Reforçando a importância da prevenção às infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), a campanha Dezembro Vermelho também tem como objetivo destacar direitos à assistência das pessoas infectadas pelo HIV, além de ser uma extensão ao Dia Mundial de Combate à Aids – 1º de dezembro. A Síndrome da Imunodeficiência foi descoberta há 40 anos, registrada pela primeira vez nos Estados Unidos e, dois anos mais tarde, foi identificado o HIV, o causador da doença.
Na mesma medida, entretanto, em que os resultados no enfrentamento à Aids representam um sopro de esperança, outra IST tem gerado preocupação entre os infectologistas e todos os profissionais da saúde: a sífilis.
Leia Mais
Procedimento inédito e pouco invasivo no esôfago oferece qualidade de vidaDezembro Laranja: chegada do verão requer prevenção do câncer de peleCâncer de pele no couro cabeludo tem risco de metástaseBiomarcadores bioquímicos podem ajudar na detecção precoce de tumor Sífilis congênita matou mais de 2,4 mil bebês em sete anosDezembro Vermelho: como as mulheres podem se proteger do HIVVacina contra Aids está mais próxima, constata estudo'Aids levou minha visão do olho direito e limitou meus movimentos'Combate ao HIV: por que redução nas infecções teve pior número desde 2016HIV: médicos anunciam 4º caso de cura no mundoTrombose é uma das principais causas de morte em pessoas com câncerPor que cada vez mais filhos cortam laços com pais por saúde mentalGrupo Pardini lança marca Premium em Belo Horizonte
Segundo o Boletim do Ministério da Saúde (MS) de outubro de 2020, o número de casos registrados de sífilis adquirida passou de 3.925 em 2010 para 152.915 em 2019, um aumento de 3.795%, principalmente na faixa etária entre 20 e 39 anos. As outras duas formas da doença também aumentaram: em gestantes, passou de 10.070 para 61.127 e a congênita transmitida da mulher para o feto, de 2.313 para 6.354 nesses 10 anos.
O profissional explica que a sífilis pode ser dividida em três tipos. A primária é a mais simples, se manifesta no local de inoculação da bactéria, nas mucosas (peniana, vaginal, anal ou da boca). Ela surge como uma ferida que geralmente se cicatriza dentro de quatro a seis semanas, sendo pouco dolorosa, sem sequelas no local. Porém, se não for feito o tratamento adequado, essa sífilis primária pode voltar dentro de alguns meses como uma sífilis secundária, que ficou encubada no organismo.
Essa bactéria pode cair na corrente sanguínea e causar sintomas como febre, prostração, manchas pelo corpo, aumento do fígado e do baço, entre outras manifestações. Raramente é fatal, na maioria dos quadros é benigna e curável depois de alguns dias ou semanas de forma espontânea, mesmo sem tratamento.
Com relação ao terceiro tipo, o médico adverte que é a forma mais severa da sífilis. “A sífilis terciária é aquela que ataca lentamente órgãos nobres, como o cérebro, o sistema cardiovascular, os ossos, causando infecções. Ela pode se desenvolver durante décadas e muitas vezes é fatal mas, quando não mata, deixa sequelas muito importantes. O tratamento da sífilis consiste no uso de antibióticos, principalmente as penicilinas, e deve ser feito imediatamente ao diagnóstico, sem interrupção, para impedir que evolua para a forma terciária”, informa.
O infectologista lembra que, paralelamente ao aumento da sífilis, outras doenças sexualmente transmissíveis se acentuaram, como infecções por herpes, por clamídia e gonorreia.
Vacina contra o HIV
Uma vacina contra o HIV está em pesquisa. "O estudo Mosaico é bastante promissor, está na fase três, ou seja, já em teste em humanos. Incialmente, vai recrutar em torno de 3.800 pessoas. O objetivo é comparar a incidência de aquisição do HIV entre a população que tomou a vacina e aquela que não tomou o imunizante. A vacina em questão inclui antígenos, estimulantes de imunidade contra os vários subtipos do HIV, já que estamos falando de um vírus que tem várias linhagens do HIV mutantes. A esperança é que haja uma proteção ampla contra essas diversas cepas de HIV mutantes e que no futuro essa vacina possa ser massificada, capaz de gerar proteção para as pessoas”, esclarece o médico.
Há ainda um medicamento que acaba de ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Dovato, com poucos efeitos colaterais. “Trata-se do único medicamento novo composto de duas substâncias, a lamivudina e o dolutegravir, altamente eficaz e seguro, sem que precise fazer uso de um terceiro componente que é o tenofovir, presente em outras formulações, mas com o agravante de ser tóxico, principalmente para os rins”, conta Estevão Urbano.