"A música não cura, mas cuida. Traz conforto, é como um abraço, que pode levar a um momento de cura"
Marina Horta Freire, musicoterapeuta e professora da Escola de Música da UFMG
O cuidar do corpo não é só físico e orgânico, mas emocional, mental e espiritual. E como amar é cuidar, ainda que todos estejam ameaçados pela letalidade de um vírus até então incontrolável, a COVID-19, lidando com a quarentena, o isolamento social e sob a pressão de uma carga sentimental desafiadora, é fundamental procurar manter o equilíbrio global da saúde. Mais ou menos afetados pela pandemia do novo coronavírus, em maior ou menor grau de sofrimento, a busca de alívio a partir das terapias alternativas, energéticas ou holísticas é compreender que o ser humano é um organismo interligado, um todo, e não fragmentado, subdividido, independente.
As terapias alternativas valorizam, respeitam, reconhecem a subjetividade interior, as emoções e pensamentos que podem afetar a saúde do corpo. Aliás, estão intimamente ligadas. Muitas vezes vistas com desconfiança, alguns alegam falta de rigor em pesquisas que apontam sua eficiência, o certo é que como ferramenta complementar de cuidado com a saúde é inquestionável. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) as recomendam e o Sistema Único de Saúde (SUS) as define como práticas integrativas e complementares (PICs), que não substituem o tratamento tradicional, mas são indicadas como suplementares, funcionam como agregadoras.
Todo reconhecimento leva tempo. A homeopatia, por exemplo, é uma técnica que existe há mais de 200 anos e se tornou especialidade médica no Brasil nos anos 1980. O SUS oferece as terapias de forma integral e gratuita. O Brasil é referência mundial na área, prática que despontou no final da década de 1970 e foi validada em meados dos anos 1980. As 29 PICs disponíveis para os brasileiros são: apiterapia, aromaterapia, arteterapia, ayurveda, biodança, bioenergética, constelação familiar, cromoterapia, dança circular, geoterapia, hipnoterapia, homeopatia, imposição de mãos, medicina antroposófica/antroposofia aplicada à saúde, medicina tradicional chinesa – acupuntura, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia, ozonioterapia, plantas medicinais – fitoterapia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, shantala, terapia comunitária integrativa, terapia de florais, termalismo social/crenoterapia e ioga.
Iniciativa do curso de graduação em música com habilitação em musicoterapia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a campanha “Música para quem cuida” é uma ação em apoio aos profissionais da saúde que estão na linha de frente no combate à COVID-19, que nasceu do projeto de extensão “Musicoterapia hospitalar, olhares empáticos”, tendo à frente Marina Horta Freire, musicoterapeuta e professora da Escola de Música da UFMG. Médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, recepcionistas, seguranças, pessoal da faxina, enfim, todos que atuam no ambiente hospitalar enviam seu pedido com a música preferida para os endereços do Instagram (@musicoterapiaufmg), Facebook (https://pt-br.facebook.com/MusicoterapiaUFMG/) ou e-mail (musicoterapia.hospitalar.ufmg@gmail.com) e logo recebem o presente. O Hospital da Baleia e o João XXIII já participam.
Não é presencial. O projeto divide os pedidos, grava e publica nas redes sociais. Se a pessoa não tiver, vai por WhatsApp ou e-mail. O vídeo é uma forma de presença, de levar o poder da música presente em qualquer momento da vida, na alegria e na tristeza, no nascimento e na morte. “É uma maneira de incentivar e cuidar de quem cuida e passa por momentos tão difíceis com a falta de abraços, longe da família (muitos não estão voltando para casa) lidando com o mais alto grau da tensão emocional. É uma dedicatória musical como forma de alívio emocional enquanto trabalham. Um jeito de conectar, de serem transportados para o espaço extraordinário da música. Muitos não seguram as lágrimas, cantam juntos, é muito bonito porque eles retratam como instantes de esperança e paz”, destaca a professora.
Marina Horta afirma que a musicoterapia ajuda as pessoas a descobrirem a identidade sonora, que é cultural e individual (gosto, história, biografia). A consequência, dentro da teoria da musicoterapia da perspectiva de estudo, é que a música “não cura, mas cuida. Traz conforto, é como um abraço, que pode levar a um momento de cura”. Ela explica que a prática é usada para estimular a fala e a coordenação motora da criança, assim como sua interação com o outro. Nos adultos, é ferramenta para questões emocionais, ainda mais afloradas com a quarentena: “Ao escolher sua identidade sonora, é possível trazer lembranças, ajudar na conexão com pessoas que estão longe e, se for um idoso, estimular a memória”.
Não importa o espaço físico, Marina Horta conta que o importante é escolher a música que o leva para lugares bons, com mensagens bonitas, que lembrem a família, amigos, amores, sonhos: “A música provoca ativação cerebral, do corpo e da mente. É uma forma de expressão, é possível interagir com ela ao cantar e dançar. Nada mais especial do que tomar consciência de como cada um ouve a música. Ela pode lhe fazer companhia em tudo, como pano de fundo, mas recomendo a experiência e a vivência de reservar um tempo do dia para estar presente na escuta”. Não há como viver sem música. Segundo ela, nossa musicalidade é extintiva, é questão de sobrevivência, está presente desde o homem da caverna, no canto da mãe para o bebê no útero. “Música é pulsão, expressão emocional.”
ACALMA A ALMA Em vez de indicar uma música, a presidente do Conselho Curador da Fundação Benjamin Guimarães/Hospital da Baleia e professora da Escola de Farmácia da UFMG, Raquel Virgínia Rocha Vilela, pediu que os participantes do projeto selecionassem uma canção para presentear os profissionais da instituição. A canção escolhida foi Vai ser tão bom, interpretada por Juliana Brito, graduanda em musicoterapia e extensionista do projeto, que fala do momento atual, tem melodia suave e leva uma mensagem positiva: “É nossa dedicatória diante de tudo que estão enfrentando”, conta Marina Horta.
Vale registar uma particularidade: o Hospital da Baleia foi construído durante uma outra epidemia tão mortal quanto a do novo coronavírus, a tuberculose. Portanto, tem no DNA a entrega de cuidar de quem precisa. Há 75 anos, a instituição conta com a destinação de recursos e doações voluntárias para cumprir a missão de prestar serviços de saúde aos mineiros. Todos os anos, são mais de 600 mil procedimentos médicos destinados aos cidadãos de 88% dos municípios, a maioria vinda pelo SUS.
Para Raquel Vilela, a iniciativa é louvável porque música acalma a alma. “No hospital, já temos a musicoterapia para as crianças em tratamento de câncer, tão eficiente que chega a minimizar a dor. A música atua no sistema límbico, responsável pela reprodução de uma série de substâncias neurotransmissoras de alívio, como a serotonina. O efeito é um alívio rápido, a sensação de paz interior. Então, para nossos profissionais, dos médicos ao grupo da limpeza, é sensacional diante de toda a tensão. Escolheram uma música linda, uma melodia emocionante que é um acolhimento espiritual, alivia a angústia da alma para que cada um continue exercendo sua expertise.”
A ideia é que a ação seja perene e não ocorra só neste momento desafiador. “Mas que, no futuro, possamos levar a todos dentro do hospital. A ação da música para pacientes da hemodiálise, uma população vulnerável, que está ainda mais tensa, por exemplo, é real.”
Se não pode pedir uma música para Marina Horta e toda a equipe de musicistas da UFMG que abraçaram o projeto, pode fazer a sua playlist e, em casa, ter os mesmos benefícios. Seja curtindo com os amigos por uma live, mandando a gravação de uma preciosidade para seu pai e a preferida da sua mãe ou, quem sabe, tocando ou cantando aquela canção que define seu encontro de amor? Só não vale, lembra Marina Horta, em tempos de isolamento, invadir o espaço do vizinho. Cada um tem um gosto, é preciso respeitar e se lembrar do outro.
Hoje, o Bem Viver leva aos leitores um pouco dessas práticas. Muitas podem ser feitas em casa, seja seguindo um vídeo ou com o atendimento de profissionais on-line. Basta descobrir qual é a ideal (e a possível) para você neste momento. Lembre-se, sua missão é cuidar de você, por inteiro.
Terapia do riso no alívio da tensão
Reação involuntária, o riso é provocado por um sentimento íntimo de alegria, felicidade, de satisfação ou prazer. Sorrir faz bem. Você já deve ter ouvido por aí que “rir desopila o fígado”, portanto, cura, é preventivo e um remédio sem contraindicações. O efeito colateral é maravilhoso, pode ser contagioso. Em dias em que essa palavra só lembra medo e dor, ser tomado por essa reação é o que todos deveriam desfrutar e experimentar neste momento, ainda que por um instante, em tempos tão difíceis.
Para que o riso, o sorriso e a gargalhada estejam cada dia mais presentes na vida de cada um, Isabela Capelão, terapeuta ericksoniana e líder do riso, indica a chamada ioga do riso. Antes de ensinar a prática, ela explica que, na Antiguidade, Aristóteles já enxergava o riso como um exercício corporal de grande valor à saúde. “Podemos dizer que o riso tem poder de cura, porque quando rimos e gargalhamos por um determinado tempo, produzimos ou estimulamos a produção de uma série de neurotransmissores, que são hormônios do prazer e do bem-estar, como a serotonina.”
Uma boa gargalhada causa relaxamento, com a liberação de endorfinas na corrente sanguí- nea. Além disso, a risada oxigena o corpo e a mente, ou seja, movimenta todo o corpo, iniciando pelo cérebro, que proporciona mais energia e vigor. Segundo ela, o riso movimenta cerca de 40 músculos da face, cabeça e pescoço e auxilia no equilíbrio interno do organismo, provendo tanto vitalidade quanto relaxa- mento. Quem ri não fica doente facilmente.
Isabela Capelão destaca que há vários estudos que comprovam os benefícios da risada para a saúde. “Pesquisas clínicas feitas em Bangalore, Índia e EUA provaram que o riso diminui o nível de hormônios do estresse no sangue, como o cortisol. Outras colhidas pela Universidade de Maryland, em Baltimore, também nos EUA, evidenciaram que a prática do riso reduz em até 20% o tempo de internação.”
Para a terapeuta ericksoniana, o riso é uma linguagem universal, ou seja, quando sorrimos ou rimos, as pessoas entendem a mensagem. Além de ser uma forma de comunicação e expressão, ele é uma maneira de aliviar as tensões, o estresse e as emoções negativas. As risadas ou gargalhadas geram diversos benefícios para a saúde física, mental, emocional e para vida pessoal, social e profissional. “Podemos citar o aumento do autoconhecimento, da autoestima, da motivação, do bom humor, da criatividade, da resiliência e da capacidade de tomar decisões. O riso é poderoso. E, como aumenta a oxigenação do cérebro e do corpo, torna as pessoas mais alertas, focadas, produtivas, aumentando a autoeficácia e a eficiência em qualquer trabalho que for realizado.”
Isabela Capelão lembra que qualquer pessoa tem a capacidade de rir, mesmo sem motivo. Não tem segredo. Porém, quando pratica a metodologia da ioga do riso, ela consegue manter a constância e o estímulo e rir por pelo menos 10 minutos por dia, a risada da barriga, mesmo sem vontade. Ela pode começar rindo três minutos e vai aumentando o tempo. Pode rir em qualquer lugar: no banho, enquanto troca a roupa e se apronta ou quando está fazendo atividades domésticas. Quando orientada, as pessoas começam a praticar o riso como exercício físico, simulando uma gargalhada até que ela se torne real e seguem atividades estruturadas.
A terapeuta explica que a ioga do riso foi criada em 1995 pelo médico indiano Madan Kataria e está presente em mais de 100 países: “É um conceito único, funciona com uma rotina de exercícios que combina a respiração da ioga com o riso incondicional, ou seja, rir sem motivo, sem depender de piada ou comédia. São técnicas de aquecimento, movimentos corporais, contato visual, exercícios do riso e de respiração, sons, palmas, gargalhadas, brincadeiras e relaxamento. Combinam exercícios do riso abdominal com a respiração da ioga. Baseia-se no fato científico de que nosso cérebro não diferencia imaginação da realidade e dessa forma, os risos simulados dos reais. A atividade contempla exercícios simples e prazerosos que proporcionam risadas, desbloqueio de emoções e das sensações que ficaram registradas no corpo”.
Em depoimento pessoal, Isabela Capelão revela que vem da área de exatas, portanto, com perfil cético e sem disposição para métodos alternativos e tera-pêuticos. Ela acreditava que a seriedade impunha respeito, mas descobriu que inibia a aproximação dos outros. No ambiente social, ela era sempre engraçada e descontraída, porém no profissional nem sorria. “Depois de sofrer um AVC, comecei a me dedicar às técnicas para aumentar a qualidade de vida, foi então que passei a sorrir mais e me entregar de forma positiva e espontânea à vida, sentindo na pele os benefícios. E me encontrei na ioga do riso, terapia na qual sou certificada pela Laughter Yoga University, do dr. Madan Kataria.”
SOFRIMENTO É importante dizer que há quem sorri de nervoso, uma reação do corpo diante do desespero de uma situação ou mesmo uma forma de aliviar a tensão. “Embora o riso esteja atrelado ao bem-estar, pode se manifestar de diferentes maneiras, como proteção de um sofrimento que o afeta. Ou seja, um artifício por meio do qual se torna tolerável determinado sofrimento. Assim, é importante identificar o que esse riso está tentando encobrir e o quanto isso impacta a vida. Os problemas são invertidos, ou seja, saem do trágico, que ocasiona o choro, para o cômico, que leva ao riso.” A terapeuta lembra que quem nutre pensamentos negativos, reclamações e mau humor costuma ser mais vulnerável a doenças físicas e emocionais.
Isabela Capelão destaca que o filósofo Kant disse que apenas três coisas podem realmente fortalecer o homem contra as atribulações da vida: a esperança, o sono e o riso. A risada é indispensável para o bem-estar das pessoas. Enquanto elas conseguem rir, a situação deixa de se tornar uma ameaça iminente e passa a ser uma forma de enfrentar as adversidades e as dificuldades ocasionadas, por exemplo, pelo isolamento social. “O riso aumenta a resiliência e a criatividade, ou seja, ajuda a criar um estado mental positivo para lidar com situações adversas e negativas, proporcionando esperança e oti- mismo. Ele conecta as pessoas, é uma maneira de relacionar-se e tornar os laços mais profundos e verdadeiros.”
Conforme a terapeuta, é possível praticar a ioga do riso on-line diante da necessidade atual. O riso é contagioso. Estamos propensos a rir mais quando estamos em contato com outras pessoas, porém nada impede praticar a meditação do riso, que é feita sozinha. “É recomendável para todos da família, idosos e crianças também. Salvo algumas exceções, como grávidas, pessoas com problemas cardíacos, epilepsia, incontinência urinária, glaucoma, hérnia, recém-operados ou com os sintomas da COVID-19.”
Um pequeno guia da ioga do riso para iniciantes
- Os líderes da ioga do riso utilizam o seguinte lema: “Finge, finge, até que atinge!”. É o primeiro passo. Ou seja, estar disponível para rir sem ter motivo. E, então, o riso vai aumentando, virando uma gargalhada até fluir naturalmente.
- Comece com uma gargalhada, ou seja, um sorriso largo, boca aberta, intenso, emitindo um som, olhando para cima e fazendo a risada da barriga, ou seja, usando o abdômen. Batendo palmas, dizendo e rindo ho-ho/ha-ha-há repetidas vezes.
- Se tiver com a família em casa, façam isso todos juntos, com contato visual, simulações simples, brincadeiras. Por exemplo, como se tivessem recebido um telefonema de alguém falando algo muito engraçado. Esse é o momento de usar a criatividade, deixar o espírito infantil vir à tona e não julgar.
- A princípio, pode parecer estranho, mas depois todos se acostumam, sobretudo quando começam a usufruir dos benefícios.
- Para continuar sua descoberta e se inspirar acesse:
- https://www.meusmiolos.com.br/blog/tag/yoga-do-riso-isabela-capelao/
Sempre há algo a fazer
A prática da ioga tem sido o norteador da caminhada de vida da professora Maria José Marinho, yogueterapeuta e reiki máster há 58 anos. Com generosidade, ela garante que, enquanto não é possível mudar tudo o que está ocorrendo por causa da COVID-19, todos podem usar técnicas para amenizar, suplantar e evoluir diante desta situação: “O momento atual deve servir para evoluirmos sem medo, mas com uma inabalável vontade de manter um esforço coletivo para a reconstrução de um mundo melhor – com o ahimsa (a não violência) e o dharma, é a valorização do trabalho para construir um grande celeiro para juntos edificarmos a paz mundial”.
Maria José Marinho enfatiza que a prática regular da ioga ou meditação pode acalmar a ansiedade e reduzir o pânico, permitindo-nos manter a mente clara e seguir as diretrizes descritas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As técnicas de respiração também ajudam a manter o sistema respiratório forte e aumenta a imunidade. A ioga nos dá algo para fazer quando todo o resto é desligado. Pode ser praticada em qualquer lugar e cada um pode manter a prática por conta própria ou experimentar on-line.
Ela explica que a ioga, palavra que vem do sânscrito e significa união do Eu individual com o Eu universal, é a ciência da saúde perfeita, a união da saúde do corpo e da mente para uma maior expansão do espírito, muito mais do que apenas uma forma de se exercitar. “A somatização dos estados psicológicos ou emocionais alterados sobre o corpo físico é clara nos estudos de medicina atual, mas já eram conhecidos há 5 mil anos pelos praticantes da ioga, que buscaram a harmonia interior para ter saúde. As práticas são compostas de exercícios respiratórios, físicos e de relaxamento.”
A professora destaca que a ioga ensina a pessoa a usar o pensamento: “O pensamento cria as emoções, as emoções influem poderosamente no sistema glandular; o sistema glandular rege nosso corpo e o fisiologismo, que por sua vez, influencia no psiquismo e aqui está o que somos no momento: triste ou alegre, saudável ou doente. Então, é importante saber usar o pensamento, ser positivo e não banal. Acreditar na força do bem, na capacidade criativa do ser, na mudança extraordinária da consciência mundial voltada para o bem.” Ela conta que durante séculos, a ioga tem sido modo de vida da Índia. “O mix de práticas, disciplinas físicas, mentais e espirituais mantém as pessoas fortes em todos os sentidos. Com os casos de COVID-19 aumentando, o primeiro-ministro Narendra Modi compartilhou a rotina de exercícios físicos na TV e solicitou que todos pratiquem ioga para permanecer em forma durante a quarentena.”
Para quem nunca praticou, a professora recomenda começar com uma leitura sobre a ioga ou um curso on-line de formação EAD para iniciantes: “Temos uma literatura vasta sobre o assunto na internet, sobre a filosofia Yogue, sobre a vida dos grandes mestres e seus ensinamentos. E também assuntos relacionados, o que trará imenso alento a todos, já que ensina a viver o momento presente. Já ioga como exercício físico deve ser praticada inicialmente com instrutores formados. Temos aulas on-line disponibilizadas para todos nos canais da Escola de Yoga Ponto de Equilíbrio.”
Quanto à meditação, Maria José Marinho afirma que quem nunca praticou ioga pode começar a meditar por exigir técnicas mais simples que trarão imensos benefícios, como desenvolver a concentração e a intuição: “A meditação tem sido um instrumento maravilhoso até para a medicina. E cinco minutos por dia já é ótimo”. Como meditar? Sente em um lugar tranquilo, janelas abertas, coluna ereta, olhos fechados suavemente e comece a respirar suavemente. Sente que o lugar é cheio de energia, de luz, inspira, expira, suavemente. “Quando a respiração entra em você ela traz energia cósmica, Prana, uma forma de energia que vem do Sol. Uma onda de energia que abastece as atividades superiores mentais, emocionais e mentais.
Maria José Marinho compartilha com os leitores do Bem Viver sua rotina desde que a quarentena e o isolamento social passaram a fazer parte da sua vida e de todos nós. Você pode adotar todas as práticas ou incluir algumas no seu dia a dia.
Começando o dia: abra os braços de modo bem amplo, abra seu coração e afirme: “’Estou aberto e receptivo, hoje tenho todo o bem e a abundância do universo, na infinidade da vida em que estou, tudo é belo e harmonioso e hoje é um dia maravilhoso e escolho vivê-lo muito bem”. Isso cria na mente um programa para viver o dia com mais certeza e positividade.
A respiração: minha principal indicação é começar o dia com a prática do “Pranayama”’, a série de exercícios respiratórios da ioga, prática que oxigena o cérebro, programando uma renovação celular e acalma a ansiedade que surge em situações de estresse que estamos vivendo. A narina direita está ligada à mente e a esquerda às emoções. O exercício respiratório vai equilibrando todo o sistema nervoso, os estados de angústia vão se transformado em estados de paz, harmonia e amor. Uma dica importante é manter as vias aéreas e a garganta limpas.
As posturas (Asanas): as posturas, para quem já conhece e pratica – mesmos os iniciantes –, devem vir na sequência exercitando cada músculo e tonificando os órgãos. O que será muito bom para quem está trabalhando on-line, em home office. Finaliza com um relaxamento total. Lembre-se de que quem tem problemas de coluna deve evitar as práticas.
O conhecimento: tão importante como respirar é o conhecimento, o que vai levar a pessoa à evolução, a errar menos, desenvolver mais, ter mais possibilidades de conduzir a vida de maneira tranquila e serena.
Abrir espaço para o bem-estar
Nem todas as terapias alternativas prescindem da presença de um terapeuta e mesmo da necessidade de equipamentos. Podemos pensar na acupuntura, a presença de um profissional é indispensável. No entanto, há outras práticas em que o atendimento on-line é possível e efetivo, o que, neste momento de confinamento por causa da pandemia do novo coronavírus, é uma maneira para colaborar com a manutenção da qualidade de vida das pessoas, proporcionando a diminuição da ansiedade, fortalecimento da imunidade, controle da depressão e da angústia, abrindo espaço para o bem-estar.
Daniel Alan Costa, especialista em bases de medicina integrativa pelo Albert Einstein, professor de fitoterapia na USP, naturopata e acupunturista, membro da World Federation Chinese Medicine Societies (WFCMS), destaca que há ótimos resultados de tratamento a distância: “Depois de uma avaliação, tanto cromoterapia quanto a fitoterapia podem ser feitas em casa. O paciente consegue fazer o tratamento indicado e colocar em prática no dia a dia. Ao tratamos remotamente é essencial receber a autorização. A radiestesia também é possível. Como cada gráfico tem uma funcionalidade, basta a liberação do paciente para que o terapeuta aja e ative o campo energético”.
Para o naturopata, terapias como a cristaloterapia e os florais de Bach podem ser receitadas depois de uma sessão de anamnese on-line. Mas ele alerta que, em todas as técnicas, é sempre importante consultar um especialista, fazer a avaliação. “No consultório, é possível verificar sintomas físicos como tom de voz, postura, expressões faciais e corporais e até mesmo avaliar sinais no pulso e na língua do paciente, segundo a Medicina Tradicional Chinesa. Já quando atendemos a distância, precisamos contar com a autorização e com a disponibilidade da pessoa para receber as orientações e seguir o tratamento da forma correta.”
AROMAS Quem diria que o perfume exalado pelas plantas teria propriedades terapêuticas. A aromaterapia ganhou reconhecimento por meio do químico francês René Maurice Gattefosse em 1928, embora sua origem seja bem mais antiga. De um acidente em seu laboratório, com queimaduras nas mãos, ele tratou as feridas com óleo essencial de lavanda, depois que os remédios tradicionais não traziam resultado. Ele se curou por causa das propriedades antissépticas e cicatrizantes da lavanda. Foi aí que René foi atraído pelo poder dos óleos essenciais, das substâncias químicas produzidas pelos vegetais e, em 1937, publicou o livro Aromathérapie com todas as suas descobertas, fruto da observação clínica. Porções aromáticas capazes de restabelecer o equilíbrio das pessoas de forma integral.
Com diferentes propósitos, muitas pessoas são adeptas da aromaterapia. A farmacêutica industrial, perfumista e psicóloga Ana Volpe revela que o uso aromaterapêutico dos óleos essenciais e até mesmo de ervas frescas pode ser grande aliado durante a quarentena. Pensando nisso, ela selecionou duas especiarias de fácil acesso durante esse período, que todos podem usar. “Nada mais familiar do que o cravo e a canela. Para melhor aproveitar a propriedade aromática, basta esfregar, macerar ou quebrar essas especiarias e mantê-las próximas, de forma a sentir seu aroma e para obter seus benefícios. Quem tem o óleo essencial, pingar 20 gotas dissolvidas em água em um difusor. Sugiro utilizar separadamente e de acordo com a necessidade.”
Ana Volpe explica que o óleo de cravo estimula a concentração, foco, energiza e desobstrui os sete chacras. “Instiga quem o usa a fazer as coisas acontecerem, avançar e seguir em frente. Especial para quando estamos com medo de enfrentar ou aceitar uma situação. Pode ser útil quando precisamos de um toque de inspiração para resolver um problema ou uma situação. Além disso, ele é ótimo para usar em casa ou trabalho afastando toda a negatividade e protegendo o ambiente. Excelente para manter o foco.”
Já no aspecto emocional e vibracional, o óleo de canela é conhecido por aquecer os corações, trazendo aconchego, adoçando a vida e protegendo o campo áurico. “É bastante utilizado nesta época do ano, por ter também em seu aspecto vibracional a característica de atratividade, sendo muito usado para atrair prosperidade, boa sorte, amor e sucesso.” Ela destaca que os óleos essenciais ajudam a tranquilizar, equilibrar, intensificar a serenidade e até mesmo contribuem para uma sensação de melhor respiração ao ser usados em difusores.
Daniel Alan Costa também destaca a aromaterapia, técnica que pode ser aplicada em casa pelo próprio paciente, atuando individualmente ou no ambiente todo, para tratar a família por completo. Pode ser usada para acalmar, estimular e até para melhorar a imunidade do grupo. Ele explica que a lavanda (Lavandula angustifólia) tem ação calmante e uso comprovado para dor de cabeça, agitação, TPM, cólicas menstruais, ansiedade e depressão, que também são causas da insônia. Para indivíduos mais irritados, ou que vivem em ambientes estressores, ele indica os óleos de mandarina, bergamota e laranja doce.
Há também óleos com forte ação calmante que auxiliam no tratamento da insônia: camomila romana, valeriana, manjerona, ylang-ylang e manjericão. “Temos o óleo de patchouli, cedro, menta arvensis, eucalipto, que, além de auxiliar na falta de concentração, alivia a ansiedade em condições relacionadas ao estresse.”
No entanto, Daniel Alan Costa faz um alerta: “As propriedades harmonizadoras dos óleos essenciais vão oferecer um equilíbrio físico, mental e emocional duradouros. Mas é importante lembrar que eles não podem ser usados diretamente na pele. Nesse caso, a sugestão é inalar o aroma profundamente direto do vidro ou utilizar os colares aromatizadores individuais. Também podem ser usados em difusores para a casa estendendo o efeito para todos os integrantes da família, incluindo os animais”.
Fique por dentro
Se você não está familiarizado com muitas dessas terapias, Daniel Alan Costa, diretor da Escola Brasileira de Naturopatia, explica resumidamente as técnicas e os benefícios de algumas delas
- Cromoterapia: tratamento complementar que utiliza ondas emitidas pelas cores que, atuando nas células, melhoram o equilíbrio entre o corpo e a mente, sendo que cada cor apresenta uma função terapêutica diferente.
- Fitoterapia: estuda as plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças. Com propriedades calmantes, para ajudar a diminuir a ansiedade e a dormir bem, alguns chás são recomendados: erva-cidreira, erva-doce, macela, passiflora, camomila, mulungu e valeriana. O mulungu (Erythrina velutina), também conhecido como canivete, bico-de-papagaio e corticeira, é uma planta medicinal eficaz no tratamento de problemas psicológicos relacionados ao estresse. Na Alemanha, na Grã-Bretanha e em outros países europeus, a valeriana é aprovada por autoridades médicas como uma planta que auxilia o sono. Já a passiflora é mais conhecida por seu fruto, o maracujá. A Passiflora edulis (maracujá roxo), a Passiflora edulis Sims f. flavicarpa Deg. (maracujá amarelo) e o Passiflora alata (maracujá doce) estimulam a liberação de hormônios que levam ao relaxamento e sensação de bem-estar. Por isso, a planta é benéfica em casos de insônia e ajuda a evitar a depressão devido à sensação de bem-estar.
- Cristaloterapia: a terapia com os cristais consiste em equilibrar os corpos energéticos sutis e, em consequência disso, o corpo físico também entra em equilíbrio, já que um influencia o outro. Existem diversas formas de trabalhar terapeuticamente com os cristais. A mais comum é por meio da disposição de cristais sobre o corpo, que pode ser sobre a área a ser tratada ou sobre chacras, importantes centros de energia que regulam em níveis mais sutis a nossa saúde. Podemos ainda ter o uso de elixir de cristais, que é a preparação de água potencializada com a energia dos cristais. Exemplos: a ametista, pedra básica do sétimo chacra, é a pedra da meditação e transmutação, do autodomínio e do relaxamento. Proporciona estabilidade e clareza de pensamento. Atua como calmante e integra os sistemas do corpo. A pirita ajuda no tratamento de depressão, liberta de medos e frustrações, reduz a ansiedade.
- Florais de Bach: os florais de Bach promovem alívio por meio de fórmulas naturais. Trazem melhoras em tratamentos no âmbito emocional, ajudando quem passa por problemas como a ansiedade. Consultar um terapeuta é importante para ter uma fórmula personalizada que atenda da melhor maneira à situação atual do paciente. A combinação de florais chamada rescue tem a função de agir rápido para alívio emocional e pode ser usada em situações nas quais a pessoa precisa restabelecer o equilíbrio emergencialmente.