Sem cura, a doença de Parkinson tende a ser debilitante aos pacientes acometidos pela patologia. Porém, uma nova tecnologia, recentemente implantada no Brasil, promete revolucionar o manejo da doença, proporcionando autonomia e melhor qualidade de vida ao doente.
Trata-se de um dispositivo de neuromodulação. Para além de controlar os sinais da patologia, ele é composto de um sistema de monitoramento contínuo capaz de captar os sinais cerebrais do paciente 24 horas por dia.
Trata-se de um dispositivo de neuromodulação. Para além de controlar os sinais da patologia, ele é composto de um sistema de monitoramento contínuo capaz de captar os sinais cerebrais do paciente 24 horas por dia.
Leia Mais
Hipofracionamento otimiza tratamento de câncer de mama; entendaInsulina ultrarrápida chega ao Brasil para tratamento de diabetesPacientes com leucemia encontram dificuldades para manter tratamentosDia Mundial serve como alerta para a prevenção e tratamento do ParkinsonEstudos apontam o potencial do própolis no tratamento de ParkinsonParkinson: entenda a doença que acomete a jornalista Renata Cappuci 'Parei de tomar banho e minha vida continuou', diz professor de YalePara ter acesso aos dados, o médico só precisa instalar um aplicativo. Todos os eventos são compartilhados em uma espécie de diário digital com a equipe médica, que poderá comparar e identificar tendências e mudanças ao longo do tempo.
Além disso, o dispositivo permite que o paciente seja submetido a ressonâncias magnéticas, um dos principais exames de controle do Parkinson.
“Chamado de DBS (do inglês, Deep Brain Stimulation), esse é um dispositivo implantado cirurgicamente, semelhante a um marcapasso cardíaco, para fornecer estimulação elétrica a áreas precisamente direcionadas do cérebro”, explica o neurocirurgião Murilo Marinho, especialista em distúrbio do movimento.
“Chamado de DBS (do inglês, Deep Brain Stimulation), esse é um dispositivo implantado cirurgicamente, semelhante a um marcapasso cardíaco, para fornecer estimulação elétrica a áreas precisamente direcionadas do cérebro”, explica o neurocirurgião Murilo Marinho, especialista em distúrbio do movimento.
De maneira simplificada, Murilo Marinho elucida que, além de atenuar os sintomas da doença, as informações disponíveis pelo monitoramento cerebral podem ser usadas para rastrear o estado do paciente ao longo do dia e, por meio de programação expandida, permitir um controle mais preciso da terapia, mesmo a distância. Para além do Parkinson, o dispositivo pode ser um bom tratamento auxiliar para outros distúrbios neurológicos.
Em comparação com o tratamento tradicional – medicamentoso –, Murilo Marinho pontua que o uso da técnica de neuromodulação é benéfico, haja vista que, apesar de sucesso no início da terapia, os remédios utilizados para tratar o Parkinson perdem a eficácia com o tempo, bem como são capazes de causar reações adversas entre 20% e 30% dos casos.
“Alguns anos após o uso, pode-se observar movimentos involuntários, alucinação e delírios. Ainda, a partir do quinto ano de tratamento medicamentoso, quase metade dos indivíduos terá flutuação motora relacionada ao medicamento. Mesmo com o ajuste da dosagem, os sintomas continuam atrapalhando a vida do paciente. O efeito benéfico dos fármacos, por sua vez, fica cada vez mais curto, chegando a apenas duas ou três horas depois de cada dose ingerida”, explica.
Justamente por isso, o especialista em distúrbio do movimento destaca que, nesses casos – perda de eficácia do medicamento e presença de efeitos colaterais –, o tratamento com neuroestimulação pode ser a melhor alternativa.
“Não só nesses quadros clínicos em específico. Até quem foi diagnosticado recentemente, mas tem tremores incapacitantes e refratários ao tratamento convencional, beneficia-se da DBS, que melhora os sintomas do Parkinson, como tremores, lentidão do movimento, rigidez, e os causados pelo uso crônico da própria medicação, como o movimento involuntário”, justifica.
“Não só nesses quadros clínicos em específico. Até quem foi diagnosticado recentemente, mas tem tremores incapacitantes e refratários ao tratamento convencional, beneficia-se da DBS, que melhora os sintomas do Parkinson, como tremores, lentidão do movimento, rigidez, e os causados pelo uso crônico da própria medicação, como o movimento involuntário”, justifica.
Ainda, segundo o neurocirurgião, há ganhos para a saúde e qualidade de vida do paciente, que pode retomar as atividades diárias com maior facilidade, o que também se traduz em maior autoestima e independência.
Foi o que o geólogo J.S., de 60 anos, que não quis ser identificado. Ele conta que sentiu na pele os resultados após se submeter à cirurgia para implante do DBS há dois anos. Ele relata que viu sua qualidade de vida se transformar.
Foi o que o geólogo J.S., de 60 anos, que não quis ser identificado. Ele conta que sentiu na pele os resultados após se submeter à cirurgia para implante do DBS há dois anos. Ele relata que viu sua qualidade de vida se transformar.
“Estava com apenas 58 anos e não era capaz de realizar sozinho as atividades corriqueiras do dia a dia, como escovar os dentes, abrir e fechar o zíper da calça, pentear o cabelo ou cortar um bife. Nem tomar água sem derrubar eu conseguia. Agora, faço tudo isso sem ajuda. Tenho autonomia para seguir a minha rotina. Levantou minha autoestima, sou outra pessoa, quase nem gaguejo mais”, conta.
O que é o Parkinson?
A doença de Parkinson é um distúrbio do sistema nervoso central que, após os danos causados às células do cérebro, fazem com que os níveis de dopamina caiam, provocando, assim, os sintomas característicos da doença, como alterações do movimento, tremores e lentidão nos movimentos voluntários.
“Realizar atividades simples se torna difícil, como pentear o cabelo e escovar os dentes, por exemplo”, cita o neurocirurgião Murilo Marinho.
“Realizar atividades simples se torna difícil, como pentear o cabelo e escovar os dentes, por exemplo”, cita o neurocirurgião Murilo Marinho.
“Existem, também, outras manifestações da doença, como rigidez muscular e instabilidade postural. Esses sinais costumam se apresentar inicialmente de maneira unilateral, mas com a progressão da doença, acometem ambos os lados, limitando o paciente”, completa.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, são estimados cerca de 32 mil novos casos da doença por ano.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, são estimados cerca de 32 mil novos casos da doença por ano.
*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram