De acordo com um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), a melatonina produzida no pulmão atua como uma espécie de barreira contra a infecção pelo novo coronavírus.
Isso porque ela age de forma a impedir a expressão de genes considerados como porta de entrada para o Sars-Cov-2 – no caso, os macrófagos residentes, presentes no nariz e nos alvéolos pulmonares, e células epiteliais, que revestem os alvéolos pulmonares.
Isso porque ela age de forma a impedir a expressão de genes considerados como porta de entrada para o Sars-Cov-2 – no caso, os macrófagos residentes, presentes no nariz e nos alvéolos pulmonares, e células epiteliais, que revestem os alvéolos pulmonares.
“A partir do nosso banco de sequenciamento genômico, fizemos uma análise com o que chamamos de ‘assinatura COVID-19'. Ou seja, pegamos uma série de trabalhos que tínhamos acesso e fizemos uma lista. Depois disso, analisamos e foi uma surpresa quando concluímos que esses genes na assinatura COVID-19 se comportavam de formas diferentes nos indivíduos que tinham índice MEL alto dos que tinham índice MEL baixo”, explica a coordenadora do estudo, a professora do Instituto de Biociências (IB) da USP Regina Pekelmann Markus.
Assim, conforme elucidado pela pesquisadora, foi possível inferir que pessoas com esse índice elevado estariam com uma resposta quase pronta para evitar a contaminação pelo vírus. Aí estaria a justificativa para o fato de algumas pessoas terem contato com o Sars-Cov-2 e até testarem positivo, mas não apresentarem sintomas ou os terem de forma mais leve, enquanto outras são acometidas gravemente pela COVID-19.
“Tem-se pela primeira vez um trabalho que mostra que alguma coisa que está dentro da pessoa poderia protegê-la contra o vírus, independentemente de anticorpo do sistema imunológico”, diz a coordenadora da pesquisa.
Porém, Regina Pekelmann pede cautela e muito cuidado quanto a exposição, haja vista que, mesmo que a doença não se desenvolva, o indivíduo pode transmitir o vírus.
Porém, Regina Pekelmann pede cautela e muito cuidado quanto a exposição, haja vista que, mesmo que a doença não se desenvolva, o indivíduo pode transmitir o vírus.
“As pessoas respiram o vírus e o inspiram e expiram para o ser seguinte pegar. Isso porque, enquanto o vírus ainda está no ar, ele fica no ar até chegar no pulmão, porém, quando há essa barreira, ele não entra e não relaciona com o organismo. Então, esse sujeito que não pegou a doença, mas teve contato com o novo coronavírus, vai expirar o vírus que não circulou no organismo e se tornar o que conhecemos como transmissor silencioso, pois outra pessoa vai inspirar o ar contaminado e se infectar.”
Como produzir melatonina?
Regina Pekelmann explica que o a melatonina é produzida pelo próprio corpo pela glândula pineal quando o dia escurece. “A melatonina no homem serve para dizer que está escuro e que é hora de dormir. Se o corpo não tem sinal, fica difícil para o homem entender quando é a hora de dormir, por isso ela é produzida. Isso é bem diferente da produção desse hormônio no pulmão, que acontece em qualquer hora do dia.”
No entanto, a pesquisadora da USP elucida que ainda é preciso estudar mais sobre essa melatonina e sua produção. Não à toa, ela aponta que a produção pode ser estimulada e injetada no organismo, mas prega cautela, pois não se tem confirmações.
“É preciso entender melhor como isso ocorre e deve demorar. A única coisa que podemos afirmar, nesse cenário, é que não adianta tomar melatonina, pois ela não chega ao pulmão, ela apenas fica na circulação”, diz.
“É preciso entender melhor como isso ocorre e deve demorar. A única coisa que podemos afirmar, nesse cenário, é que não adianta tomar melatonina, pois ela não chega ao pulmão, ela apenas fica na circulação”, diz.
*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram