Na última quinta-feira (27), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) esclareceu, em nota oficial, a inclusão de pacientes bariátricos na vacinação contra COVID-19 de pessoas com comorbidade no município do Rio de Janeiro.
Segundo a entidade, a decisão foi exclusivamente tomada pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, haja vista que pacientes que se submeteram a cirurgia bariátrica não têm comprometimento da imunidade.
Segundo a entidade, a decisão foi exclusivamente tomada pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, haja vista que pacientes que se submeteram a cirurgia bariátrica não têm comprometimento da imunidade.
Nesse cenário, o assunto virou polêmica nos últimos dias, com uma confusão comum entre a necessidade de vacinação de pacientes já operados para redução do alto Índice de Massa Coporal (IMC), principal indicador de obesidade, e de obesos.
No entanto, conforme Marcos Zambelli, cirurgião bariátrico membro titular da SBCMB, o paciente bariátrico, após a cirurgia, deve fazer acompanhamento multidisciplicar, mudar os hábitos de vida, com atividades físicas, acompanhamento nutricional e psicológico e fazer exames regulares, mas, a vacinação não é necessária enquanto grupo de prioridade.
"O paciente que faz isso, que operou, emagreceu e está fazendo acompanhamento médico, faz a suplementação de vitaminas adequadamente e não é grupo de risco para o coronavírus. Esse mito que a cirurgia bariátrica reduz a imunidade é completamente falso. Pelo contrário, a cirurgia bem feita e bem acompanhada melhora a imunidade do paciente, a sua saúde e as comorbidades, como hipertensão e diabetes", afirma o especialista.
Cid Pitombo, especialista em cirurgia bariátrica, elucida, ainda, que a inserção de pacientes já operados como comorbidade cria uma falsa ideia de que eles ainda têm doenças associadas, o que não é verdade.
"Lutamos por anos para provar e divulgar que pacientes operados revertem doenças e têm uma vida normal. Colocá-los nesse momento como elegíveis a serem vacinados cria um novo estigma de 'doença', 'comorbidade' por ter sido operado, o que não é verdade. Não à toa, há pessoas diabéticas com IMC menor do que o necessário para fazer uma bariátrica que fazem a cirurgia para eliminar a doença."
"Lutamos por anos para provar e divulgar que pacientes operados revertem doenças e têm uma vida normal. Colocá-los nesse momento como elegíveis a serem vacinados cria um novo estigma de 'doença', 'comorbidade' por ter sido operado, o que não é verdade. Não à toa, há pessoas diabéticas com IMC menor do que o necessário para fazer uma bariátrica que fazem a cirurgia para eliminar a doença."
Esse paciente obeso mórbido tem e deve ser vacinado. Agora, o que operou e controlou as suas doenças, ele vai aguardar a faixa etária dele segundo a vacinação está correndo no Brasil.
Marcos Zambelli, cirurgião bariátrico membro titular da SBCMB
Marcos Zambelli reitera as considerações apontadas pela SBCBM em nota oficial. "O paciente que é operado, neste momento, não é indicado a vacinar. Agora, o paciente obeso é ao contrário, principalmente com o IMC acima de 40, pois sabemos que ele é grupo de risco e tem apresentado formas mais graves e permanentes da COVID-19, maior chance de internação em CTI, maior intubação, maior número de mortes, mesmo em pacientes jovens."
"Esse paciente obeso mórbido tem e deve ser vacinado. Agora, o que operou e controlou as suas doenças, vai aguardar a faixa etária dele segundo a vacinação que está correndo no Brasil", aponta o médico.
Para Cid Pitombo, o ideal era que a vacina estivesse disponível para todos, porém, conforme ele, uma coisa é certa: "Paciente operado de bariátrica não é grupo de risco, a não ser que ele ainda tenha alguma doença associada, o que muda o quadro. Já os obesos mórbidos sim, e são eles a prioridade no momento, pois têm riscos aumentados se infectados. Mas temos que confiar que as medidas estão sendo tomadas corretamente".
NOTA OFICIAL
Em nota, a SBCBM informou que, considerando os índices de gravidade para COVID-19 de pacientes obesos e de recuperação de padrões saudáveis, bem como em relação a infecção pelo Sars-Cov-2, pelos pacientes bariátricos, a decisão do Rio de Janeiro é exlusiva do muicípio. Confira parte da nota oficial, assinada pelo presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), Fábio Viegas, com as justificativas para esclarecimento:
"Considerando que a obesidade é fator de risco para as formas graves da COVID-19; considerando que a cirurgia bariátrica diminui em 48% o risco de mortalidade por COVID-19, diminui em 113% o risco de internação, diminui em 74% o risco de UTI e em 64% o risco de entubação; considerando que a cirurgia bariátrica melhora todos os fatores metabólicos, imunológicos e inflamatórios; considerando que existe um plano Nacional de Imunização com regras claras, bem estabelecidas e públicas; considerando que a SBCBM EM NENHUM MOMENTO fez campanha diferente do que já está definido no Plano Nacional de Imunização; considerando o grande número de solicitações de declaração de pacientes que realizaram a cirurgia bariátrica com propósito de obter a vacina contra a COVID-19; salientamos que a decisão do Município do Rio de Janeiro de incluir os pacientes bariátricos operados foi uma decisão individualizada da Secretaria Municipal de Saúde deste Município e que a cirurgia bariátrica não é fator de comprometimento da imunidade. A SBCBM no caso do Rio de Janeiro apenas disponibilizou o aplicativo do Barilife como documento comprobatório do paciente operado afim de facilitar o bom andamento do trabalho dos profissionais envolvidos no tratamento do paciente operado.”
Por fim, a SBCBM orientou que todos os membros da entidade sigam rigorosamente as orientações do Plano Nacional de Imunizações (PNI).
*Estagiária sob a supervisão da editora Teresa Caram
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