Colocar um tênis, pegar um fone de ouvido e sair andado e/ou correndo pela cidade, avistando a paisagem e em busca de hábitos melhores de saúde. Parece correto e o mais saudável a se fazer, porém, sem indicação médica e orientação profissional, ambos exercícios podem se tornar grandes vilões. Isso porque, a depender das condições físicas do organismo, essas podem não ser as atividades indicadas.
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Exercícios físicos na juventude ajudam no envelhecimento saudávelCoronavírus e atividade física: idosos devem se movimentar mesmo em isolamento domésticoAtividade física é fundamental também para doentes oncológicosElas se encontram para correr: participe do Encontro Delas, em BH Encontro Delas: estão abertas as inscrições para corrida feminina em BH Caminhada é a atividade física mais praticada nas capitais brasileiras11 minutos de caminhada rápida diária evitam morte precoce, aponta pesquisaUma simples caminhada pode afastar o risco de trombose, infarto e AVC Diferença de desempenho em corrida é pequena entre homens e mulheresNeste cenário, o especialista destaca que pessoas hipertensas, por exemplo, só devem se submeter a prática, após liberação médica, se estiver medicada e com a pressão controlada. Em caso de pessoas acima do peso, a corrida deve ser evitada, bem como longas distâncias, para que o peso do corpo não sobrecarregue as articulações, o que pode causar lesões graves.
Independentemente da condição, é fundamental que o indivíduo tenha conhecimento de seus limites e não os exceda, a fim de evitar danos ao físico. Alongamento e aquecimento são primordiais ao início e ao fim de cada atividade física, incluindo as caminhadas e corridas. Isso porque, o método fortalece os membros inferiores e previne lesões no joelho, tendinites, fraturas, cãibras, dores no quadril ou inflamação na canela.
Além disso, outros cuidados devem ser tomados. No quesito calçado, a ordem é: invista em um tênis confortável, que tenha boa tração nas solas e amortecimento, pra absorver os impactos do corpo no solo, pois a utilização de equipamentos corretos faz total diferença na qualidade do treino. “Um calçado errado pode causar danos, inclusive, na coluna”, aponta Daniel.
As roupas também devem ser escolhidas com atenção. É de suma importância que elas sejam compatíveis com o clima local e confeccionado com tecidos leves e confortáveis, com material respirante. Tudo isso para que a transpiração seja liberada de forma eficiente durante o esforço físico e a pele se mantenha seca. “Para aqueles que vão realizar as atividades durante o dia, o uso de óculos de sol com proteção, protetor solar e boné ou viseira também é aconselhável. E, claro, lembre-se de beber água”, completa o especialista.
Mais um ponto de alerta está na companhia dos inseparáveis fones de ouvido. De acordo com o ortopedista, a prática de exercícios acompanhada de amigos e/ou música pode ser muito importante. No entanto, alguns impactos e danos podem ser sentidos se houver exagero de distrações. Um colega, por exemplo, normalmente estimula o outro, fazendo com que ambos não desistam da modalidade. Porém, quando há distração, danos podem ser percebidos.
"Cada pessoa funciona de uma maneira e só com uma avaliação sobre o estado físico e de saúde é que é possível saber se esses exercícios podem
ser feitos”
Daniel Oliveira, médico ortopedista
“O mesmo ocorre com a música. Tanto na caminhada quando na corrida, quando feitas com fones de ouvido, o praticante pode aplicar uma força maior e mais rápida nas pernas e/ou ter a respiração e frequência cardíaca mais elevada durante o treino. Importante lembrar, ainda, que, em ambientes com circulação de veículos – carros, motos, bicicletas etc. – o uso de fones de ouvido pode elevar o risco de acidentes e atropelamentos”, completa.
COMO COMEÇAR
Para quem nunca praticou corridas e/ou caminhadas e deseja dar início à prática, a dica é começar gradativamente. Mas, antes disso, o primeiro passo deve mesmo ser uma consulta médica para avaliação. Se estiver tudo certo, Daniel recomenda adquirir os equipamentos ideais – tênis confortável, com amortecimento, e roupas leves e respirantes – e aí, sim, praticar. Segundo ele, é importante que ela seja feita regularmente até que se torne, então, um hábito, com mais condicionamento físico e cardiorrespiratório.
“Para quem está totalmente parado, o ideal é começar a prática da caminhada por 20, 30 minutos por dia. Lembrando sempre da importância do alongamento e do aquecimento. Para quem deseja passar da caminhada para a corrida, vale intercalar os dias e o tempo. Por exemplo, comece a atividade caminhando e corra por algum tempo. Em seguida, volte a caminhar. À medida que o corpo acostumar com a mudança, vale cronometrar o tempo. Inicie com mais tempo de caminhada e pouco de corrida até conseguir inverter.”
Sobre a consultoria com grupos de corrida, é uma boa ideia? De acordo com Daniel, sim. Para o ortopedista, qualquer acompanhamento especializado é bem-vindo em qualquer circunstância. “Investir na prática de atividade é investir na própria saúde. Os grupos de corrida são compostos de educadores físicos e, muitas vezes, têm suporte de equipe fisioterápica e médica. O treinador monta uma planilha de treinos totalmente individualizada e que corresponde ao estado físico e aos objetivos de cada praticante”, pontua.
BENEFÍCIOS
Caminhada ou corrida? Ambas trazem inúmeros benefícios à saúde do corpo humano e do psicológico. “Elas auxiliam no controle da hipertensão, do diabetes, do colesterol, ajudam a liberar endorfina, promovem sensação de bem-estar, diminuem a vontade de comer o tempo todo, auxiliam no sono de qualidade e melhoram o sistema circulatório, aumentando o fluxo de circulação do sangue e melhorando o retorno venoso, com o objetivo de levar oxigênio às células dos músculos e tecidos próximos”, diz Daniel.
Além disso, o ortopedista destaca que a prática da caminhada e da corrida beneficiam as articulações, em razão do impacto que exercem sobre os ossos. Inclusive, o especialista pontua que idosos que praticam os exercícios conseguem adquirir uma maior densidade de massa óssea, combatendo a osteoporose e diminuindo o risco de fraturas após quedas da própria altura. “É muito importante esse tipo de prática, pois a promoção de saúde é o pilar para uma vida longeva e saudável.”
*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram
Pratique com segurança!
» Consulte um médico ou especialista para liberação dos exercícios
» Pessoas hipertensas: pratique as atividades medicada e com pressão controlada
» Pessoas acima do peso: evite corridas e longas distâncias para não sobrecarregar as articulações
» Faça alongamentos e aquecimentos antes e depois da prática
» Use tênis confortável, que tenha boa tração nas solas e amortecimento, pra absorver os impactos do corpo no solo
» Use roupas leves, confortáveis e respirantes
» Use protetor solar, óculos escuros e beba água
» Evite distrações para que não haja riscos de excesso na prática, quedas e/ou atropelamentos.
Fonte: Daniel Oliveira, médico ortopedista