Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveram um aplicativo destinado a apoiar e orientar homens com incontinência urinária, uma condição clínica que pode surgir após a cirurgia que faz a retirada total da próstata, a prostatectomia radical.
Batizado de "Iuprost", o aplicativo contém orientações sobre exercícios para a musculatura pélvica, reconhecimento dos músculos, dicas para melhorar hábitos de vida e também reúne vídeos com relatos de homens.
O aplicativo está em fase de testes e aprimoramentos e, em breve, será disponibilizado para download nos sistemas operacionais Android e iOS.
A iniciativa se destacou entre as ações de 'Novembro Azul', a campanha de conscientização feita com objetivo de conscientizar os homens sobre o cuidado com a saúde e, principalmente, a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata.
Em entrevista à TV UFMG, a professora Luciana da Mata, do Departamento de Enfermagem Básica da UFMG e coordenadora do projeto, conta que os diagnósticos de câncer estão em constante crescimento e são de evolução silenciosa, o que torna a doença ainda mais perigosa.
"Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata, que é dificuldade de ereção e necessidade de urinar muitas vezes durante o dia ou à noite. Na fase avançada, também pode provocar dor óssea e sintomas urinários diversos. Em casos mais graves, pode resultar em infecção generalizada ou até mesmo em insuficiência renal", disse.
Em 2020, a doença foi diagnosticada em mais de 65 mil homens no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), e os homens com mais de 55 anos, com excesso de peso e obesidade, estão mais propensos à doença.
A baixa procura por ajuda nos centros de saúde é explicada pelos preconceitos e estereótipos relacionados a uma suposta ameaça à masculinidade.
"A forma como é executado o exame mexe muito com o imaginário do homem, gerando um sentimento de violação à masculinidade. Há, portanto, resistência ao procedimento. Também é comum um grande medo do diagnóstico do câncer de próstata e a associação da doença com a morte", afirmou a professora.
Diferente deles, as mulheres adotam, em geral, posturas opostas ao tomar medidas preventivas. "Os pais levam as meninas ao ginecologista para controlar e prevenir doenças relacionadas ao aparelho reprodutor desde os 12 anos de idade, enquanto o filho homem não é alvo dessa abordagem preventiva no contexto da urologia. Assim, desde cedo, essa cultura de associação da mulher ao cuidado e à saúde é cultivada, diferentemente do que ocorre com a população masculina", alertou Luciana Mata.
*Estagiária sob supervisão do subeditor João Renato Faria