“Acabei de protocolar um documento pedindo ao Ministério Público para me investigar. Não só o Ministério Público em âmbito municipal, mas estadual e Polícia Federal, porque quem não deve, não teme. Deixei todo o meu extrato bancário desde o dia que assumi a prefeitura, em 2021. Pedi para quebrar meus sigilos bancário e telefônico”, afirmou.
Quatro áudios circularam nas redes sociais desde o último fim de semana. Neles, o prefeito se dirige a um empresário investigado por pagamento de propina para alteração de zoneamentos. Nicácio Diegues Júnior foi um dos alvos da operação "Gola Alva" do Ministério Público (MPMG). As gravações vazadas integram o processo que tramita em sigilo.
“Nesse fim de semana, rodaram alguns áudios meus de uma forma covarde. Tinha áudio editado, fora de contexto, uma covardia o que estão querendo fazer comigo”, declarou o prefeito.
Nos áudios, Azevedo cita o também vereador investigado e afastado do cargo por suposto esquema de corrupção Rodrigo Kaboja (PSD). Diz "estar com ele" e que eles são “parceiros” do empresário. Pergunta se o empresário retirou as terras do terreno dele e que não teria fiscal “para encher saco” nem multa.
Na sequência, pergunta se o empresário teria protocolado “o negócio” para “começar lá amanhã”. Em outro áudio, ele diz estar “24 horas” à disposição de Nicácio e que é para ele falar o que ele precisa para “acelerar”.
Em um quarto áudio, o prefeito já fala em “agilizar” projetos para o empresário construir “600 andares”. Pergunta se já pode ir na rua para calçar e se os canteiros da Goiás vão dar certo.
“Não tem má conduta”
O prefeito alega também que, independentemente das edições, não há nenhum tipo de má conduta. “Má conduta, por exemplo, é você estar 24 horas para a população, como eu sempre faço, respondendo a população, empresário? Má conduta é pedir empresário para adotar um 'carçamento', um canteiro. Já foram quase '200 adote' um bem público, é porque aqui é honesto, trabalhador, trabalha pelo povo. Isso passa credibilidade para o empresário. Por isso que eles adotam, para dar qualidade de vida para o divinopolitano”, afirmou no vídeo.
Ele ainda relembra que a denúncia que resultou na operação "Gola Alva" partiu dele. “Não sou eu que estou sendo investigado, não. Fui eu quem fiz a denúncia. Eu quem denunciei. Estão tentando distorcer os fatos”, enfatizou. O prefeito gravou Kaboja e também um empresário sem que eles soubessem falando do suposto pagamento de propina.
Projeto aprovado e bem adotado
Em maio de 2021, os vereadores aprovaram o projeto CM 048/21 ampliando a altura máxima das edificações, passando de seis para oito andares, nas áreas classificadas como zona comercial 2. Ele foi apresentado por Kaboja e pelo vereador Eduardo Print Jr. (PSDB) – afastado da presidência da Câmara também na operação "Gola Alva".
Contudo, o prefeito vetou o projeto alegando inconstitucionalidade. Os parlamentares derrubaram o veto e a norma, automaticamente, foi promulgada pelo presidente, na época Print Jr.
Com o passar do tempo, Azevedo parou de vetar as matérias de alteração de zoneamento, deixando o prazo legal esgotar. Desta forma, automaticamente, cabia ao presidente da Câmara promulgar a lei. O prefeito alegou que, mesmo vetando, o veto era derrubado pelos parlamentares.
Entre a aprovação da alteração da altura máxima das edificações e a promulgação, Kaboja anunciou a reforma do canteiro da rotatória da Rua Goiás, de acesso ao Bairro São Roque. Ela foi adotada pelo Auto Posto Zap, que tem entre os sócios Nicácio. O anúncio foi feito em pronunciamento no dia 11 de maio de 2021 e as obras concluídas em setembro do mesmo ano.
*Amanda Quintiliano especial para o EM