Orçamento", opinou Beatriz Cerqueira em entrevista ao Estado de Minas.
'Tudo tem hora. É hora de governar'
Vice-líder do governo Lula no Congresso Nacional, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) acredita que o governador Romeu Zema tem que "mudar de postura". Na avaliação do parlamentar, Zema está fazendo do governo um palanque político para seus projetos pessoais e, consequentemente, prejudicando os mineiros.
"Há tempo para tudo. Agora é tempo de governar. Ele tem a responsabilidade de governar o futuro de Minas nesses próximos quatro anos. Ele quer fazer do governo um palanque para os projetos pessoais, prejudicando todos os mineiros, isolando Minas mais uma vez", disse Reginaldo ao EM.
"Independentemente da postura dele de buscar isolar o estado, nós não vamos permitir. Muito pelo contrário, nós queremos cada vez mais assumir a responsabilidade de estar governando o Brasil junto com o presidente Lula e buscando enfrentar todos os principais gargalos de Minas, pois, de certa forma, no passado, o governo teve muita dificuldade também, porque o Aécio Neves tinha a mesma postura que Zema tem. Em vez de buscar a integração e parceria para resolver as principais demandas de Minas, se preocupava com a candidatura à Presidência da República", completou.