Jornal Estado de Minas

ATOS ANTIDEMOCRÁTICOS

General Heleno para Duda Salabert: 'Processo o senhor e coloco na cadeia'


O general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Jair Bolsonaro (PL), se irritou com as falas da deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, nesta terça-feira (26/9).





Na ocasião, ela rebateu uma fala em que o militar insinuava que os parlamentares tentavam comprometê-lo durante o depoimento. Duda afirmou que a própria biografia do general o compromete e citou uma série de ações dele, enquanto comandante de tropas na ativa, classificando Heleno como “restos da ditadura”.

“Na verdade, a sua biografia já o compromete. Para quem não sabe, quem é o general Heleno, quatro tópicos da sua biografia. O senhor disse que a ditadura salvou o Brasil, um dos momentos mais sombrios da história moderna do país. O senhor coordenou a operação Punho de Ferro no Haiti, que resultou no massacre em um bairro pobre de dezenas de crianças e mulheres”, disse.

Augusto Heleno então interrompeu a deputada mineira e disse que as afirmativas eram mentirosas. “Isso que estão falando do Haiti sobre a minha pessoa é uma mentira deslavada de parte da imprensa, que me acusou de genocida. Eu saí do Haiti quatro meses depois do meu contrato com a ONU terminar exatamente porque o secretário-geral pediu ao governo brasileiro a minha permanência. Eu nunca tive nem segurança pessoal, em nenhum momento eu matei criança no Haiti”, disse o militar.





Duda então voltou a falar sobre a operação no Haiti, o que irritou Heleno. “Eu to querendo proteger Vossa Excelência, isso é uma afirmativa mentirosa. Se eu quiser vou na Justiça, processo o senhor e coloco na cadeia”, exclamou.

A parlamentar disse que não seria ameaçada, reclamou da alcunha de “senhor”, e  disse que Heleno tentou comprometer a reabertura democrática do Brasil durante o governo do general Ernesto Geisel, em 1979. 

“Essa biografia que vai ficar para a história, ao lado de inimigos da pátria como (Carlos Brilhante) Ustra, (Emílio Garrastazu) Médici, dentre outros. Por mais que o senhor tenha uma patente elevada e uma história no exército brasileiro, há uma questão fundamental de como o senhor utilizou as patentes. O senhor representa os restos da ditadura”, afirmou Duda, que ainda chamou os manifestantes do 8 de janeiro de filhotes da ditadura.