Brasília - O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou ontem que não há “constrangimento” na convocação de militares pela CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro, e defendeu o depoimento do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier. Múcio foi consultado sobre o tema pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) às vésperas do depoimento do general bolsonarista Augusto Heleno. A base governista também espera aprovar a convocação de Garnier.
“Antes que ele falasse qualquer nome [para ser convocado], dissemos que não só não temos [nenhum constrangimento] como, se tivéssemos, não poderíamos dizer. Porque estaríamos dando provas de que nós temos algum tipo de preocupação que não temos”, afirmou o ministro. Garnier deve ser convocado pela CPI para explicar o suposto aval a um plano golpista de Jair Bolsonaro (PL) após a vitória do presidente Lula (PT). A informação foi dada pelo ex-ajudante de ordens Mauro Cid à Polícia Federal no âmbito do acordo de delação premiada.
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“Conversei com o comandante [da Marinha], nós lamentamos. A Marinha lamenta que é mais um envolvido, mas tem consciência de que precisa do depoimento dele para que os fatos sejam esclarecidos”, disse Múcio. Apesar da declaração do ministro, parlamentares da base admitem que, até a delação de Cid, integrantes do Ministério da Defesa e das Forças Armadas pediam que a CPI evitasse a convocação de militares da ativa e deixasse a investigação para a PF.
Em julho, após o depoimento de Cid, Múcio também disse que não via problemas na decisão do militar de prestar depoimento fardado. Lula, por outro lado, ficou irritado com a situação e não escondeu seu descontentamento. Além de Heleno e Garnier, a CPMI do 8 de janeiro espera ouvir o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil de Bolsonaro e candidato à vice-presidente nas eleições passadas. Braga Netto também foi responsável pela intervenção na segurança do Rio de Janeiro, em 2018.