Jornal Estado de Minas

PROTESTO

'Xô, Satanás': manifestantes 'varrem' bairro em BH após visita de Bolsonaro

Com desinfetantes e vassouras nas mãos, movimentos e coletivos de esquerda se reuniram na Região Oeste de Belo Horizonte nesta quinta-feira (12/10), durante o feriado católico de Nossa Senhora Aparecida, para o ato "Varrendo o Satanás para fora do Cabana", em referência à visita do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao bairro, na última sexta-feira (6/10), quando participou de um culto do pai do deputado federal Nikolas Ferreira (PL) na Comunidade Evangélica Graça e Paz.





"Após a triste passagem do genocida pelo Bairro Cabana, a comunidade decidiu promover uma grande lavagem para limpar as ruas por onde o capeta passou", dizia o comunicado do evento, que ocorreu na parte da manhã. O termo escolhido para se referir a Bolsonaro já tinha sido usado na semana passada, em faixas de protesto espalhadas pelo Coletivo Alvorada por viadutos e passarelas da capital.

De acordo com o deputado federal Rogério Correia (PT), pré-candidato à prefeitura de Belo Horizonte, o encontro foi festivo e sem incidentes. O parlamentar aproveitou o evento para falar sobre a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas de 8 de janeiro e dos programas do governo federal Minha Casa Minha Vida e Desenrola. 

“Quarta-feira Bolsonaro vai ser indiciado na CPMI, vamos mandar o indiciamento dele para o Supremo Tribunal Federal (STF). Xandão (ministro Alexandre de Moraes) pega isso e começa a analisar. O Congresso Nacional sabe que ele tentou dar o golpe e a gente não deixa, por isso nós estamos varrendo aqui onde ele passou, porque nós queremos democracia. Golpista não passará”, declarou o parlamentar, enquanto varria no protesto.





Acompanhado por um trio elétrico, o público entoou clássicos da música brasileira, como "Vou Festejar" de Beth Carvalho e "Xô Satanás" do Asa de Águia. "Um ato de esquerda, aqui no Cabana/Vista Alegre. Coletivo Alvorada, Coletivo Flores e Luta, Bloco de Luta Sou Vermelha e Associação de Moradores do Aglomerado Cabana", falou um dos organizadores ao microfone, mencionando os grupos presentes no encontro. 

Petistas e bolsonaristas brigam na porta

Na sexta-feira, um grupo de pessoas opositoras ao ex-presidente foi à porta da Comunidade Evangélica para se manifestar contra a visita.
 
Incomodados, alguns bolsonaristas foram para cima dos petistas, enquanto outros entoavam gritos de apoio ao ex-chefe do Executivo. "Jesus é salvação, Bolsonaro na prisão", gritavam manifestantes. Um deles segurava um cartaz escrito: 'Bolsonaro genocida e fascista". 
Em outro momento, logo na saída do ex-presidente da igreja, uma mulher é puxada pelo braço por uma bolsonarista, que a acusou de ter arremessado um ovo no carro do ex-chefe do Executivo. O cartaz que um senhor segurava foi arrancado por outra bolsonarista. Ele tentou recuperá-lo, mas não conseguiu. Neste momento, a Polícia Militar, por meio de duas viaturas, chegou ao local e ficou a postos caso algo mais grave acontecesse.




Faixas nos viadutos e passarelas

O Coletivo Alvorada foi criado em 2016, em Belo Horizonte. As frases escolhidas para as faixas usadas durante as últimas duas visitas do ex-presidente à capital incluem insinuações a processos respondidos por Bolsonaro, como “Você pagou com traição, vou festejar sua prisão”; “Bolsonaro Satanás” e “Bolsonaro em BH, attenzione pickpocket”. Este último, em referência ao meme da italiana que caça batedores de carteira. As faixas foram instaladas nas avenidas Antônio Carlos, Cristiano Machado, Teresa Cristina, Pedro II e Amazonas. 

Pedro Martins, líder do coletivo, contou que a iniciativa é financiada pela militância, por meio de vaquinhas. Ele também frisa que o movimento é suprapartidário e "em defesa da democracia". Essa não é a primeira ação do tipo que o Alvorada realiza. Em 28 de agosto, durante outra visita de Bolsonaro, também foi colocada a faixa "Cuidado! Contrabandista e ladrão de joias na cidade!", em referência ao escândalo das joias, investigado pela Polícia Federal (PF) como uma suposta venda ilegal de presentes recebidos em viagens oficiais da Presidência da República.