Jornal Estado de Minas

Aliados no equilíbrio físico e emocional

Óleos essenciais ajudam na promoção da saúde

O uso de óleos essenciais como tratamento complementar passou a ser adotado por diversos profissionais de saúde a fim de promover ou melhorar a saúde e o bem-estar. A prática é reconhecida pelo Ministério da Saúde, incluída na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Com eficiência comprovada em procedimentos terapêuticos ao tratar de doenças causadas por outros vírus, especialistas acreditam que esse recurso pode ser opção em meio à pandemia do novo coronavírus.





 

No Brasil, a aromaterapia é reconhecida como uma prática integrativa e complementar com amplo uso individual e/ou coletivo, podendo ser associada a outras práticas como talassoterapia e naturopatia, e considerada uma possibilidade de intervenção que potencializa os resultados do tratamento adotado. “Como prática multiprofissional, tem sido adotada por diversos profissionais de saúde e empregada nos diferentes setores da área para auxiliar, de modo complementar, a estabelecer o reequilíbrio físico e/ou emocional do indivíduo”, informa o aromatólogo e CEO do Grupo Laszlo, Fábián László Flégner.

 

Ele explica que os óleos essenciais podem ser aplicados de diferentes formas, por meio da massagem, da inalação e via oral. “A aromaterapia pode atuar em um nível fisiológico, ao ser absorvida pelo nosso corpo, atuando em vários mecanismos celulares. Os aromas têm propriedades analgésicas, de atuação em alguns receptores hormonais, atuação anti-infecciosa e expectorante.”

 

O especialista em aromaterapia ressalta que os óleos podem atuar, também, no controle psicológico. “Após a inalação, os aromas agem em uma parte do cérebro chamada de sistema límbico, relacionado às emoções e memórias. Então, em muitas situações de comportamento e  emocional, como de ansiedade, depressão, raiva e irritabilidade, os aromas podem ajudar, minimizando essas reações e ajudando no equilíbrio.”





 
COVID-19

 

László destaca que, apesar de não haver nenhum estudo que avalie e comprove a eficácia do uso de aromatizantes no tratamento da doença causada pelo novo coronavírus, outras pesquisas apontam que tal prática pode propiciar resultados positivos nesse quesito, visto que anteriormente o uso de aromas para tratar patologias, também provocadas por vírus, obteve êxito.

 

“Temos alguns trabalhos bem promissores quanto à possibilidade de que os óleos essenciais tenham eficácia contra o novo coronavírus. Isso porque uma pesquisa realizada com o Sars-CoV-1, antecessor ao atual, mostra que óleos essenciais dos frutos do louro apresentaram eficácia muito elevada na erradicação e inibição da infectibilidade do vírus”, diz.

 

O aromatólogo conta que outro estudo, desta vez feito com eugenol, componente comum em óleos essenciais e encontrado no cravo-da-índia, foi eficaz contra o vírus ebola. “O interessante é que, apesar de o ebola não usar o mesmo receptor do coronavírus, ele tem um nível de infecção tão grande quanto, porque utiliza espículas que ficam ao redor do vírus para se acoplar ao receptor e invadir o corpo. Portanto, se a aromaterapia pode ser eficaz nesse caso, é possível que respostas similares sejam obtidas quanto ao novo coronavírus.”





 

László ressalta, ainda, que um trabalho realizado com o vírus Influenza H1N1 apontou níveis de eficácia altos para o tratamento feito com as essências de canela e bergamota. “Nesse caso, a bergamota, óleo essencial cítrico, conseguiu inibir esse vírus em 10 minutos no ar”, conta.

 

Por isso, o especialista acredita que resultados positivos poderiam ser obtidos também no tratamento contra a COVID-19, ao se combinar esse recurso com difusores de ambiente, por meio da inalação. Isso porque, além da possibilidade de eficácia contra a doença em si, alguns óleos essenciais têm efeito imunoestimulante, aumentando a produção de imunoglobinas e anticorpos capazes de combater a infecção. No entanto, para László, os aromas podem ajudar também na prevenção da doença, por meio da aplicação em máscaras.

 

“É importante destacar que esse é um tratamento complementar de casos não crônicos ou de pessoas que estão em casa e não têm nenhum recurso. A aromaterapia surge como aliada, mas não se pode tratar e insistir apenas no óleo essencial como tratamento. Em casos de evolução para uma gravidade maior, o médico deve ser procurado para que não haja nenhuma complicação ou óbito.”





 

Testes clínicos ainda não foram feitos, e László atribui isso à falta de atenção do corpo médico destinada a esse recurso. “Acredito que poderíamos ter um resultado terapêutico incrível. Há uma concentração da medicina em diversos estudos, como o uso da cloroquina ou de antiparasitários, e atributos naturais muitas vezes são esquecidos, como é o caso dos óleos essenciais, que são de baixa toxicidade e têm menores efeitos colaterais. O resveratrol da uva, por exemplo, demonstrou potencial frente ao coronavírus, mas ninguém se atentou para isso. Bastaria a medicina e os cientistas darem mais atenção a esse tipo de tratamento.”

 

Na guerra

 

László conta que os óleos essenciais foram utilizados, inclusive, na primeira e segunda guerras mundiais, obtendo resultados considerados “interessantes”. Na Primeira Grande Guerra, os aromas foram usados a fim de conter o risco de infecção, reduzindo consideravelmente o índice de complicações.

 

“Já na segunda Guerra Mundial, esse recurso foi utilizado para suprir a falta de tratamentos tradicionais, como medicamentos e analgésicos. Foram colhidos resultados muito promissores que levaram o médico Jean Valnet a escrever um livro sobre o potencial do uso de óleos essenciais no tratamento de infecções e diversas outras doenças”, destaca.

 

* Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram