Mercadante afirmou que não há motivos para "nhenhenhem" quando questionado sobre calotes dados na instituição pública de fomento e no país. Ele participou do 1° Fórum Internacional da Esfera Brasil, em Paris.
Após o evento, Mercadante concedeu entrevista e disse que as dívidas pendentes são "irrelevantes". "O relevante é olhar para frente, de como é que nós vamos construir o crescimento das exportações e o desenvolvimento do Brasil. Vocês [jornalistas] ficam com esse 'nhenhenhem', que é uma coisa absolutamente irrelevante para o BNDES", afirmou.
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Três países devem juntos mais de R$ 5 bilhões ao Brasil. A Venezuela soma US$ 739 milhões (R$ 3,76 bilhões), enquanto Cuba, US$ 261 milhões (R$ 1,33 bilhão), e Moçambique, US$ 122 milhões (R$ 620,7 milhões). O BNDES financiou a chamada exportação de serviços aos países durante gestões petistas passadas.
Nessa modalidade, entram obras realizadas por empresas brasileiras, e o FGE (Fundo Garantidor de Exportações), com recursos do Tesouro, cobre eventuais inadimplências.
Segundo dados do BNDES, até junho deste ano, o FGE já ressarciu a instituição em US$ 1,09 bilhão na soma dos três países citados. O porto de Mariel, em Cuba, e parte do metrô de Caracas, por exemplo, foram financiados dessa forma.
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"Exportação de serviços no BNDES nunca foi mais do que 1,3% do desembolso. Então é irrelevante. E é altamente rentável, historicamente, para o BNDES, inclusive para o Brasil. O Fundo Garantidor, o FGE da União, tem um superávit hoje de R$ 7,5 bilhões", afirmou Mercadante.
Segundo o presidente do BNDES, "eventuais inadimplências" não quebram o Brasil.
"O país atrasa pagamento, sempre recupera, em algum momento volta a pagar. E o BNDES é um banco público, é um banco paciente, que vai continuar cobrando e esperar que tudo seja pago", disse.
Questionado sobre se o Brasil vai estimular novos projetos no exterior, ele afirmou que não há previsão de iniciativas semelhantes.
Mercadante destacou o que considera pontos positivos do banco público neste primeiro ano da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Afirmou que BNDES aumentou em 40% as aprovações de financiamento e duplicou o apoio às exportações de produtos industrializados em relação a 2022.
"É isso que conta, gerar emprego e investimento, aprimorar e melhorar as práticas do banco, que é um banco extremamente rigoroso e competente. A inadimplência no BNDES é 0,01%. Me apresente algum banco no mundo que seja mais transparente que o BNDES, que seja mais rigoroso com os seus critérios", disse.
ÔNIBUS ELÉTRICO
O presidente do BNDES falou ainda sobre a migração para veículos elétricos e híbridos. Segundo ele, o BNDES vai anunciar na quinta-feira (19) uma linha de financiamento de ônibus elétricos no país.
"O Brasil é o segundo país que mais anda de ônibus no planeta, perde para a Índia. E 52% dos ônibus que circulam na América Latina foram produzidos pela indústria brasileira", afirmou.
"Os chineses entraram muito fortes com ônibus prontos no Chile e no México. São dois mercados históricos do Brasil. Então nós agora, nesta semana mesmo, já vamos fazer o primeiro financiamento para a produção de ônibus elétricos, para financiar ônibus elétricos produzidos no Brasil", disse, sem dar mais detalhes.
Mercadante explicou que defende o conteúdo nacional e afirmou que quatro montadoras vão aderir à linha de financiamento. "Nós queremos agregar cada vez mais valor", disse.
De acordo com ele, o país precisa substituir 170 mil ônibus. "Então é um mercado muito importante, com muita escala, muito poder de compra. E o BNDES tem um papel decisivo. Vamos avançar muito", afirmou.