Cólica, indisposição e alterações de humor. Para algumas mulheres, é difícil pensar em exercício físico no período menstrual. Porém, elas podem usar o ciclo a favor do treino – e vice-versa. Especialistas destacam que os dois juntos podem aprimorar a atividade e diminuir os sintomas da TPM.
A nutricionista Monique Correa, de 21 anos, frequenta a academia desde os 15, e o período menstrual nunca foi desculpa para faltar ao treino. Apesar de se sentir mais indisposta, a jovem destaca que adapta a atividade dentro dos limites do corpo. “Priorizo os exercícios aeróbicos e deixo a musculação em uma intensidade mais leve. Sempre com o auxílio do profissional de educação física”, comenta.
De acordo com a ginecologista Bruna Pitaluga Ottani, do Hospital Santa Lúcia, durante o ciclo menstrual há diferentes níveis de hormônios no corpo feminino, o que é refletido no treino. “Mulheres que menstruam sentem mais disposição para atividade física intensa no período ovulatório, principalmente treinos do tipo HIIT (Treino Intervalo de Alta Intensidade, na sigla em inglês) e anaeróbios. Na segunda fase do ciclo, as mulheres preferem atividades longas, porém menos intensas, em decorrência dos menores níveis de estrogênio”, explica.
A disposição e a indisposição para o treino ocorrem devido aos níveis de estrogênio e progesterona no corpo. Segundo a ginecologista Maíta de Araújo, da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte, o estrogênio, presente em maior quantidade na primeira fase do ciclo menstrual, dá mais força, resistência, disposição e ainda ajuda a mulher a ficar mais concentrada, enquanto a progesterona, que aumenta durante a segunda fase, deixa as pessoas mais desconcentradas e indispostas. “O treinador pode colocar uma carga bem forte nesses primeiros 14 dias e uma carga média nos outros 14. Se a mulher tiver uma TPM intensa, que também ocorre na segunda fase, o indicado é uma carga bem leve”, detalha.
BOM HUMOR
As especialistas afirmam que a atividade física é indicada, independentemente do período do ciclo menstrual. O exercício ainda melhora os sintomas da TPM e diminui as cólicas. Monique já tem notado, principalmente, a melhora do humor. “Nessa fase, fico superdepressiva e emotiva, e o exercício ajuda a melhorar o meu humor, além de diminuir as dores de cabeça. É meio que uma fuga para mim”, afirma.
O mesmo ocorre com Rhany Holanda, de 31. Ela pratica cross life há seis meses e já sentiu diferença nos sintomas da TPM. A organizadora de festas frisa que sempre teve uma TPM muito intensa e depois de iniciar a atividade sentiu menos alterações. “Depois que comecei a treinar, o meu ânimo melhorou, tenho mais disposição. As pessoas percebem que eu estou mais tranquila”, ressalta. O cross life também tem contribuído, junto com o tratamento médico, para a diminuição da cólica, agravada por uma endometriose.
De acordo com a ginecologista Maíta, a prática de atividade física aumenta, no geral, os níveis das endorfinas, que controlam o humor. A substância gera um bem-estar momentâneo, que pode se perpetuar por um tempo. A dica da especialista é fazer exercícios de forma regular para manter os hormônios controlados.
POR DENTRO DO CORPO FEMININO
O ciclo menstrual é composto por quatro fases distintas: a menstruação, a fase ovulatória, a ovulação e a fase lútea. Cada período tem suas peculiaridades. Confira:
» Menstruação: é o término do processo de preparo daquele ciclo para uma possível gestação e, ao mesmo tempo, o momento que marca o início do próximo ciclo.
» Fase ovulatória: é o preparo hormonal para a ovulação. A mulher se sente bem disposta e com energia; afinal, ela se prepara para procriar. O hormônio dominante é o estrogênio e o carboidrato
a fonte de energia mais utilizada.
» Ovulação: é um período curto, mas muito intenso, que ocorre, geralmente, no 14° dia do ciclo.
O óvulo é liberado para ser fecundado.
» Fase lútea: é a espera do corpo feminino para uma gestação. Os hormônios começam a modificar o humor, a mulher se sente emocionalmente mais abalada, quer ficar mais quieta e tem menos energia. O hormônio dominante é a progesterona e as gorduras são a principal fonte de energia.
Fonte: Bruna Pitaluga Ottani, ginecologista do Hospital Santa Lúcia