Um mês após receber em Minas uma honraria das mãos do governador Romeu Zema (Novo), Jair Bolsonaro (PL) retorna ao estado com estratégia clara: mobilizar sua base de apoio após a perda dos direitos políticos.
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Ailton Krenak, um totem na Academia Brasileira de LetrasA marcha do oportunismoQuase quatro décadas depois, o lobby está a um passo da regulamentaçãoO deputado se interessa pelo cargo majoritário nas eleições de 2026, enquanto Zema tem na mente para seu sucessor o nome do vice-governador, Matheus Simões. Nos bastidores do PL, todos sabem que Bolsonaro precisa de Nikolas ao seu lado. Para os interlocutores da legenda, a união com Zema seria bem-vinda, caso o governador aceitasse o convite de se filiar ao partido, o que poderia alavancar uma possível chapa conjunta de um nome do PL com Simões.
Um dos principais motivos da vinda de Bolsonaro a BH é acompanhar a ex-primeira-dama Michelle nos eventos voltados para o público evangélico – prática já consolidada no PL. As pautas conservadoras são consideradas essenciais para manter a mobilização de seu eleitorado. Embora Michelle já tenha afirmado que não almeja uma carreira política, ela ajuda Bolsonaro a restabelecer o contato direto com os eleitores – e eleitoras.
Sem testemunhas
O encontro de Zema e Bolsonaro em BH, previsto para a manhã deste sábado (7/10), foi decidido somente na noite de quinta-feira (5/10). A ideia é que seja um encontro discreto, sem a presença de público ou da imprensa. Zema compreende que, neste momento, uma associação direta com o bolsonarismo poderia trazer mais ônus do que vantagens no cenário político nacional.
Como elas veem a visita do ex-presidente a BH
A coluna quis saber a opinião de deputadas mineiras que apoiam o presidente Lula sobre a visita de Bolsonaro a Minas. Veja o que elas disseram:
"Ele representa uma figura que não mais se alinha com os interesses da população. É crucial que ele se lembre de que não foi eleito aqui em Minas”
Lohanna (PV), deputada estadual e vice-líder do Bloco Democracia e Luta na ALMG
"Ele deixou um rastro de destruição. Tentou minar a democracia, nosso bem mais precioso. Isso é imperdoável. Ele não tem lugar em nosso estado"
Beatriz Cerqueira (PT), deputada estadual
“Bolsonaro não contribuiu para Minas quando foi presidente. Agora não adianta vir para Belo Horizonte todos os dias, sem atentar para as reais necessidades de nosso estado”
Macaé Evaristo (PT), deputada estadual
Descontraído
No primeiro dia de sua estadia em Belo Horizonte, o ex-presidente Bolsonaro pareceu bem descontraído, bem diferente do clima tenso das eleições de 2022. Fez selfies com os clientes e funcionários da churrascaria onde almoçou, no bairro Castelo. Mas, mesmo quando faz piada, não esquece o atual presidente da República: Lula é sempre o alvo das críticas e das brincadeiras.
Arrecadação de ICMS
O governo mineiro anunciou para o ano de 2024 novas projeções que apontam para uma arrecadação estimada em R$ 903 milhões provenientes dos 2% adicionais de ICMS. Esses recursos são vão para a manutenção do Fundo de Erradicação da Miséria (FEM), um alicerce financeiro que viabiliza o pagamento do Piso Mineiro de Assistência Social. Este último é uma verba essencial destinada aos 853 municípios mineiros, visando aprimorar e manter os serviços de assistência social prestados à população em situação de vulnerabilidade.