O governo está otimista quanto à aprovação de projetos prioritários no Congresso Nacional mesmo com a obstrução anunciada por grupos poderosos na Câmara e no Senado, como as bancadas da bala, a ruralista e a evangélica. Parlamentares dessas frentes anunciaram que irão retaliar o Supremo Tribunal Federal (STF) forçando apreciação de projetos que revertam temas que estão sendo decididos pela Corte.
Os três grupos se uniram nos últimos dias após decisões e manifestações dos ministros do tribunal a temas que lhe são caros, casos do marco temporal da demarcação de terra indígena, a autorização do aborto até 12ª semana de gestação e a questão do porte de drogas.
Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, afirmou na noite desta terça-feira (26/9) que o Palácio do Planalto está confiante na aprovação de algumas propostas, mesmo com essa mobilização, por acreditar que são pautas de interesse do país e também de parlamentares dessas frentes.
"O interesse maior do governo é essa pauta prioritária, de recuperação econômica do país, projetos da transição ecológica, como o da emissão de carbono, a retomada de programas sociais. São prioridades de todos. O governo está concentrado nesse debate. Acho que esses grupos também se interessam por projetos como o marco de garantias, os que barateiam crédito, o debate da reforma tributária. Temos tudo para aprovar a proposta dos defensores agrícolas, de interesse desse segmento. Ou seja, temos uma pauta com esses grupos, que combina produção agrícola com preservação do meio ambiente. Quaisquer outros interesses deles são legítimos", disse Padilha, que entende, porém, ser a pauta econômica a mais importante nesse momento.
"Acho que a prioridade da pauta econômica é a recuperação dos programas sociais e de o Brasil assumir esse papel de protagonismo e de atrair investimentos no enfrentamento das mudanças climáticas. São mais fortes que qualquer outro debate", disse.
O ministro participou na noite desta terça de uma reunião na presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e com líderes do governo. Do encontro, participou também o relator do projeto Desenrola, senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL). Padilha está otimista que o projeto será votado até 3 de outubro, quando essa medida provisória irá caducar e seus efeitos e benefícios podem ficar comprometidos. Cunha se reúne nesta quarta com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para discutir o assunto.