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Estado de Minas VIDAS EM RISCO

Falta de medicamento deixa transplante de medula óssea em risco no Brasil

Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea alerta para a descontinuação do bussulfano, medicamento essencial para realização do procedimento, em 2021


04/01/2021 17:14 - atualizado 04/01/2021 18:10

Descontinuação de um medicamento essencial para realização do transplante de medula óssea pode fazer com que o procedimento deixe de ser feito no Brasil, em 2021
Descontinuação de um medicamento essencial para realização do transplante de medula óssea pode fazer com que o procedimento deixe de ser feito no Brasil, em 2021 (foto: Pixabay)
Os transplantes de medula óssea estão sob ameaça de não poderem ser realizados no país em 2021. O bussulfano, um medicamento vital para a realização dos transplantes, vai parar de ser fornecido, segundo a Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO). O assunto mobilizou as redes sociais e ficou entre os mais comentados no Twitter, na manhã desta segunda-feira (4/1), com a hashtag #SalvemOsPacientes. 

No último dia 22 de dezembro, a SBTMO publicou em seu site a informação de que, em um comunicado expedido no dia 25 de novembro, a farmacêutica responsável por distribuir o medicamento no Brasil notificou que iria parar de oferecê-lo. Acontece que este é o único fornecedor da droga no país. 
 

Em comunicado assinado pelo CEO e pelo Head do Departamento Médico, o Laboratório Pierre Fabre anunciou que, “a depender da demanda”, dentro dos próximos meses, o medicamento bussulfano deixará de ser disponibilizado no mercado brasileiro. A droga é essencial para tratamento antes do Transplante de Medula Óssea (TMO) que, segundo dados do Registro Brasileiro de Transplantes (2019), salva quase mil vidas entre crianças e adultos anualmente no país.

Avanços e surpresa


“Temos observado muitos avanços em relação ao tratamento de pacientes que necessitam de transplante de medula óssea e fomos pegos de surpresa com este anúncio”, alerta o Dr. Angelo Maiolino, hematologista, professor da UFRJ e coordenador do Comitê de Acesso a Medicamentos da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH). 

“Tal decisão pode acarretar uma nova cruzada científica e impedir que combinações de drogas e tratamentos de ponta salvem vidas, como temos observado nos últimos anos”, completa.

Maiolino fala, por exemplo, sobre uma recente conquista para TMO brasileira, submetida aos órgãos regulatórios em Saúde pela ABHH, que foi a ampliação para 75 anos sobre a idade limite para um paciente ser elegível ao transplante no Brasil. 

“Com o progresso das técnicas, garantindo procedimentos mais seguros e controlados, passou a ser possível ao médico avaliar mais a idade biológica do paciente e não somente a cronológica”, comenta ao novamente alertar que a descontinuação do bussulfano pode acarretar regresso neste cenário. 

Nos congressos americano e europeu que debatem avanços científicos em tratamento de doenças de sangue, afirma Maiolino, há uma série de ensaios, pesquisas e anúncios de novas drogas e tratamentos que dão esperança a pacientes que dependem do TMO. “Há, contudo no Brasil a partir deste anúncio, um descompasso entre o que vemos lá fora para mantermos o que estamos buscando de mais evoluído para salvar essas vidas”, diz. 

Desde o final de novembro, a ABHH, a Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea, a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica e a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia estão mobilizadas junto à Anvisa para que essa situação seja revertida, com alguma decisão que possa manter a esperança de pacientes – adultos e crianças – elegíveis ao transplante. 

Mobilização nas redes sociais


Já no sábado (2/1), uma série de posts da atriz, jornalista e escritora Duda Riedel (@duda_riedel) feitos no Twitter explicavam sobre essa ameaça, além da importância do transplante de medula óssea. Duda, que também é transplantada, criou uma petição para impedir que o bussulfano seja descontinuado. O documento já conta com mais de 130 mil assinaturas
 
 

Além dos posts, a hashtag #salvemospacientes ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter. A atriz Drica Moraes, que já se submeteu ao procedimento no passado, também fez um post no Instagram para alertar sobre o assunto. 
 
 

Transplante de medula óssea


Segundo a SBTMO, o transplante de medula óssea, realizado há 41 anos no Brasil, é uma modalidade terapêutica que representa esperança de vida para pacientes com doenças malignas e não malignas, como as leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, neuroblastoma, imunodeficiências, falências medulares entre outras.

Porém, diferente do transplante de órgãos sólidos, como coração, rim, fígado, é necessário um pré-condicionamento antes da realização do procedimento. Isto porque a medula está espalhada por todo o corpo. Assim, ao contrário dos outros órgãos, ela não pode ser retirada e colocada uma nova em seu lugar.  

Esse pré-condicionamento consiste em quimioterapias de altas doses para “matar” a medula velha e preparar o corpo para receber a nova. E um dos medicamentos fundamentais para o transplante é o bussulfano. 

Requerimento em caráter de urgência 


Segundo uma postagem feita na tarde desta segunda-feira (4/1) por Duda Riedel, no Twitter, o deputado federal capitão Wagner (PROS/CE) enviou um ofício, com pedido de urgência ao Ministro da Saúde General Eduardo Pazuello, solicitando providências para evitar que a distribuição do bussulfano seja descontinuada no país. 
 
 
 
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria


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