Os impactos são sentidos na saúde, mas também na rotina e em demais aspectos da vida no dia a dia. É o que explica Carlos Azevedo: “Além de consequências físicas e psicológicas, a privação de sono traz fatores adicionais prejudiciais à sociedade como um todo. Nos últimos anos, no Brasil, por exemplo, o índice de fatalidades em decorrência de sonolência ao volante já supera o de direção embriagada e sob influência de drogas, juntos.”
“Além da tragédia social, a privação de sono também gera prejuízos econômicos. De acordo com estudo do centro de pesquisa norte-americano Rand Corporation, que avaliou os impactos econômicos do cansaço por privação de sono em cinco países, os índices de perda no Japão, por exemplo, chegaram próximos a 3% de seu PIB. Ainda segundo o relatório da Rand, estudos clínicos mostram que a privação de sono tem relação com a tomada ruim de decisões e com o prejuízo no desenvolvimento de habilidades na adolescência, o que pode acabar resultando em dificuldades de colocação no mercado de trabalho”, aponta.
O bem-estar na rotina diária também sofre. Isso porque, segundo o head do Persono, não dormir o suficiente inibe emoções positivas, o que tende a tornar as pessoas mais impulsivas e propensas a erros, bem como a experimentar certa diminuição nos sentimentos normalmente agradáveis. “Também segundo pesquisa norte-americana, dormir pouco intensifica o sentimento de raiva. Os resultados do trabalho indicam fortes evidências de que a restrição do sono aumenta a raiva e a frustração ao longo do tempo.”
Leia Mais
O que liga o Alzheimer aos distúrbios do sonoDistúrbios do sono em crianças vira estudo da escola de medicina da UfopImpacto do isolamento na qualidade do sonoUso indevido do hipnótico Zolpidem para insônia é perigoso, alerta médicaAltas temperaturas atrapalham o sono: dicas de como contornar o calorComo combater a insônia por meio da alimentação
CUIDADOS BÁSICOS
O tão necessário e almejado “dormir bem” pode ser alcançado por uma série de bons hábitos e cuidados básicos, envolvendo, entre outras coisas, alimentação regular e saudável, respiração adequada e gerenciamento do estresse. É o que indica o especialista. Essa mudança de hábitos, chamada “higiene do sono” é a principal forma de tratar o problema relacionado à má qualidade de sono.
“O tempo que passamos dormindo precisa ser visto por aquilo que ele realmente é: a base sólida na qual os demais pilares de bem-estar, boa nutrição e exercício físico regular podem se sustentar firmemente. Alimentar-se e exercitar-se enquanto se negligencia o sono é jogar fora a possibilidade de uma vida plena. Por isso, dormir bem precisa ser entendido como um investimento de alto retorno na satisfação com a vida, melhoria de relações, produtividade e saúde”, afirma Carlos Azevedo.
Justamente por isso, ele recomenda que, caso a chamada “higiene do sono”, com mudanças de hábitos na alimentação, respiração, bem-estar e, também, com o menor uso de aparelhos eletrônicos antes de dormir, não apresente um resultado satisfatório, um médico deve ser procurado para orientar um suporte adequado. No entanto, está aí outro alarmante: 86% dos brasileiros não consideram problemas com sono uma razão suficiente para ir ao médico, segundo a pesquisa “Acorda, Brasil!”.
“Apesar do grave problema que é a privação do sono no Brasil, ainda estamos muito longe de sua conscientização por parte não só da população, como também das autoridades e de boa parte da classe médica. Por isso, é importante alertar os brasileiros: se preciso for, vá a um médico e mantenha os cuidados com a sua saúde. A boa qualidade de sono é peça-chave na qualidade de vida”, diz.
*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram