O Brasil tem o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo, com cerca de quatro milhões de pessoas cadastradas no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Destes, mais de 520 mil estão cadastrados em Minas Gerais.
Porém, além das pequenas chances de encontrar um doador compatível – uma em 500 mil –, a pandemia influenciou, e muito, na queda de doações.
Porém, além das pequenas chances de encontrar um doador compatível – uma em 500 mil –, a pandemia influenciou, e muito, na queda de doações.
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Segundo o oncologista Bruno Ferrari, fundador e presidente do Conselho de Administração do Grupo Oncoclínicas, os números são um reflexo do medo de contágio.
“A expectativa é que esse cenário mude, mas para isso é fundamental informar a população quanto aos processos e fluxos seguros dentro de hemocentros e hospitais, e conscientizar que a doação de medula óssea é um gesto de solidariedade que pode salvar vidas”, destaca.
“A expectativa é que esse cenário mude, mas para isso é fundamental informar a população quanto aos processos e fluxos seguros dentro de hemocentros e hospitais, e conscientizar que a doação de medula óssea é um gesto de solidariedade que pode salvar vidas”, destaca.
Nesse cenário, com o objetivo de conscientizar e esclarecer a sociedade sobre a importância da doação e do transplante de medula óssea, a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, realizada anualmeente entre os dias 14 e 21 de dezembro, e estabelecida há 10 anos, visa ampliar a conscientização acerca do ato.
Neste período, o Redome e os hemocentros do país farão uma força-tarefa por meio de ações informativas e de cadastro de doadores com o propósito de mobilizar os cidadãos.
Neste período, o Redome e os hemocentros do país farão uma força-tarefa por meio de ações informativas e de cadastro de doadores com o propósito de mobilizar os cidadãos.
“Ter uma semana dedicada a doação de medula óssea, de células para transplante de medula óssea, é um fato muito importante, porque sinaliza que isso é um projeto da sociedade como um todo e não necessariamente de pequenos grupos e pacientes ou de hospitais e clínicas. É um projeto que tem impacto na comunidade inteira. Realmente, é muito importante que ter uma semana dedicada a esse tipo de conscientização”, afirma o hematologista do Grupo Oncoclínicas, Wellington Azevedo.
Ainda, para o hematologista, é importante alertar a população sobre a importância da doação para milhares de famílias, principalmente aquelas que as chances de compatibilidade são ainda menores – situações nas quais há um número pequeno de filhos ou mesmo nenhum.
“Por isso, é essencial que continuemos expandindo nosso banco de doadores. E, também, porque as pessoas envelhecem, deixando de ser eletivas para transplantes. Então, é necessário que haja uma reposição com pessoas jovens para que esse banco continue”, explica.
“Por isso, é essencial que continuemos expandindo nosso banco de doadores. E, também, porque as pessoas envelhecem, deixando de ser eletivas para transplantes. Então, é necessário que haja uma reposição com pessoas jovens para que esse banco continue”, explica.
Como ser um doador
Haja vista a importância de que mais pessoas se solidarizem com a causa e se disponham a ser doadores de medula óssea, conforme ressaltado pelo hematologista Wellington Azevedo, em Minas Gerais, cerca de 20 hemocentros, sendo três deles localizados na capital do Estado – Belo Horizonte – estão prontos para receber pacientes doadores. O processo é simples.
Após preencher uma ficha com informações pessoais, são retirados 10 ml do sangue do candidato a doador a fim de fazer o exame de histocompatibilidade (HLA), que cruza com os dados de pacientes à espera do transplante.
“Os voluntários devem manter o cadastro atualizado. Assim, quando houver compatibilidade, o doador será contatado”, informa Wellington Azevedo.
“Os voluntários devem manter o cadastro atualizado. Assim, quando houver compatibilidade, o doador será contatado”, informa Wellington Azevedo.
A doação de medula óssea em si é um procedimento de baixo risco e, dependendo de alguns fatores, pode ser realizada pelo sangue periférico, por meio de um processo chamado de citaférese, ou pela coleta da medula óssea nas cristas dos ossos ilíacos, por procedimento cirúrgico, sob anestesia geral.
“É um processo feito em centro cirúrgico que requer internação de 24 horas. Para ser doador é necessário ter entre 18 e 60 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde e não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou no sistema imunológico”, explica o especialista.
“É um processo feito em centro cirúrgico que requer internação de 24 horas. Para ser doador é necessário ter entre 18 e 60 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde e não apresentar doença neoplásica (câncer), hematológica (do sangue) ou no sistema imunológico”, explica o especialista.
Como é o transplante
O transplante de medula óssea é indicado para portadores de doenças onco-hematológicas, como leucemias, síndrome mielodisplásica, linfomas, mieloma múltiplo, alguns tumores sólidos, falências medulares, imunodeficiências congênitas, hemoglobinopatias e doenças autoimunes.
Assim, o procedimento de transplante pode ocorrer de duas formas: com células transplantadas do próprio paciente, o chamado método autólogo, ou com células doadas por parente ou não aparentado, conhecido como alogênico.
Em caso de transplante alogênico, o receptor precisa se submeter, antes de receber a doação, a quimioterapia. “Dependendo do caso clínico, é feita radioterapia no corpo inteiro para tratar a doença de base e enfraquecer o sistema imunológico para aceitar as células do doador”, descreve Wellington Azevedo.
Em caso de transplante alogênico, o receptor precisa se submeter, antes de receber a doação, a quimioterapia. “Dependendo do caso clínico, é feita radioterapia no corpo inteiro para tratar a doença de base e enfraquecer o sistema imunológico para aceitar as células do doador”, descreve Wellington Azevedo.
A partir disso, o paciente fica internado em regime de isolamento especial até que a medula óssea do doador comece a produzir os glóbulos brancos, que são as células de defesa do corpo, o que é chamado de “pega” da medula óssea ou enxertia.
“Só então, e quando o paciente estiver sem infecções, se alimentando e se hidratando adequadamente, o que pode levar até 90 dias, ele receberá alta hospitalar”, finaliza o hematologista do Grupo Oncoclínicas.
“Só então, e quando o paciente estiver sem infecções, se alimentando e se hidratando adequadamente, o que pode levar até 90 dias, ele receberá alta hospitalar”, finaliza o hematologista do Grupo Oncoclínicas.
Futuro
Em busca de melhores condições de transplante, bem como de não haver dependência direta de coletas de volumes consideráveis de células, Wellington Azevedo traça um parâmetro para o futuro do procedimento.
“Pode ser que consigamos ter cultura de células, bem como expandi-las em laboratório. Isso ainda é um fato novo, em processo experimental. Por isso, a importância de podermos contar, no presente, com mais doadores.”
“Pode ser que consigamos ter cultura de células, bem como expandi-las em laboratório. Isso ainda é um fato novo, em processo experimental. Por isso, a importância de podermos contar, no presente, com mais doadores.”
“A doação de medula é bastante segura e muito necessária. Tem sido salvadora. Para se ter ideia, temos recebido medula de diversos países, assim como as do Brasil vão para outras nações. Então, isso é muito importante. O banco de doadores hoje tem um impacto mundial e ultrapassa as fronteiras nacionais”, justifica.
*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram