A geração Z é também chamada de nativos digitais

A geração Z é também chamada de nativos digitais

Pixabay

Encarar o mundo de uma maneira nova. De certa forma, é o que faz cada geração na passagem de bastão. E o comando para os anos seguintes está nas mãos dos jovens, que sempre chegam com uma explosão de conceitos de acordo com o momento histórico e, assim, impõem marcas próprias. A geração Z logo tomará a frente e a educação é a principal ferramenta e instrumento para saber como ela se comportará em todas as instâncias da vida.

Flávia Alcântara, professora do curso de pedagogia da Estácio Belo Horizonte, psicopedagoga e doutora em educação, começa destacando que, por ser uma geração conhecida, como primeira linhagem de nativos digitais, a geração Z, também conhecida por Gen Z, iGeneration, Plurais ou Centennial, é marcada pela interatividade e conectividade.

“Tais traços nos trazem indicadores sobre como conduzir propostas de ensino que atendam às necessidades dessa geração, altamente tecnológica e imediatista. Sabe aquele estilo de aula em que o professor fala por horas diante de uma assembleia atenta? Pois bem, tal abordagem não funciona para os iGeneration, que lidam com uma incrível variedade de informações e redes de interação de forma concomitante e frenética.”
 
Flávia Alcântara, psicopedagoga e doutora em educação, diz que a geração Z é marcada pela interatividade e conectividade

Flávia Alcântara, psicopedagoga e doutora em educação, diz que a geração Z é marcada pela interatividade e conectividade

Arquivo Pessoal
 
Flávia Alcântara enfatiza que, ao contrário de seus pais e avós, os “zapping” (Z) não tendem a se planejar em função de um diploma ou de uma capacitação profissional que lhes traga estabilidade e segurança no futuro, seu perfil está mais ligado à busca da felicidade e satisfação imediata nas tarefas executadas.

 “Esses nativos digitais não temem em arriscar, recomeçar e buscar novas possibilidades que lhes tragam, antes de tudo, realização pessoal e prazer. Adepta do pensamento lógico, autodidata e multitarefa, a geração Z é questionadora e precisa ser constantemente estimulada e desafiada, sobretudo no ambiente escolar. Professores e gestores são frequentemente indagados sobre a utilidade e aplicabilidade dos conteúdos apresentados. Por que tenho que aprender sobre geologia? Qual a finalidade de decorar essa fórmula matemática? De que maneira esse conceito será aplicado em minha vida concretamente? O professor que deseja ganhar e manter a atenção de um zapping durante as aulas também precisa se reinventar, investir em uma formação continuada e em novas ferramentas e metodologias de ensino que o ajudem a mergulhar no universo não linear e altamente interativo dessa geração.”

A doutora em educação afirma que a ideia de uma submissão hierárquica, na qual pais e professores ditam as ordens que serão acatadas voluntária e passivamente pelos filhos e alunos, não mais condiz com a realidade desses indivíduos plurais e questionadores. “Ações autoritárias não são bem recebidas, ao contrário, tendem a criar resistência e reatividade, falta de cooperação e rebeldia.”

Para Flávia Alcântara, a geração Z vive uma busca incessante pela autorrealização, normalmente não almeja fazer uma única coisa ao longo de toda a vida ou investir em uma carreira estruturada em uma só empresa. Encabeçam novas realidades trabalhistas mais fluidas, com tempos e espaços menos rígidos, apostando em serviços home office ou investindo profissionalmente no universo virtual por meio de blogs e mídias digitais, como o YouTube, Instagram, Tik Tok etc.

“Por outro lado, vemos manifestações de uma geração com maior senso de responsabilidade ambiental e social e, nesse sentido, mais conservadora do que as gerações anteriores.”

A professora conta que os iGeneration já nasceram imersos no mundo digital, e embora sejam criativos e tenham acesso quase irrestrito a diversas fontes de informação, “percebemos uma fragilidade em relação a interações sociais sem mediação de ferramentais virtuais, como celulares e computadores. O excesso de telas e headphones acabou criando uma geração mais introvertida, fechada em seu universo particular. Tal característica pode ser observada em diversos ambientes, como o familiar e o escolar”, explica.

Segundo ela, em geral, os “gen Z” se sentem pouco confortáveis na realização de atividades coletivas, visto que estão pouco familiarizados com contatos “face to face”. Não é raro observar esses jovens ilhados em seus smatphones durante os intervalos escolares, ou mesmo durante momentos de lazer, nos mais diversos ambientes. Há indivíduos que chegam a desenvolver transtornos comportamentais e psíquicos, como a síndrome Fomo (Fear of Missing Out), em português, “medo de estar perdendo algo", responsável por gerar angústia, ansiedade e até mesmo depressão em pessoas privadas do acesso à internet.


AVALANCHE DE CONTEÚDO


Flávia Alcântara explica que a escola tem buscado se adaptar às novas exigências desse público marcado pela instantaneidade, ansiedade e conectividade. A flexibilidade tem sido um ponto de atenção na busca por manter o interesse dos zapping. As práticas pedagógicas e conteúdos escolares têm sido constantemente repensados pelas instituições de ensino. A utilização de vídeos do YouTube, apps educacionais e games interativos tem sido constante nas escolas. “Embora esses recursos não substituam o papel do professor, dos livros e do ambiente escolar, um ensino pautado em aulas expositivas tradicionais, não se sustenta mais.”

Para Flávia Alcântara, o grande desafio da escola tem sido pensar na formação de gerações cada vez mais versáteis, submersas em uma avalanche de conteúdos freneticamente atualizados, e que apresentam dificuldades em se concentrar por um período prolongado em uma mesma atividade. “Um contexto que tende a gerar indivíduos desatentos, ansiosos e altamente estimulados pelo acesso e interação a uma imensidade de informações, mas com grande capacidade de aprender rapidamente, vivenciando múltiplas realidades, presenciais e digitais, concomitantemente.”


QUAIS PERSONAGENS OS REPRESENTAM?


Barry Wetcher/FOX FILM DO BRASIL


1 – Miranda Priestly, a atriz Meryl Streep no filme “O diabo veste prada” (2006): é a representação da geração baby boomers, que são indivíduos que valorizam o trabalho duro acima de tudo. Foram criados em um contexto em que o curso do mundo estava sendo reescrito e, por isso, foram instruídos a buscar melhorias econômicas e oportunidade. Na foto com a atriz Anne Hathaway.
 

Divulgação
 

2 – Tyler Durden, personagem de Brad Pitt no filme “O clube da luta” (1999): representa a geração X. Tyler Durden se vê perdido existencialmente e à procura de valores reais que o façam sentir alguma coisa, depois de ter percebido que a busca pelo american dream não faz sentido. A dedicação dos membros da geração X para imitar o sucesso de seus pais pavimentou o caminho para a valorização do diploma e da capacitação profissional, à medida que o mercado se tornava cada dia mais competitivo. São indivíduos que pregam ponderação, empreendedorismo, dão valor à liberdade e aos direitos individuais, e procuram romper com os ideais e paradigmas das gerações anteriores.

Amazon Prime/Divulgação


3 – Protagonista da série “Fleabag” (2016-2019): sem ter o nome revelado, representa a geração Y ou millennials. Fleabag, que em tradução livre seria algo como “bagaceira”, com a atriz Phoebe Waller-Bridge, mostra uma jovem individualista, imatura, dona do próprio negócio, que tem dificuldades em se comprometer e usa do humor para mascarar a dor. A inconformidade é uma característica marcante dos millennials e talvez seja o principal alvo de críticas das gerações anteriores. A “geração selfie” é frequentemente criticada por ser preguiçosa, egoísta e insatisfeita. E essas características são aceitas por boa parte das pessoas que compõem a geração. Encarada como a chegada do futuro e o domínio da tecnologia, o principal motivo de se ouvir tanto falar nos millennials é o fato de eles serem tão diferentes das últimas gerações.
 

HBO/Divulgação
 

4 – Rue Bennett, personagem da série “Euphoria” (2019-): assim como o resto do elenco, são boas referências do que se pode esperar da geração Z que cresceu em um mundo pós-11 de Setembro. Se os millennials romperam com os principais paradigmas da sociedade, a geração Z está sendo a responsável por povoar esse terreno distópico. Estudo da agência de publicidade e tendências Sparks & Honey diz que a geração Z é um tsunami e os chama de “primeira tribo de nativos digitais”. Fala também que 60% dos Z querem causar algum impacto no mundo (em contraponto a 39% de millennials).

 
GERAÇÃO Z: VOCÊ É CRINGE?

Você gosta da Disney? Está na lista do que é cringe para a geração Z

Você gosta da Disney? Está na lista do que é cringe para a geração Z

Momentmal/Pixabay

Para a geração Z, ser cringe significa “algo cafona”. A gíria rendeu memes, testes e até discussões no mundo digital. E aí, se identifica?
  1. Gosta da Disney? 
  2. Usa calça modelo skinny?
  3. É fã de Harry Potter?
  4. É fã de Friends?
  5. Usa emojis nas redes sociais, principalmente o de risada com choro?
  6. Ama café e falar sobre isso?
  7. Calça sapatilha de bico redondo?
  8. Não abre mão de uma cervejinha litrão?
  9. Usa unha postiça?
  10. Se diz mãe ou pais de gatos?
  11. Penteia o cabelo deixando-o repartido para o lado?
  12. Não me cansa de reclamar dos “boletos”?
  13. Ouve muito rock?
  14. Fica on-line no Facebook?
  15. Curte pagodes dos anos 1990, daqueles que tocavam em programas de auditório?