Brasília - A defesa do blogueiro bolsonarista Wellington Macedo está levando adiante a possibilidade de seu cliente fazer uma delação premiada para tentar obter algum benefício. Ele foi condenado a seis anos de prisão por ter participado da tentativa de explodir uma bomba no aeroporto de Brasília, na véspera do natal do ano passado. Na semana passada, a relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), ventilou essa possibilidade, após depoimento de Macedo na comissão.
A parlamentar entende que Macedo tem um “volume significativo de informação, com provas materializadas” de envolvimento de outras pessoas. "Ele não agia sozinho, havia várias outras pessoas", declarou a senadora, há uma semana. Ela diz haver um entendimento da advocacia-geral do Senado de que a CPMI tem poderes para fazer as tratativas de uma delação.
Na última terça-feira, o advogado Sildilon Maia, defensor do blogueiro, voltou ao Senado e retomou a conversa, mas com servidores da comissão. Maia afirmou que Macedo tem “muito material a oferecer”, que pode apontar a participação de outros bolsonaristas nos protestos, além de articulações contra o resultado das eleições de 2022.
“Ele (Macedo) tem muito material jornalístico a oferecer. Tem muita filmagem de rua. É um material que identifica muita gente e em alta qualidade. No caso de 12 de dezembro (quando bolsonaristas apedrejaram veículos e tentaram invadir a sede da Polícia Federal), as imagens que ele têm são bem melhores que a da polícia", disse o advogado.
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Nesse retorno ao Senado, nesta semana, o advogado não se encontrou com a relatora porque a senadora não estava em Brasília. Mas contou que "trocou ideias" com um secretário das comissões sobre o assunto. "Narrei para ele como podemos encaminhar, marcar novo encontro, mas não entreguei nada ainda. Tem que ver se eles vão se interessar pelo material".
Depoimento
A CPMI desmarcou a oitiva do ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, general Braga Netto. Ele era aguardado no dia 5 de outubro. O militar é uma figura de interesse dos parlamentares governistas, especialmente após a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid alegar que Bolsonaro teria se reunido com a cúpula das Forças Armadas para propor uma intervenção militar que impedisse Lula de assumir a Presidência.
Na próxima semana, a CPMI ouvirá Argino Bedin, empresário bolsonarista suspeito de financiar atos golpistas em Sorriso (MT), na terça-feira, e o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, policial militar arremessado de uma das cúpulas do Congresso durante o ataque aos prédios dos Três Poderes, na quinta-feira.
Crítica à PMDF
Moradora de Taguatinga e considerada uma das líderes do movimento golpista de 8 de janeiro, Ana Priscila de Azevedo disse ontem à CPI dos atos antidemocráticos da Câmara Legislativa que a Polícia Militar do Distrito Federal foi inerte contra os manifestantes que invadiram os prédios dos três Poderes. “O contingente era ínfimo. No momento que cheguei e passei pela barreira, a quebradeira já tinha acontecido. Se a quebradeira já tivesse acontecido, porque essas duas barreiras não nos avisaram e não nos impediram de seguir adiante?”, questionou.