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Estado de Minas SAÚDE

Suplementos: Existem cápsulas consideradas milagrosas?

Suplementos orais contendo vitaminas, minerais e certas substâncias orgânicas naturais, os nutricosméticos ganham atenção de profissionais de saúde e do público em geral. Mas é preciso avaliar bem antes de consumir


22/11/2020 04:00 - atualizado 22/11/2020 08:00
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(foto: Arek Socha/Pixabay)

Antes de indicar um suplemento mineral, seja o cálcio ou qualquer outro, ou uma vitamina ou complexo vitamínico, é importante ter de um profissional da saúde o resultado de um cálculo nutricional para verificar quanto deste ou daquele mineral/vitamina já não está na sua dieta. Muitos comprados sem prescrição, as famosas cápsulas anunciam diversos benefícios, mas nem sempre entregam o que prometem.

O médico Leonardo Amédée Péret, dermatologista do
Hospital Madre Teresa, explica que os suplementos orais contendo vitaminas, minerais e certas substâncias orgânicas naturais, os nutricosméticos, vêm ganhando maior atenção de profissionais de saúde e do público em geral na busca por melhora da qualidade da pele, dos cabelos e das unhas e correção de problemas dermatológicos.

Eles são comercializados em cápsulas e em preparações em pó. “Alguns têm benefícios já conhecidos. Outros, entretanto, carecem de boa evidência científica que justifique o seu uso.

O consumo desses produtos deve vir acompanhado pela adoção de hábitos adequados, uma alimentação balanceada e, quase sempre, de produtos ou medicamentos de uso tópico para a obtenção de resultados desejados”, afirma.
 
Leonardo Amédée Péret destaca que é possível obter as vitaminas e minerais em quantidades suficientes para o organismo por meio de uma alimentação adequada. Entretanto, ele ressalta que muitas pessoas não conseguem fazer isso da melhor forma e podem se beneficiar de suplementação.

“É o caso dos idosos e de pessoas que não adotam uma rotina de alimentação saudável ou não dispõem de todas as fontes necessárias de nutrientes. Veganos e pessoas que fizeram cirurgia bariátrica devem ser avaliados de forma individualizada.”

O dermatologista Leonardo Péret diz que é possível obter vitaminas e minerais adequados por meio de uma alimentação balanceada
O dermatologista Leonardo Péret diz que é possível obter vitaminas e minerais adequados por meio de uma alimentação balanceada (foto: Assessoria de Comunicação do Hospital Madre Teresa/Divulgação)
Além disso, o dermatologista afirma que há situações específicas, em que a ingestão adicional de alguns elementos pode contribuir para o combate ao envelhecimento da pele e a problemas dos cabelos e das unhas.

Mas Leonardo Amédée Péret faz um alerta: “Penso que é importante ressaltar que muito se precisa ainda pesquisar sobre nutracêuticos, sobre seus benefícios reais e sua segurança, reforçando que o acompanhamento do profissional de saúde é fundamental.”

Leonardo Amédée Péret avisa que o uso indiscriminado de nutracêuticos, sem a orientação de um profissional de saúde, pode levar ao consumo de altas doses de alguns desses componentes. “Um exemplo é a vitamina E, cuja ingestão diária excessiva e por longo tempo está associada ao aumento da mortalidade e ao câncer de próstata.

O uso de antioxidantes em altas doses também pode trazer outros malefícios. Eles combatem os processos de oxidação, que leva ao envelhecimento. Porém, a oxidação também é necessária para o funcionamento das células, do sistema imunológico, dos hormônios e até para a aprendizagem e a memória.”


ALTERNATIVAS 


O dermatologista pontua ainda outros riscos. Segundo ele, o excesso de selênio pode causar queda dos cabelos. A vitamina B12 pode provocar acne. A dose alta de biotina pode interferir em resultados de certos exames e com o uso de alguns medicamentos. Além disso, existem algumas diferenças quanto ao sexo e à idade na prescrição desses suplementos, o que deve ser sempre observado.
 
Leonardo Péret diz que há alternativas. “O uso tópico de produtos com derivados da vitamina A e com vitamina C deve fazer parte das estratégias de combate ao envelhecimento da pele. Atuam como antioxidantes, induzem a renovação celular, estimulam a síntese e impedem a degradação do colágeno.”

O médico lembra ainda que doenças dermatológicas também podem ser tratadas com o auxílio de suplementos. “O zinco pode ter efeito na acne; há indícios de que o selênio, a vitamina D e a nicotinamida possam ajudar na redução do aparecimento do câncer da pele; e probióticos são úteis na dermatite atópica e na acne e têm sido amplamente estudados.”

Efeitos da reposição


O médico endocrinologista Bruno Mourão França afirma que o benefício esperado para o uso de um multivitamínico é repor as vitaminas e minerais faltantes de maneira prática e com menor custo que a reposição individual de cada elemento. O efeito da reposição, segundo ele, é bem evidente para as pessoas que têm risco de deficiência vitamínica.

O endocrinologista explica que os multivitamínicos para mulheres e homens têm composição semelhante, exceto por discretas mudanças na concentração de um elemento ou outro. “Os suplementos propagados para o público feminino costumam ter um pouco mais de ferro e cálcio em sua composição.”
 
Ao discutir reposição de vitamina, a D sempre é uma das mais faladas e não é uma unanimidade. Na pandemia do novo coronavírus, novamente ela ganha notoriedade. Bruno Mourão França explica que o papel do uso da vitamina D como parte do tratamento da COVID-19 é assunto ainda em investigação.

“O que vemos na prática clínica é que as medidas de isolamento fizeram com que a exposição das pessoas ao sol diminuísse e, consequentemente, as dosagens de vitamina D dos pacientes atendidos no consultório estão mais baixas que o habitual. Temos feito a reposição com maior frequência. O uso da vitamina D, se feito na dose correta, não traz riscos. A toxicidade ocorre somente com o uso indiscriminado de doses muito altas.”

A busca pela prescrição das vitaminas também tem a ver com a busca de mais vitalidade, ânimo, controle do estresse e até da “felicidade”, jovialidade.

“A suplementação vai melhorar o bem-estar da pessoa que tem a falta de alguma delas. Já a indicação do uso de multivitamínicos para prevenção ou melhora de doenças em indivíduos com a dieta adequada carece de mais evidências científicas. Imagino que a suplementação intensiva propagada por algumas pessoas que apresentam excelentes condições físicas possa ser só um reflexo do cuidado que elas têm consigo mesmas. São pessoas que em geral buscam ter boa alimentação, que praticam atividades físicas e que fazem as avaliações preventivas com orientação de bons profissionais. O uso das vitaminas, no caso, seria uma pequena parte do processo de atenção à saúde”, encerra a questão o endocrinologista.

O CORPO PERFEITO 


O péssimo hábito da automedicação está enraizado não só na compra de remédios para alguma doença ou mal-estar como também na forma de suplementos, que não são medicamentos, para fins estéticos.

A fisioterapeuta dermatofuncional Paula Mota, professora da Estácio BH, revela que diariamente lida com clientes e percebe “a alta procura por milagre, principalmente de produtos aliados do rejuvenescimento.

O suplemento não vai tratar, mas oferecer o nutriente deficiente no organismo. Se tomar sem necessidade, como o corpo é perfeito, ele absorverá o que precisa e o restante vai eliminar”.

No entanto, há um problema sério, enfatiza Paula Mota, acrescentando que há chance de o organismo não eliminar o excesso de suplementação e a consequência é levar para níveis tóxicos e ter efeitos colaterais graves.

A dose a mais de ácido pantotênico, muito comprado por ser o responsável pela síntese coenzima A, que é responsável pela geração de energia no organismo durante a metabolização de açúcares e lipídios, sendo boa para o colesterol, em doses altas causa diarreia e intoxicação. Muito betacaroteno pode deixar a pele com aspecto laranja.

Paula Mota destaca que é preciso atenção e cuidado com a resposta metabólica do organismo.

“É importante frisar a necessidade de consultar um especialista e nunca esquecer que vitaminas e minerais estão presentes no alimento. A biotina, muito consumida, é essencial no metabolismo de gorduras e proteínas, que estimula o corpo a regenerar, fortalecendo as unhas e os cabelos, deixando-os mais saudáveis, está presente no amendoim e nas nozes. E as doses não são grandes. Então, se quer vitamina C, coloque na rotina sucos de laranja e limão sem açúcar. As pessoas, ao cuidar da estética, só enxergam o lado bom e  apagam os riscos, que são reais.”

A dermatofuncional destaca que qualquer que seja o suplemento vitamínico, tem benefícios e contraindicações, e quem se automedica coloca em risco a saúde, além de jogar dinheiro fora.

“Se não hidratar a pele, se não tem aminoácidos, não adianta ingerir cápsulas e mais cápsulas de colágeno hidrolisado porque ele vai entrar e ir embora do organismo sem o efeito desejado, de firmeza e elasticidade”. Paula Mota tem mais orientações no Instagram @profpaulamota.


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