O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se submeterá, na sexta-feira (29), a uma cirurgia de quadril devido a uma artrose, fazendo uma pausa forçada em suas viagens oficiais, após o início frenético de seu terceiro mandato. Lula, que fará 78 anos em 27 de outubro, tinha tentado adiar ao máximo a cirurgia, temendo - como ele próprio admitiu - passar uma imagem de fragilidade.
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A operação, que durará várias horas, e será realizada com anestesia geral, consiste na colocação de uma prótese híbrida, com uma parte fixada com cimento ósseo e outra encaixada diretamente no osso.
Lula revelou que começou a sentir dores na cabeça do fêmur em agosto do ano passado, durante a campanha eleitoral às presidenciais de outubro, quando derrotou Jair Bolsonaro. E revelou que os sintomas se intensificaram, causando-lhe dificuldades para dormir, sentar-se ou ficar de pé.
Sua agenda foi reduzida e, esta semana, ele adiou uma viagem a São Paulo por recomendação médica, confirmou à AFP uma fonte da Presidência.
Desde que voltou ao poder, em janeiro, Lula tem estado à frente de uma diplomacia hiperativa, dando a volta ao mundo para se reunir com dezenas de líderes estrangeiros e participar de eventos internacionais como o G7 no Japão, a cúpula dos Brics na África do Sul e do G20 na Índia.
"Ele optou por adiar a cirurgia e cuidar da agenda do governo, em especial a externa. Dado que hoje a rodada global está completa, ele pode fazer a pausa para cuidar da saúde", disse à AFP o cientista político André César, da consultoria Hold.
'Home office'
Lula admitiu, nesta terça, que tem medo da anestesia, mas disse estar "muito otimista" sobre o procedimento. Segundo seu assessor, ele ficará internado até a próxima terça-feira e tem previsto despachar do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência.
O presidente disse que vai poder "trabalhar normalmente" durante sua recuperação, mas que ficará em Brasília por pelo menos quatro semanas. Para o médico ortopedista Luiz Felipe Carvalho, Lula deve se recuperar no tempo previsto para uma "volta gradual" às atividades com maior movimentação.
No entanto, o especialista disse à AFP que depois Lula precisará fazer fisioterapia para uma "recuperação total". Apesar da longa convalescença, especialistas afirmam que são baixos os riscos de um descontrole de sua agenda de governo ou de abrir flancos para a oposição.
"Há pouco o que tirar da questão cirurgia do Lula, ao menos a curto prazo", explica Cesar.
'Desconfiança'
Lula já enfrentou vários problemas de saúde. Em 2011, foi diagnosticado com câncer de laringe e teve remissão total no ano seguinte, após se submeter a quimio e radioterapia.Em março passado, precisou adiar uma viagem à China por causa de uma pneumonia. "Há uma desconfiança natural do eleitor médio com políticos de idade mais avançada", diz Cesar, enquanto Lula não descarta se candidatar à reeleição em 2026.
"Lula demonstra energia, sim, mas não é o mesmo de seus dois primeiros mandatos (2003-2010). Isso é inevitável", ressalta.
O ex-presidente Bolsonaro, de 68 anos, foi hospitalizado várias vezes durante seu mandato, especialmente para tratar as sequelas de uma facada durante a campanha eleitoral de 2018.
'Sempre bonito'
Após sua recuperação, espera-se que Lula retome as viagens internacionais e participe, no fim de novembro, à Conferência da ONU sobre o Clima, a COP28, nos Emirados Árabes Unidos. No entanto, provavelmente terá que andar com ajuda de um andador, embora tenha dito que por recomendação de seu fotógrafo oficial, não aparecerá usando o acessório em público.
"Você não vai me ver de andador, não vai me ver de muleta, vão me ver sempre bonito, como se não tivesse sido operado", afirmou, em meio a risos.
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