A Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu um alerta, na última terça-feira (16/2), e pediu atenção a seis países da África para possíveis infecções pelo vírus Ebola. A preocupação da entidade é evitar que os novos casos relatados pela Guiné se espalhem pelo continente. A República Democrática do Congo também registrou quadros clínicos locais de contaminação pelo vírus. O último surto ocorrido na África Ocidental matou mais de 11.300 pessoas.
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Para José Geraldo, epidemiologista do Grupo Hermes Pardini, essa possível epidemia no continente seria “terrível”, principalmente em função das autoridades sanitárias locais, bem como profissionais de saúde estarem lidando, atualmente, com a pandemia de COVID-19. Ainda, o Ebola, em circulação concomitante com o novo coronavírus, pode propiciar uma maior dificuldade de diagnóstico.
“Recentemente, foi detectada a circulação do vírus Ebola em uma pequena região da África. Em decorrência das práticas culturais dessas regiões, há um risco muito grande de uma nova epidemia. E a ocorrência de uma epidemia de Ebola concomitante a uma epidemia de COVID-19 nessas regiões seria terrível, porque são duas doenças graves, que demandam recursos de saúde sofisticados, onde há muita carência tanto de pessoas especializadas quanto de equipamento. Então, o risco de uma mortalidade grande seria enorme. Tomara que consigam limitar a circulação”, afirma.
Ele lembra, ainda, que a disseminação foi várias vezes controlada em outras ocasiões. “Dada a forma de transmissão do vírus, tem-se conseguido nas últimas epidemias circunscrever a ocorrência em pequenas regiões. Nos últimos anos, também foram desenvolvidas vacinas com tecnologia parecida com a utilizada para a da COVID-19, que podem servir para controlar a contaminação.”
E há risco de essa possível epidemia se transformar em pandemia – disseminação mundial? Segundo especialistas, as probabilidades são poucas. “Em geral, a epidemia de Ebola não atinge regiões mais distantes, porque a doença não é transmitida de forma respiratória e sim pelo contato humano com secreções. Além disso, ela tem também relação com algumas práticas de sepultamento nessas regiões da África e é muito transmitida pelo contato com o sangue”, justifica José Geraldo.
O infectologista Guenael Freire, porém, destaca a ocorrência de casos fora da África. “Vários países já registraram casos de Ebola fora da África, mas, de regra, esses casos vieram da África e não surgiram nesses países, são casos importados. Sempre existe o risco de se tornar algo local, mas isso não tem ocorrido.”
Quanto ao Brasil, José Geraldo destaca que o risco de incidência segue a mesma linha. “Até o momento, não foi descrito circulação do vírus Ebola em nosso continente, talvez pela dificuldade de disseminação, em razão da forma de contaminação. Mas, haja vista o fluxo de brasileiros para o continente africano e vice versa, é preciso que as autoridades de vigilância epidemiológicas estejam sempre atentas”, pondera.
O QUE É O EBOLA?
O Ebola é um vírus capaz de causar quadros graves de febre hemorrágica. Sua transmissão se dá por meio do contato com secreções. Além disso, o contato com o sangue pode gerar a infecção, aumentando o risco para profissionais de saúde, conforme citado pelo epidemiologista José Geraldo. Segundo ele, essa doença se assemelha a conhecida febre amarela.
O Ebola pode, ainda, atingir vários órgãos do corpo humano, o que tende a denotar gravidade aos quadros. “Inicialmente, são sintomas inespecíficos, como febre, mal estar, dor no corpo e diarreia, mas isso pode evoluir para hemorragias gravíssimas, encefalite e insuficiência respiratória, e pode ser bem grave”, completa o infectologista Guenael Freire.
*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram