O novo coronavirus não só tem causado milhares de mortes e impactos na economia, mas também provocado o aumento dos transtornos mentais, acarretando abalos psicológicos para muitos indivíduos. A tendência é que esses problemas persistam na vida “pós-pandemia” e as pessoas devem se preparar para encarar um “novo normal”. A avaliação é da psicóloga Aldelúcia de Castro Souza, professora do curso de psicologia das Faculdades Unidas Norte de Minas (Funorte), de Montes Claros, no Norte de Minas.
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Aldelúcia afirma que os cidadãos devem se preparar para o enfrentamento da nova situação, mudando seus hábitos. “Evitem ficar presos a esquemas habituados do modo de viver anterior à pandemia e preparem-se para enfrentar o novo com mente aberta”, recomenda.
“O momento exige exercitar a resiliência, ressignificar, saber administrar pensamentos e sentimentos de forma saudável e fortalecer a percepção de interdependência", observa a psicóloga, lembrando que “superar dificuldades é fundamental para o desenvolvimento humano”.
Aldelúcia destaca que a pandemia da COVID-19 trouxe mudança de rotina, isolamente social, adiamento de planos, prejuízos financeiros e a própria incerteza sobre a duração e as consequências das mudanças, gerando também medo, angústia e preocupação.
Segundo ela, a pandemia acabou provocando um aumento pela procura dos consultórios dos psicólogos, sobretudo no sistema a distância. “No meu caso, o atendimento on-line aumentou em cerca de 80%. Pessoas de outros estados como Bahia, São Paulo, Bahia e Santa Catarina e também brasileiros que estão na Europa e nos Estados Unidos”, relata.
Pensamentos perturbadores
Conforme explica a psicóloga, o transtorno mental é caracterizado pelo aumento de emoções ruins, de pensamentos perturbadores, catastróficos, irrealistas e alterações fisiológicas.
“Esses fatores interferem na qualidade do sono, do apetite, do ritmo cardíaco e da respiração, logo comprometem a qualidade de vida do indivíduo. Muitas pessoas anteriormente satisfeitas com seu equilíbrio mental se desequilibraram neste período de pandemia”, salienta Aldelúcia.
Ela ressalta que os transtornos mentais acabam acarretando outros problemas. No caso da ansiedade, a pessoa demonstra preocupação excessiva, sofrendo tensão muscular, dificuldade para relaxar, falta de ar, taquicardia, sudorese, tremor, boca seca, dificuldade de concentração e intolerância às incertezas.
“Esses sintomas em níveis altos predispõem ao ataque de pânico, que é o ápice da ansiedade”, explica. Nos transtornos depressivos, descreve, “as pessoas são inundadas de pensamentos catastróficos e negativistas. Sentem desânimo, falta de energia, insônia ou hipersonia, alterações do apetite, baixa esperança e pensamentos recorrentes de morte”.
Fobias nos tempos de coronavírus
Aldelúcia Castro lembra que o aumento das fobias é outro aspecto associado com a pandemia do novo coronavirus: “Nas fobias, além dos sintomas de ansiedade, as pessoas ficam em estado constante de alerta, com medo de contraírem a doença ou de que alguém próximo se contamine”.
A especialista acrescenta: “É comum desencadearem comportamento de autoconferência, checando constantemente se estão apresentando alguns dos sintomas do novo coronavírus. Evitam contato com outras pessoas ou sair de casa, mesmo que protegidas, porque exageram sobre os riscos de contaminação com pensamentos irrealistas”.
Diante desse quadro, a psicóloga orienta como deve ser o comportamento das pessoas para garantir o equilíbrio mental: “É importante reconhecer que emoções são sentimentos normais que podem ser administrados, sem deixar que os níveis se elevem a ponto de desencadear um desequilíbrio. Observe os tipos de pensamentos e confira se estão distorcidos da realidade, exagerados ou catastróficos. Procure ajustá-los com base em dados reais, se for preciso converse com alguém em quem confia ou busque ajuda profissional”.
Ela também aconselha: "Foque a sua atenção para o presente, evite pensar no passado ou ficar imaginando o futuro, para evitar inundações de pensamentos negativos, permitir a criatividade fluir e alcançar o relaxamento físico e mental”.
Outra dica da especialista para a boa saúde mental é “realizar técnicas de meditação, prestar atenção na respiração e sentir-se vivo. Manter a atenção plena no presente para desfrutar do que faz proporciona o equilíbrio entre a mente e o corpo”.
“A chave é saber identificar se o seu pensamento está lhe servindo, causando um bem estar, ou se está lhe afetando de forma negativa, para reajustá-lo”, conclui Aldelúcia.
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