O prefeito Fuad Noman (PSD) foi o convidado da vez no “EM Minas”, programa da TV Alterosa, Estado de Minas e Portal UAI. Durante a conversa, o chefe do poder Executivo de Belo Horizonte afirmou que ainda é cedo para falar em eleições, mas não descartou uma candidatura à reeleição no pleito municipal de 2024. “Ainda não decidi. Eu tenho muita coisa para fazer na cidade, muitas obras e fico pensando que, se eu começar a pensar em política e campanha, eu não vou governar”, ressalta.
Entre os principais focos do momento, Fuad cita o forte período chuvoso belo-horizontino. Segundo o prefeito, já foram empenhados cerca de R$ 1 bilhão em recursos para obras no combate às enchentes e ao risco geológico. Para ele, é preciso mudar o sentimento de apreensão que chega com a intensidade das chuvas. “Queremos que as pessoas passem a enxergar a chuva como benção de Deus, não como um temor”, disse.
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O Legislativo passa por um período de turbulência após o seu presidente, o vereador Gabriel Azevedo (Sem partido), ser alvo de um processo de cassação por abuso de poder. A disputa estava travando os trabalhos e motivou um acordo com o Executivo para que, nos próximos dias, as matérias de interesse da cidade, como o piso da enfermagem e verbas para a Cultura, sejam apreciadas.
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Na entrevista exclusiva ao jornalista Benny Cohen, Fuad também destacou a imediata acolhida que recebeu das demandas de Belo Horizonte que encaminhou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e definiu como harmônica a sua relação com o governador Romeu Zema (Novo), o primeiro entrevistado do “EM Minas”.
Para o prefeito, o novo bairro que está para nascer na área do Aeroporto Carlos Prates será um marco para a capital. Ele apontou como um de seus maiores desafios a solução para os problemas recorrentes que envolvem o Anel Rodoviário. Leia, a seguir, esses e outros pontos do “EM Minas” com Fuad Noman. A entrevista é transmitida todo sábado pela TV Alterosa e publicada aos domingos no Estado de Minas. A íntegra está disponível no canal do YouTube do Portal UAI.
Temporada chuvosa
“A temporada de chuva tem sido muito preocupante. Belo Horizonte foi vítima, em 2020, de uma catástrofe que praticamente destruiu a cidade. Nós estamos trabalhando muito forte no combate às enchentes, no combate ao risco geológico. Só para você ter uma ideia, nós hoje temos concluídas e em andamento quase 20 ações em bacias, contenção de cheias. Gastamos já cerca de R$ 1 bilhão nesses projetos. Ou seja, a chuva quando ataca Belo Horizonte ela acaba sendo motivo de grande preocupação. As pessoas pensam o seguinte: 'Chuva, eu não vou ficar em casa. Vou ter problemas. Vou perder meus bens'. Nós queremos mudar esse conceito. Queremos que as pessoas passem a enxergar a chuva como benção de Deus, não como um temor.”
Revitalização do Centro
“Começamos o projeto reunindo toda a comunidade interessada: arquitetos, urbanistas, associação comercial, empresários da região do hipercentro, todo mundo. Sentamos em uma grande mesa e falamos: ‘Queremos fazer isso aqui’ e todo mundo teve oportunidade de dar sugestões. Logicamente, nunca um projeto agrada a todos, mas eu acho que a reação tem sido relativamente positiva. Até o final do ano, estaremos lançando um conjunto muito grande de obras para o Centro. Afonso Pena toda revitalizada, melhora no policiamento e segurança da região, iluminação. Estamos recuperando as praças.
Estamos em uma campanha muito grande para fazer um ‘retrofit’ nesses espaços (edifícios abandonados). Encaminhamos para a Câmara dos Vereadores um Projeto de Lei (PL) que cria incentivos para que as pessoas possam reativar. O grande objetivo é trazer pessoas para morar no Centro de Belo Horizonte, isso é fundamental. Para isso, nós precisamos de moradia que podem ser construídas dentro desses edifícios que estão prontos e estão abandonados. Por outro lado, estamos pedindo ao governo federal alguns prédios para que nós mesmos possamos fazer um retrofit. Esse é um projeto um pouco mais longo, porque é uma obra um pouco mais complexa, mas está dentro do programa e nós vamos fazer. Se Deus quiser, esses prédios viram moradia.”
Anel Rodoviário
“O Anel Rodoviário é um desafio grande para Belo Horizonte, talvez o maior problema que temos. Fizemos no ano passado uma área de escape que já evitou 22 acidentes claramente com mortes, mas o problema maior é estrutural. São os viadutos que de alguma forma inibem o fluxo dos veículos e estamos brigando com isso há 20 anos. Tivemos agora o PAC-3 (Programa de Aceleração do Crescimento) e nele nós conseguimos colocar recursos para fazer projetos e a obra de oito viadutos. A promessa é que o primeiro viaduto que tivesse projeto pronto já viria o dinheiro. Nós já temos o que pega a BR-040, a saída para Brasília e a saída que vai para a Via Expressa, isso custa R$ 62 milhões. Nossa expectativa é que o presidente Lula possa trazer o convênio para assinarmos, recebendo os recursos para fazer esses viadutos.
O Anel Rodoviário é um problema muito sério. Está aí há mais de 60 anos sem nenhuma obra, e o trânsito cresceu demais. Aquilo virou uma grande avenida, e, mais do que uma avenida, é uma estrada que liga o Sul e o Sudeste ao Norte, Nordeste e Centro-Oeste. É um grande esforço que nós vamos fazer para tirar os pontos de estrangulamento da pista, mas ainda tem muita coisa para fazer e eu espero que tão logo esses viadutos estejam concluídos nós possamos fazer novas áreas de saída, aumentar um pouco algumas pistas, mas eu diria que isso é coisa para outros governos.”
Aeroporto Carlos Prates
“Nós vamos criar um novo bairro. Moradias populares e moradias para classe média, um grande parque, uma área de esporte e lazer para aquela comunidade, comércio e equipamentos públicos, UPA, posto de saúde, escolas. Vamos revigorar aquela região do Carlos Prates, do Jardim Montanhês, porque ali é uma área muito carente de serviços públicos e nós vamos aproveitar essa oportunidade de uma área imensa. Preciso deixar claro que não foi o prefeito que fechou o aeroporto. Quem fechou o aeroporto foi o governo federal, eu só aproveitei e o terreno vai ser usado para virar moradia para pessoas carentes. Acredito que ele vai ser um marco para Belo Horizonte. Graças a Deus eu sou o prefeito neste momento e vou poder deixar isso como legado.”
Lula e Zema
“Estamos sendo muito bem recebidos pelo governo Lula. BH tem recebido toda a atenção. Temos conversado com vários ministros, cada vez que vou a Brasília falo com dois, três, quatro ministros às vezes. Todos eles muito atentos aos problemas de Belo Horizonte. Vejo ele como um presidente lutando para fazer uma maioria na Câmara e com isso tendo algumas dificuldades, o que é natural. Mas avalio que o presidente está caminhando muito bem, se posicionando muito bem no exterior, então, não tenho nenhuma crítica a fazer, pelo contrário tenho que aplaudir.
Em relação ao governo Zema, nossa relação é muito positiva. Ele, no princípio, tinha mais dificuldades com recursos, mas agora tem feito algumas liberações para Belo Horizonte. Nós estamos em um momento de harmonia com os outros poderes, com o Estado e o governo federal. Questão política é questão política, nós temos que administrar a cidade, estado, país, em função das pessoas, em função da população.”
Câmara Municipal
“O fato de a Câmara não aprovar nada, não colocar nada em votação, prejudica a cidade. Eu acabei de falar do retrofit, que o projeto está lá e não anda. Nós fizemos alguns outros projetos, por exemplo, uma reforma administrativa que a gente gostaria de fazer e que não anda. Espero que ela resolva seus problemas internos e volte a suas funções porque a cidade precisa que a Câmara avance e não pode ficar parada, disputando questões internadas em prejuízo da cidade. Eu não estou interferindo, porque acho que o problema na Câmara é um problema interno corporis. Estou afastado porque não faz parte da nossa competência intervir na Câmara, mas torço para que resolvam rapidamente.”
Mobilidade entre municípios
“Nós temos uma agência metropolitana que em tese deveria estar fazendo esse trabalho. A gente tem pouca articulação nesse sentido. Temos feito alguns trabalhos junto com a prefeita de Contagem nessa situação. Estamos trabalhando na parte da Avenida Amazonas, acabamos de assinar um contrato com o Banco Mundial para fazer o corredor da Amazonas, para que a gente possa tentar melhorar. Ali precisa de uma integração muito grande porque a Amazonas vai até um pedaço e depois vira outra avenida, já de Contagem, e aí tem que ter integração dos ônibus. Acho que cada um está muito preocupado com seu próprio problema e a interligação é muito difícil.”
Passagem de ônibus
“Primeiro lugar, tem que tirar esse nome do subsídio. Na realidade, o que nós estamos fazendo é uma complementação de passagem. Se eu não fizesse essa complementação, a passagem tinha que ser R$ 7 ou R$ 8. Nós estamos mantendo ainda a R$ 4,50, e a prefeitura complementa esse custo. O que foi combinado, e está no decreto, foi que nós tínhamos esse segundo semestre de 2023 para nos ajustar e adaptar. As empresas precisam comprar 400, 500 ônibus. O ônibus não está na prateleira para vender, tem que mandar fazer e costuma demorar. Estamos fazendo uma transição até o fim do ano e nós esperamos que essa coisa toda tenha sido resolvida.
Nós estamos prevendo no ano que vem, novamente no Orçamento, uma complementação de passagem. Temos que avaliar como é que foi este semestre, porque é um grande projeto piloto de funcionamento. Nós vamos ver os custos que estão correndo, a capacidade da prefeitura de pagar, como é que a tarifa se posiciona e aí vamos tomar uma decisão. O Orçamento já prevê, mas ainda não sabemos se será o suficiente.”
Cultura
“Estamos muito atentos à questão cultural em Belo Horizonte. Temos feito uma série de facilidades e a Secretaria de Cultura tem aberto várias frentes. Começando falando do carnaval, que tivemos um sucesso muito grande. Nós temos a festa junina, que foi um espetáculo, uma virada cultural, que foi outro modelo de muito sucesso. O esforço que nós temos feito na área cultural é trazer de volta todo aquele pessoal que trabalhava em cultura e foi afastado pela pandemia. Hoje, você está tendo dificuldade de contratar por excesso de eventos. Nós temos autorizado mais de 100 eventos por mês, eventos de todo tipo. Eu acredito que estejamos no momento mais relevante do incentivo à cultura de Belo Horizonte.”
Eleição 2024
“Ainda não decidi (ser candidato à reeleição). Eu tenho muita coisa para fazer na cidade, muitas obras e fico pensando que se eu começar a pensar em política e campanha eu não vou governar. Então, vou pensar isso no início do ano que vem, ou no final deste. Eu não estou descartando, mas não estou assegurando. Preciso chegar no fim do ano, por exemplo, e avaliar como está a possibilidade, as perspectivas, e avaliar meu interesse pessoal, minha situação familiar e aí tomar uma decisão. Não estou com pressa.
Estou muito bem no PSD, não tenho nenhum problema. O presidente nacional, secretário geral, presidentes estaduais, municipais, todos me acolhem com muita cortesia. Tem um ou outro parlamentar que não gosta da gente, mas isso faz parte e eles não fazem parte do comando do partido. Tive uma conversa muito boa com o presidente (Gilberto) Kassab há pouco tempo e ele foi muito cortês comigo. Vivo conversando com o presidente Cássio (Soares) aqui. Então, não tenho motivo nenhum para sair, muito embora tenham convites de outros partidos para ir, mas prefiro continuar no PSD.”