A herpes zóster é uma doença viral que, geralmente, infecta o indivíduo na infância, causando o quadro de varicela (catapora). O vírus passa por uma fase de disseminação hematológica até atingir a pele e, em seguida, caminha pelos nervos periféricos até atingir os gânglios nervosos, onde pode permanecer em latência por toda a vida.
“Situações diversas, como em pacientes portadores de doenças como AIDS, leucemia, doença de Hodgkin e outras, podem ocasionar uma reativação do vírus, fazendo-o se movimentar pelo nervo periférico até atingir a pele, causando as erupções características dessa doença”, explica a dermatologista Giovanna Mori Almeida, do Hospital Albert Sabin (HAS).
Leia Mais
Aumento de herpes-zoster em adultos tem relação com vírus da COVID-19Uso indiscriminado da ivermectina pode ser responsável por surto de sarna Sarna humana: entenda os sintomas e como evitar a doença Vacinação antirrábica é estratégia para controlar o vírus da raivaCasos de herpes-zóster aumentam e podem ter relação com a COVID-19Brasileira com síndrome de Tourette viraliza no TikTok: 'Já apanhei na rua'
Doentes em tratamento com imunossupressores, como uso prolongado de corticoides, por exemplo, e pessoas que tiveram contato com infectados com varicela, ou até mesmo com outro doente de zóster, podem desenvolver a doença.
A herpes zóster pode deixar complicações mesmo depois da resolução da fase de infecção aguda. “Isso acontece porque durante o processo inflamatório da infecção pelo vírus, o paciente pode ter uma lesão definitiva do nervo ou da raiz, denominada neuralgia pós-herpética”, diz o neurologista do HAS, Felipe Saad.
Os sintomas são, geralmente, dores nevrálgicas que antecedem as lesões cutâneas e o tratamento deve ser iniciado o mais precoce possível, com medicamentos antivirais e analgésicos. “Quanto mais cedo for a intervenção médica, menores as chances de complicações e de neuralgia pós-herpética”, adverte a médica.
Outras sequelas que a herpes zóster pode causar são:
- Comprometimento do nervo trigêmeo, particularmente do ramo oftálmico, podendo danificar a córnea
- Acometimento do nervo facial (paralisia de Bell), levando à distorção do rosto
- Comprometimento do nervo geniculado, devido às lesões no nervo facial e auditivo, podendo ocorrer zumbidos, vertigem e distúrbio de audição
O diagnóstico da doença se dá através de exame clínico e histórico do paciente. “Antes de surgirem as feridas, o indivíduo pode sentir uma sensação estranha, como um toque desagradável da pele, chamado de anodinia”, acrescenta Saad.
Importante salientar que existe vacina contra a herpes zóster, aprovada pela Anvisa e indicada principalmente aos pacientes com mais de 50 anos, fase de maior risco de infecção. A vacinação também ajuda a diminuir a dor aguda e crônica, contudo, não é eficaz sobre herpes tipo 1 (oral) e herpes tipo 2 (genital), somente sobre a tipo 3 (zóster).
* Estagiária sob supervisão da subeditora Ellen Cristie.