O Programa Amazonia Fund Alliance, organização não governamental, com sede em Paris, está sendo acusado por sua ex-diretora executiva Ana Lara Resende de não prestar contas dos recursos que teriam sido arrecadados para bancar ações de fomento de renda para povos indígenas. O fundo foi lançado em maio deste ano, em Cannes, pelos empresários de entretenimento franceses Jean-Charles Jougla e Thierry Klemeniuk, em noite de gala com a presença de artistas hollywoodianos, em um dos mais luxuosos hotéis da França,
Segundo informações divulgadas pela Agência Brasil em 21 de maio, o objetivo do fundo era arrecadar US$ 5 milhões no primeiro ano em eventos como jantares, leilões, concertos e encontros sociais realizados em Cannes, Brasil e outros locais em todo o mundo. Os recursos financiariam projetos de organizações sem fins lucrativos para a geração de renda para os povos indígenas na Amazônia. E ainda apoiar projetos de reflorestamento, preservação de rios e nascentes e redução das emissões de carbono.
Ana Lara Resende esteve no lançamento do fundo ao lado de Leonardo DiCaprio e da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Agora, ela pediu ao Ministério da Justiça e à comissão parlamentar de inquérito (CPI) que apura a atuação de ONGs na Amazônia para investigar o fundo. A ex-diretora também enviou carta aos parceiros do fundo relatando a falta de controle sobre o que foi ou não arrecadado.
O ator Johnny Depp chegou a declarar publicamente a doação de R$ 900 mil para o projeto, recursos oriundos da indenização que sua ex-mulher – a atriz Amber Heard –, teve que pagar na Justiça por ter perdido uma ação contra ele. “A Amazonia Fund Alliance jamais apresentou abertamente a prestação de contas ou cumprimento dos objetivos para os quais esses recursos foram destinados originalmente”, afirma Ana Lara Resende.
Ela conta que questionou o comando da ONG diversas vezes sobre quanto teria sido arrecadado, mas não obteve nenhum tipo de informação, por isso resolveu deixar o cargo e formalizar a denúncia para se resguardar de problemas futuros. Além de diretora-executiva, Ana também dirigia uma empresa criada exclusivamente para atuar junto a essa ONG organizando jantares de luxo para arrecadação dos recursos.
PARTICIPAÇÃO DA MINISTRA
O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) informou que Sonia Guajajara não foi citada na referida denúncia. E que não foram firmados quaisquer compromissos de cooperação ou repasse de recursos com a ONG Amazonia Fund Alliance. A participação da ministra no evento foi apenas para recebimento de homenagem, também conferida a outros participantes. A pasta afirmou ainda que não está entre suas atribuições fazer controle, fiscalização e acompanhamento de entidades não governamentais. Procurados pela reportagem, o Ministério da Justiça e a ONG Amazonia Fund Alliance não se pronunciaram sobre a denúncia de Ana Lara Resende.