Brasília – A senadora Eliziane Gama (PSD-AM) afirmou ontem que o ministro Alexandre de Moraes se comprometeu a incluir o relatório final da CPI do 8 de Janeiro nos autos de inquéritos em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). A senadora disse que a sinalização foi dada em reunião em que parlamentares entregaram o documento final da comissão ao magistrado. "Na verdade, ele fará análise de toda documentação, mas de pronto, em nome das informações do que ele leu inclusive conosco, já deixou claro que fará a juntada a alguns desses inquéritos", disse Eliziane.
O relatório pede o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outras 60 pessoas, incluindo cinco ex-ministros e oito generais. Moraes é relator de diversos inquéritos que investigam o ex-mandatário e aliados. Eliziane disse que o ministro pode juntar o material da CPI aos inquéritos de ofício, ou seja, mesmo que não haja pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que por lei é o titular das investigações, nesse sentido. "Temos o inquérito da milícia digital, que diria que é inquérito mãe, aquele que se iniciou de fato essa investigação, e ele sim, como presidente desse inquérito, pode admitir já o relatório de ofício e fazer essa juntada nos demais inquéritos. E é exatamente o que ele fará, conforme nos colocou nessa reunião", afirmou.
O relatório da CPI chama Bolsonaro de "grande autor intelectual" dos ataques e diz que ele seria o maior beneficiário de um golpe. "O então presidente tem responsabilidade direta, como mentor moral, por grande parte dos ataques perpetrados a todas as figuras republicanas que impusessem qualquer tipo de empecilho à sua empreitada golpista." Eliziane e outros parlamentares também vão entregar o relatório final à PGR, à Controladoria-Geral da União (CGU) e à Polícia Federal.
Além de Bolsonaro, a CPI pede indiciamento de ex-ministros bolsonaristas, como general Walter Braga Netto (que foi candidato a vice de Bolsonaro), general Augusto Heleno, general Luiz Eduardo Ramos, general Paulo Sérgio Nogueira e Anderson Torres. Dos 61 nomes, 22 são militares das Forças Armadas. A comissão também sugere o indiciamento do ex-comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes e do ex-comandante da Marinha almirante Almir Garnier, citado na delação do ex-ajudante de ordens Mauro Cid.