“A pandemia impactou profundamente a vida dos trabalhadores, e em particular a da mulher, porque historicamente ela já é responsável, além do trabalho externo, pelos afazeres domésticos e a educação dos filhos. Hoje, isso vem mudando, muitos maridos e companheiros têm ajudado nessa missão de cuidar da casa, mas, ainda assim, elas sofrem um impacto muito grande da sobrecarga de trabalho.”
É o que afirma Gisele Guilhermino, professora de psicologia do UniBH. Segundo ela, de todas as maneiras, a pandemia impactou a saúde emocional e física da mulher.
É o que afirma Gisele Guilhermino, professora de psicologia do UniBH. Segundo ela, de todas as maneiras, a pandemia impactou a saúde emocional e física da mulher.
“Se ela tiver uma estrutura familiar colaborativa, isso vai impactar de uma maneira me- lhor. Mas se ela não tiver uma estrutura colaborativa em casa, certamente há um impacto bem forte na questão emocional”, afirma.
E tudo isso em um contexto em que não houve opção. Ou seja, as mães não optaram pelo isolamento social, pelo home office ou por educar seus filhos em casa. Foram consequências de uma catástrofe sanitária mundial. Sem escolha e somente com consequências.
“Os impactos mais sentidos pelas mulheres são o esgotamento mental e físico. O estresse traz muitas consequências. Há queda de cabelo, insônia, irritabilidade, entre outros. Tudo isso faz parte do estresse, do esgotamento mental e do esgotamento físico.”
“Os impactos mais sentidos pelas mulheres são o esgotamento mental e físico. O estresse traz muitas consequências. Há queda de cabelo, insônia, irritabilidade, entre outros. Tudo isso faz parte do estresse, do esgotamento mental e do esgotamento físico.”
Andreia Barreto, professora e coordenadora do Centro Universitário UNA, destaca que, neste contexto, o apoio familiar, o acolhimento e o afeto são imprescindíveis para que a mulher mãe consiga passar por esse momento sem muitos danos.
“A divisão de tarefas em casa de forma justa, para mulheres que têm companheiro, é uma ótima dica. Uma recomendação também é a prática do mindfulness, um conjunto de técnicas que ajudam a focar no momento presente, sem deixar o passado ou o futuro afetarem, tornando a mente mais desperta e saudável.”
“A divisão de tarefas em casa de forma justa, para mulheres que têm companheiro, é uma ótima dica. Uma recomendação também é a prática do mindfulness, um conjunto de técnicas que ajudam a focar no momento presente, sem deixar o passado ou o futuro afetarem, tornando a mente mais desperta e saudável.”
Gisele Guilhermino recomenda, ainda, que a mãe abra um espaço na agenda para si, nem que seja de uma hora. “Que esse momento seja só dela para fazer uma caminhada ao ar livre ou outras atividades de que goste, mas que ela esteja refletindo sobre a vida e em contato com ela mesmo. Outra coisa que eu acho importante é que a mulher se conheça e entenda os seus limites, sem cobranças e culpas”, afirma.
Afinal, a mãe é um ser humano, que erra, acerta, mas que principalmente precisa se reconectar e cuidar de si também.
Afinal, a mãe é um ser humano, que erra, acerta, mas que principalmente precisa se reconectar e cuidar de si também.
APROXIMAÇÃO
Se por um lado a maternidade se tornou cansativa e, em alguns casos, sinônimo de esgotamento mental e físico, durante o isolamento social, algumas mães puderam se reconectar com seus filhos de forma mais harmônica.
“Isso é importante, temos visto mães que apontam que agora conseguem estar mais próximas dos filhos, acompanhar o crescimento e criar laços de afetos. A quarentena proporcionou a oportunidade de pais e mães passarem um outro tipo de tempo em família, conhecendo-se melhor, aprendendo novas formas de conviver, de brincar, de se amparar e de ser resiliente em um período difícil.”
“Isso é importante, temos visto mães que apontam que agora conseguem estar mais próximas dos filhos, acompanhar o crescimento e criar laços de afetos. A quarentena proporcionou a oportunidade de pais e mães passarem um outro tipo de tempo em família, conhecendo-se melhor, aprendendo novas formas de conviver, de brincar, de se amparar e de ser resiliente em um período difícil.”
É o que explica Andreia Barreto. Foi assim com a babá Maria Luciana Fernandes Gonçalves, de 41 anos. Mãe de três filhos, ela cursa odontologia com uma de suas filhas, Sara Ketelyn, de 23. Para a mãe, estudar junto com a filha foi um crescimento pessoal muito significativo. No início, houve momentos de divergências, nos quais Maria ach
ava que deveria se impor, porém, após conversa sincera, elas estreitaram os laços de uma relação que já era boa, mas que ganhou mais espaço para interação, companheirismo e amizade. “Quando não concordamos com alguma opinião, vamos logo procurar a resposta nos livros, não tem por que discutir, a gente agora se ajuda a todo tempo”, conta.
ava que deveria se impor, porém, após conversa sincera, elas estreitaram os laços de uma relação que já era boa, mas que ganhou mais espaço para interação, companheirismo e amizade. “Quando não concordamos com alguma opinião, vamos logo procurar a resposta nos livros, não tem por que discutir, a gente agora se ajuda a todo tempo”, conta.
GRATA SURPRESA
Apesar dos desafios e da sobrecarga, ser mãe em meio à pandemia vai além de aproximação e uma história de companheirismo. “É um momento tão mágico na vida das mulheres que o isolamento pode trazer ainda mais conexão com o bebê. Relação essa tão importante para mãe e filho”, pontua Andreia Barreto.
E essa foi a grata surpresa de Renata Canabrava, de 44, professora de moda da Una Cidade Universitária e agora mãe adotiva de Gabriel Canabrava Peixoto, de 1 ano e 6 meses.
“Era uma quinta-feira, 5 de março de 2020. Meu telefone tocou, estava no trabalho. Chamada não identificada, voz desconhecida. Eu esperava por aquele telefonema há seis anos e dois meses. Aquela voz suave e cheia de cuidados falava formalidades. Caí em prantos. Estava anestesiada e a única coisa que me separava dele era a distância de poucos quilômetros”, conta.
“Era uma quinta-feira, 5 de março de 2020. Meu telefone tocou, estava no trabalho. Chamada não identificada, voz desconhecida. Eu esperava por aquele telefonema há seis anos e dois meses. Aquela voz suave e cheia de cuidados falava formalidades. Caí em prantos. Estava anestesiada e a única coisa que me separava dele era a distância de poucos quilômetros”, conta.
“No dia seguinte, fui conhecê-lo. A boca seca. A sala pequena. Pouco mais de quatro meses, chegou pelos braços de um anjo. Finalmente, os pequenos olhos castanhos me encontraram e sorrimos. O sorriso se misturou com as lágrimas. Ganhou meu colo e ali minha vida mudou. Na sexta-feira, 13 de março, o levamos para casa, que nunca mais foi a mesma. Aliás, nada nunca mais foi como já tinha sido. Os efeitos da pandemia, que havia dado suas caras em fevereiro, nos levaram ao confinamento naquela segunda-feira (16/03). Tudo novo de novo, em apenas 10 dias”, relembra Renata.
Segundo ela, a quarentena impôs uma rotina intensa de companheirismo com o pequeno Gabriel, mas com alguns de- safios. “Ter me tornado mãe na pandemia trouxe por acréscimo a intensidade da presença. No período da licença, passamos a maior parte do tempo juntos e sozinhos, aprendendo a confiar um no outro em um processo sem mágicas, com riso, choro, insegurança e amor. A intensidade da presença me permitiu ver cada descoberta de pertinho, ao mesmo tempo em que a exaustão me fez sentir músculos do corpo que eu desconhecia.”
Para Renata Canabrava, os desafios diante da realidade do trabalho remoto, somados aos cuidados com a casa, com o filho e toda a carga mental que tudo isso exige, fortaleceram os laços de família. Tarefas e responsabilidades compartilhadas com o marido e um bom planejamento semanal têm sido fundamentais para que a rotina da casa e o trabalho fluam. “A maternidade foi e tem sido minha bolha de aprendizado nesta pandemia.”
*Estagiária sob supervisão da editora Teresa Caram