Jornal Estado de Minas

Filme O Coringa acende alerta sobre a importância do combate ao bullying

Nos últimos anos, é comum ouvir falar sobre o bullying, um fenômeno caracterizado por agressões intensas que podem acontecer no colégio, na escola, condomínio. “Pode ser caracterizado como um conjunto de agressões contínuas, que podem ser de naturezas verbal, psíquica ou física, contra uma determinada vítima. As vítimas de bullying podem se sentir  expostas, ridicularizadas, excluídas e intimidadas. A violência pode ocorrer por inúmeros motivos, desde características físicas, manias, comportamentos,ou até alguma deficiência”, explica especialista em pesquisa e desenvolvimento educacional na Playkids Nathalia Pontes. 




 
Ainda de acordo com a especialista, o bullying, geralmente é praticado por um grupo. “Pode ter  um líder ou não, atributo que amplia o poder do praticante do bullying sobre a vítima. Como a aceitação e o sentimento de pertencimento é muito mais relevante na infância e na adolescência do que na fase adulta, a vítima dessa idade se torna mais propensa a aceitar a violência de forma passiva para evitar o confronto com sentimentos de exclusão e rejeição. O que muitas vezes dificulta que a agressão seja identificada. As situações de bullying podem  ocorrer na escola ou em lugares onde as crianças se relacionam socialmente, como no condomínio, clube, ambiente virtual, aulas extracurriculares ou mesmo entre a própria família”, revela.

Como identificar
 
Ser participativo e ter uma boa comunicação  com os filhos é a principal forma de combater o problema. “O primeiro ponto é dar liberdade e confiança para que a criança se abra, mas é muito importante que os pais também envolvam a direção e o acompanhamento psicológico da escola no processo. Segundo, é preciso que os pais acreditem nas crianças e adolescentes e não desconsiderem ou diminuam seus sentimentos em relação ao bullying. A criança vítima do problema deve ser ouvida e acolhida, orientada e empoderada para recuperar sua auto-estima”, conta Nathalia Pontes. 

Também é importante estar em alerta nas mudanças de comportamento que a criança venha a ter. “Desde uma recusa a ir a um lugar que antes gostava, machucados constantes ou a falta de vontade de compartilhar sobre o dia ou os amigos. Por exemplo, se a criança diz que não gosta de ir para a escola, volta chateada ou constrangida, pode ser um sinal de alerta. Mudanças de comportamentos repentinas também podem ser sinais de bullying: agressividade, timidez demais, queda das notas. Nesse caso, a escola e os pais de todos os envolvidos devem trabalhar juntos para resolver o problema, que precisa da interferência e acompanhamento dos adultos responsáveis para ser impedido”, complementa Nathalia.





 
 

O coringa e o bullying
 
 O filme estreou no dia 3 de outubro deste ano, a trama traz a história do vilão de Batman.  Arthur Fleck é um homem sozinho, sem pai e com a mãe internada. Durante a manhã, ele trabalha como palhaço, mas sempre é zombado por adolescentes, pessoas no metrô e palhaços( seus colegas de trabalho), o que faz com que ele se isole cada vez mais e crie mágoas em relação às situações. 
 
“O termo bullying geralmente é usado para crianças e adolescentes, no entanto, a ação também ocorre no ambiente adulto e inclusive o profissional, mas dessa vez com o nome de assédio. No caso do filme, o personagem é um adulto que passa por diversas agressões e humilhações. No entanto, ao longo do filme o próprio personagem relata sua difícil infância e seus problemas de relacionamentos, que foram agravados pela falta de estrutura familiar e diálogo entre mãe e filho”, exemplifica Nathalia.

A especialista explica que essas agressões podem  causar transtornos psíquicos. “O  filme mostra que a negligência com a criança muitas vezes acarreta em  profundos problemas futuros, inclusive pode causar patologias e transtornos na vida adulta. Levando em consideração que se trata de uma obra de ficção onde, portanto, existem pontos que são abordados dentro do plano fantasioso, o filme levanta a discussão sobre o quanto a pressão social pode interferir no bem-estar e até na sanidade de um adulto e isso, sem dúvida, começa na infância”, revela.