Jornal Estado de Minas

GUERRA

Cenário externo reforça importância de reformas no Brasil, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse nesta segunda-feira (9/10) que desafios recentes no cenário global reforçam a importância de o Brasil avançar mais rápido para resolver seus problemas internos.


Segundo ele, acelerar a agenda de reformas é a maneira de proteger a economia brasileira dos impactos de um ambiente externo ruim, o que inclui não só o atual conflito em Gaza — e eventual pressão sobre o preço do petróleo—, mas também os juros altos nos Estados Unidos e a desaceleração da economia da China.





"Quando mais desafiador o cenário externo, maior a pressa de nós endereçarmos os assuntos internos", disse. "O cenário externo se complicando, como está, o nosso desafio aqui é fazer nossa agenda interna evoluir o mais rápido possível para proteger a economia brasileira", acrescentou.


Haddad disse que já há uma agenda de votações no Congresso Nacional programada para este ano, que pode ajudar a reforçar este ambiente. Ele citou a votação do relatório sobre fundos exclusivos —prevista para acontecer na semana que vem— além da Reforma Tributária e um projeto sobre a nova lei de seguros.


"Quanto mais a agenda avançar, mais protegido nós estaremos. Isso não significa negar os desafios externos que estão colocados, mas quando você tem uma tempestade fora de casa, você protege sua casa, reforça a porta, a janela."






Segundo o ministro, foi o cuidado com a economia que livrou o Brasil de maiores impactos em crises do passado, como a de 2008.


Haddad evitou comentar diretamente sobre o conflito em Gaza, e disse que não compete ao Brasil decidir sobre certas questões internacionais, como preço do petróleo e juros nos EUA. "O que o Brasil tem feito, sobretudo pela sua diplomacia, é levado uma mensagem de paz, de nova governança internacional, para que o mundo encontre instrumentos para enfrentar os desafios que estão colocados", afirmou.


Nesta segunda, os preços do petróleo subiram 4%, levando o valor do barril para US$ 87,96, após os conflitos entre Israel e o grupo islâmico palestino Hamas, que provocaram receios de um problema mais vasto no Oriente Médio.


Questionado se a alta no petróleo pode influenciar a inflação ou o ciclo de queda na taxa de juros, o ministro disse que é preciso aguardar, tendo em vista a volatilidade desse mercado.


"A pior coisa que pode acontecer é você tomar decisões precipitadas que podem colocar em risco uma política", disse. "Vamos ver como se desdobra, não vamos sair tomando medidas de forma açodada sem analisar os desdobramentos desse episódio que preocupa."


Haddad também evitou cobrar celeridade do Congresso na aprovação das medidas que considera importante. "De fato, eu não tenho do que me queixar do Congresso Nacional, tenho feito recorrentes elogios, porque ninguém imaginava que no primeiro semestre deste ano nós conseguiríamos pautar tantas reformas quanto nós fizemos", disse.


"Se eu fosse pedir alguma coisa seria isso, que o Congresso se reúna até o fim do ano e tenhamos uma agenda tão produtiva quanto tivemos no primeiro semestre."