Errou quem apostou que Zema (Novo) deixaria de ser soldado de Bolsonaro (PL) após o chumbo trocado nos últimos dias. O marqueteiro do governador sempre orientou para afinar a identidade, ainda mais agora, com a quebra da unidade do bolsonarismo, depois da derrota para Lula (PT). Está convencido de que o eleitorado órfão da direita e seus extremos tem 25% dos votos, percentual que o levaria para eventual 2º turno.
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Deputado irmão de Cleitinho se filia ao PL: 'Afinidade com Bolsonaro'Brasil condena ataques a civis em guerra entre Israel e PalestinaComo não engoliram a derrota para o PT, querem transformar as eleições municipais do ano que vem em plebiscitária, de avaliação do governo Lula, numa tentativa de editar um terceiro turno. A segunda estratégia é eleger o maior número de senadores em 2026, quando serão disputadas duas vagas por estado. O ex-presidente foi convencido de que, quem tiver maioria dos 81 senadores, vai dominar o país. Seria o plano B dele caso não derrote o PT de Lula com seu representante em 2026.
A tarefa bolsonarista não será fácil, até porque o outro lado está ativo e com a caneta na mão. Hoje, 22 deputados federais do PL, da bancada de 99, buscam sobrevivência política junto ao atual governo. Ou seja, a crise passou para o lado bolsonarista; cada um vai se virar como pode, deixando a fidelidade para quando o bolsonarismo voltar ao poder.
Bipolaridade justificada
Os cálculos de Zema o favorecem. Para ele, o governador paulista, Tarcísio Freitas (Republicanos), será candidato à reeleição de um estado que é considerado o “5º país da América Latina”. O governador do Rio, Cláudio Castro (PL), não teria estatura. Ficariam na área só o governador mineiro e o goiano, Ronaldo Caiado (União). O governador de Goiás não tem estratégia, não mostra relevância nem visibilidade. Daí, a saliência de Zema. Para ele, ser bolsonarista hoje é bom negócio; ninguém pode garantir que, em 2026, também será. Por isso, o governador mineiro mantém a bipolaridade, com aliança crítica. Ele corre contra o tempo, já que sua marca acaba em 2026.
60 anos do massacre de Ipatinga
Completou 60 anos, no sábado, o massacre de Ipatinga (foto), no Vale do Aço, onde oito trabalhadores da Usiminas foram assassinados pela PM que os atacou com metralhadora de cima de um caminhão. Outros 95 ficaram feridos e três foram registrados como desaparecidos (seus corpos nunca foram encontrados) após ato por melhores condições de trabalho. O único registro fotográfico do massacre é de um trabalhador, José Isabel do Nascimento, que acabou assassinado também. Não foram esquecidos nem a tragédia. No último sábado, foram feitas homenagens às vítimas e debates para que o passado não seja esquecido. Ninguém foi punido. O julgamento aconteceu durante a ditadura, o que os favoreceu, mas a história não os absolverá.
Arrependimentos ensinam
Com apenas 31 anos, Igor Eto (Novo) viveu rica experiência de aprendizado político nos três anos em que foi secretário de governo de Zema, com a responsabilidade de fazer a articulação da gestão com deputados estaduais. Deve ter aprendido muito, especialmente com os erros e arrependimentos. Dois deles devem incomodá-lo. O primeiro é o de não ter seguido os conselhos de amigos para ser candidato a deputado, em 2022, numa eleição que parecia fácil. Igor dizia não, que iria chefiar a campanha de reeleição de Zema e ajudá-lo em mais quatro anos do segundo mandato. Seis meses de Zema 2.0, foi colocado para fora.
Ele puxou meu tapete
O segundo arrependimento, o próprio Igor tem manifestado ao reconhecer, a alguns aliados, que eles tinham razão. Esses parceiros haviam negado pedido dele para votar em determinado candidato na eleição passada. Ante a insistência, com doses de cobrança de Igor, alguns diziam que ele iria se arrepender disso. Hoje, ele tem admitido: “eu não te ouvi, e ele puxou meu tapete”, referindo-se à sua queda.