Qual é a importância de discutir e conhecer as diferenças entre as gerações? Por que definir quem faz parte de qual grupo interessa? É importante porque cada geração é definida por um grupo nascido na mesma época e, portanto, influenciado por um contexto histórico que impacta a sociedade no que diz respeito ao comportamento, costumes, valores, visões políticas, de mercado, sociais, de relações e atitudes.





Atualmente, no entendimento mundial, quatro gerações influenciam a sociedade, que serão caracterizadas ao longo desta reportagem. É importante destacar que da baby boomers à geração Z, é preciso cuidado para não cair na armadilha dos estereótipos e, assim, propagar preconceitos por aí.

Se a divisão é importante para entendimento do universo de cada um, é essencial que essa distinção promova o congraçamento da inclusão das diferenças e todo o potencial que essa mistura pode representar.

Destaque fundamental, já que pode ter ouvido por aí que os millennials (geração Y) são “preguiçosos”; que os boomers “não sabem mexer em aparelhos eletrônicos” ou que a geração Z “vai salvar a natureza”.





Como as diferenças são comuns de geração para geração, o mais novo embate tomou conta da internet, claro, colocando em choque a geração Z e os millennials. Tudo começou depois que a podcaster Carol Rocha, conhecida como @Tchulim, no Twitter, perguntou aos jovens da geração Z o que eles acham “um mico” nos millennials. Daí surgiu a gíria cringe, que significa “algo cafona”. Virou assunto do momento.

O termo se popularizou e tomou conta das conversas dentro ou fora do mundo digital. Assim, se você gosta da Disney, é cringe. Se usa calça modelo skinny, é cringe. Se é fã de Harry Potter e “Friends”, é cringe. Se usa sapatilha de bico redondo, é cringe.

Outra expressão que ganha destaque para mostrar a diferença de idade é a “Ok Boomer”, que marca a diferença de perspectivas e de formas de ver o mundo entre as gerações baby boomers (ou mesmo a millennials, que em 2021 pode ter 39 anos) e a geração Z, como a rejeição da importância da saúde mental.



A criadora da expressão foi a norte-americana Shannon O'Connor, de 19 anos, que declarou ao New York Times: “Muitos não acreditam no aquecimento global ou que as pessoas podem arranjar emprego com cabelos pintados e muitos deles são teimosos nas suas suposições”. Aí os jovens respondem: “Ok Boomer’”.


Para os mais jovens, o sentimento é de terem de lidar com problemas de que não tiveram culpa, como a desigualdade social. No fim, a expressão é um merchandising em forma de protesto e crítica criado por Shannon para uma linha de produtos estampados com esse jargão que vem ganhando o mundo. Portanto, Ok Boomer é usada para criticar a opinião de uma pessoa vista como retrógrada ou ultrapassada ou velha.

Enquanto esses embates são divertidos e param na zoação, tudo bem. Fica sério quando ocorre um choque de geração mais profundo, sério, importante e que todos precisam lidar. Aliás, se antes tais diferenças aconteciam mais lentamente, agora aceleraram. Cada período geracional englobava cerca de 25 anos – com o avanço da tecnologia, muitos já falam que ele reduziu para 10 anos. Como lidar com as diferenças? Aceitar as mudanças? Absorver o que for possível, necessário e descartar o que não é importante para você?

DESAFIO PARA TODOS 


Bruna Lobo, de 17 anos, estudante do 3° ano do ensino médio, acredita que sua geração (a Z) seja a dos extremos: “Foi muito desconstruída, mas também declinou em alguns aspectos. A vida é assumir quem nascemos para ser, lidar com o amor, as amizades e tudo a que estamos sujeitos. É um tanto desafiador e sempre vai ser, mas as experiências que adquirimos ao viver tudo isso constroem quem somos. Em relação ao meu futuro, sempre projeto meus sonhos, procuro buscá-los, mas sei que o que vier até mim é para ser meu, não adianta me apressar. Minha geração e a sociedade em que estou inserida atualmente progrediram muito, mas acredito que possamos chegar em lugares mais altos”.





Para Bruna, as gerações anteriores são indispensáveis porque “nos trouxeram até os dias atuais. E acredito que é um desafio para nós jovens lidarmos com os mais velhos, assim como é um desafio para eles ter acesso ao que é considerado novo. Isso se enquadra em questões sociais, novos costumes, o que foi normalizado e visto de formas mais leves por nós, e que ainda encontramos certas resistências ao dialogar com as pessoas das gerações antecedentes”.

Bruna afirma que o termo cringe tem sido bastante usado para tudo que é considerado “chato, dispensável, brega e fora de moda”. E também memes como “que se passa?”, que adiciona um pouco de humor ao perguntar o que está acontecendo com o outro. Entre outros termos que são gerados todos os dias, por influência das redes sociais, principalmente. Ela confessa que demorou um pouco mais para compreender o termo “cringe”, e até mesmo para aderir a ele. Mas não foi nada que a tenha surpreendido, já que a sua geração está sempre ressignificando termos, criando e espalhando para que possa sempre atualizar sua linguagem.

Quanto a outros comportamentos, a estudante conta que na sua geração ninguém dispensa Netflix, Spotify e outros apps de streaming. “Usamos como forma de distração, e as séries preferidas sempre são atualizadas. Considerando que nos identificamos com personagens, histórias e tramas e por músicas.”





Bruna destaca que procura compreender os limites das pessoas das gerações anteriores: “Sei que a realidade vivida por eles foi completamente diferente, que os ideais ensinados eram outros. Mas, por outro lado, acredito que todos que estamos inseridos nessa atual sociedade precisamos procurar entender, desconstruir preconceitos, concepções sobre questões que envolvem todos. Precisa ser uma relação de consciência, porém, evoluir nunca é uma má ideia. Procuro propor isso para as pessoas com as quais eu convivo, e que apresentam esse impasse por ter vindo de uma geração diferente”.

 
PRESSA PARA CONQUISTAR OS OBJETIVOS  

Para Matheus Oliveira Galuppo, de 22 anos, existe um imediatismo em fazer tudo acontecer em sua geração

(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)


Já Matheus Oliveira Galuppo, de 22, estudante de publicidade e propaganda, é outro representante da geração Z e assim a define: “As pessoas da minha geração focam em ter uma carreira estável, viajar, ter sucesso financeiro antes de se casar e construir uma família com filhos. Também vejo que existe um imediatismo em fazer tudo acontecer, muita pressa em conquistar os objetivos”.

Perguntado sobre o que mais o incomoda nas gerações anteriores e que é difícil aceitar, Matheus é direto: “A ignorância e a dificuldade de aceitar algo novo e se adaptar às mudanças na sociedade”. Quanto à linguagem dos seus pares, o estudante diz que a linguagem atual é extremamente fluida em cada um dos grupos existentes. "Cada grupo utiliza termos diferentes de outros da mesma geração. Logo, sem regras e rigidez. Em comum, Matheus aponta os interesses: redes sociais, séries de curta duração, festas e bares."





Especialistas foram ouvidos para analisarem a convivênia entre gerações, desde a relação com a saúde mental até a educação. A proposta é saber um pouco mais sobre cada geração e como usufruir e extrair o melhor de cada idade para o bem e a evolução de todos.

ONDE VOCÊ SE ENCAIXA?

  1. Geração baby boomers: nascidos entre 1945 e 1964 (atualmente com 60 a 80 anos)
  2. Geração X: nascidos entre 1960 e 1980 (atualmente com 40 a 60 anos)
  3. Geração Y (millennials): nascidos entre 1980 e 1995 (atualmente com 25 a 40 anos)
  4. Geração Z: nascidos entre 1995 e 2010 (atualmente com 10 a 25 anos)
  5. Geração alpha: nascidos a partir de 2010 (atualmente com até 10 anos)


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