Um dia após o discurso de abertura na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou na tarde desta quarta-feira (20/9) com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com quem lançou uma iniciativa global para promoção do trabalho decente intitulado de "Coalizão Global pelo Trabalho".
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"Espero que a relação Estados Unidos e Brasil seja aperfeiçoada e que a gente se trate e se comporte como amigos em busca de um objetivo comum: desenvolvimento e melhoria de vida do povo", apontou.
O petista também fez afagos a Biden, afirmando que o mesmo é o presidente americano que mais defende os interesses dos trabalhadores.
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"Acompanhei o seu discurso de posse e outros também e eu nunca tinha visto um presidente americano falar tanto e tão bem dos trabalhadores como o senhor falou. Isso foi referendado para mim pelas centrais sindicais italianas, americanas e eles afirmaram que era o presidente que mais defendia os interesses dos trabalhadores. E essa é uma combinação perfeita porque eu venho do mundo do trabalho e eu acho que o trabalho está muito precarizado, o salário está muito aviltado. Cada vez mais os trabalhadores trabalham mais e ganham menos. E essa sua ideia de apresentar uma proposta que começa a ser discutida e poderá ir até o G20 é muito importante para o Brasil, para os EUA e para o mundo".
"É uma satisfação ter um encontro com o governo dos Estados Unidos para falar dessa parceria na defesa dos direitos trabalhistas. Um momento da geopolítica em que as oportunidades estão se fechando e os setores extremistas tentam interditar as portas do debate político.
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Essa é uma iniciativa de um plano de trabalho para que a gente possa oferecer aos nossos jovens uma proposta de trabalho digno. Em um momento de salários baixos e precarizados. É uma iniciativa muito importante para o mundo", pontuou.
Citando 'a volta da democracia no Brasil' em alusão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula destacou ter recomposto alianças políticas e citou a agenda futura do Brasil que será anfitrião do Brics, do G20 e da COP 30.
"Há uma coisa muito importante que está acontecendo nesse instante político no mundo. Nós voltamos a democracia no Brasil, recompusemos todas as alianças políticas que tínhamos que construir, vamos presidir o Brics em 2025, vamos fazer o G20 em 2024, vamos fazer a COP 30 em 2025 e tudo isso a gente pode fazer compartilhado com o governo americano. Então é muito importante que a gente possa trabalhar junto".
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"É muito importante que os Estados Unidos veja o que está acontecendo no Brasil nesse momento histórico de transição ecológica de mudança de matriz energética, o potencial que nosso país tem de investimento eólico, em biomassa, biodiesel, em etanol, hidrogênio verde. Ou seja, é uma perspectiva de trabalho conjunto excepcional entre Brasil e EUA", acrescentou.
E reiterou que o encontro com Biden é mais que uma bilateral e simboliza "o renascer de um novo tempo na relação EUA e Brasil" e "um momento de ouro".
"Uma relação de iguais, uma relação soberana, mas uma relação de interesses comuns em benefício do povo trabalhador do seu país e do meu. É um momento de ouro para nós. As oportunidade que estão colocadas o despertar de um sonhos para os meninos de 18 anos, essa juventude que não tem perspectiva".
"Acho que esse gesto nosso pode ser uma esperança para que as pessoas comecem a acreditar que realmente é possível criar um outro mundo. Um mundo mais justo, mais fraterno e solidário em que a humanidade volte a ser humanista. No Brasil, a gente costuma dizer que é preciso fazer com que a esperança vença o medo. Esse gesto é um despertar de esperança para milhões e milhões de brasileiros e americanos que precisam ter a oportunidade de vencer na vida, de trabalhar", continuou.
Lula disse ainda que ao olhar a geopolítica mundial "a democracia cada vez mais corre mais perigo" por conta da negação da política que tem feito com que setores extremistas assumam posições de destaque, citando como exemplo o Brasil e Argentina.
"Acho que é um momento histórico exemplar. Quando olhamos a geopolítica do mundo, percebemos que as oportunidades estão cada vez se fechando e a democracia cada vez mais corre mais perigo porque a negação da política tem feito com que setores extremistas tentem ocupar o espaço, em função da negação da política no mundo inteiro. Isso já aconteceu no Brasil, está acontecendo na Argentina e tem acontecido em vários outros países", emendou.
O chefe do Executivo brasileiro também falou sobre desigualdade no mundo.
"Sempre estamos tentando convencer as pessoas que, quanto menos pobre existir na humanidade, melhor ainda será para os ricos. A pobreza e a desigualdade não interessam a ninguém", concluiu.
Ucrânia
Lula ainda terá seu primeiro encontro presencial com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Em março, os líderes chegaram a conversar por telefone. Já em maio, ensaiaram um encontro durante a cúpula do G7 no Japão, mas após problemas de agendas, a conversa não ocorreu. Na época, o governo brasileiro alegou ter oferecido dois horários para o líder ucraniano, mas ele não compareceu.
Já a Ucrânia, alegou que a equipe de Lula demorou a responder sobre a disponibilidade para o encontro e quando respondeu, Zelensky já tinha outros compromissos. Após o desencontro, Zelensky teceu declarações polêmicas, como quando disse que Lula repetiu as falas do presidente russo, Vladimir Putin.
O encontro entre ambos ocorre também após Lula ter dito que Putin não seria preso se viesse ao Brasil para a reunião do G20, embora tenha uma ordem de prisão por crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual o Brasil é signatário. Depois, o presidente recuou da declaração, mas afirmou não saber qual a serventia do TPI e que estudaria a razão pela qual o país assinou o tratado.
Por outro lado, Lula tem defendido a criação do que chama de "clube da paz", que negocie o fim da guerra no Leste europeu que já dura um ano e meio. O presidente brasileiro retorna ao Brasil na noite desta quarta-feira (21/9).