Enquanto o mundo batalha contra o coronavírus, uma constante preocupação durante o período de lockdown inicial foi o bem-estar psicológico das pessoas que faziam o isolamento social. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, decidiram analisar se as pessoas mais afetadas com transtornos mentais, teriam mais riscos de contrair e/ou apresentar sintomas da covid-19.
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No caso da covid-19, os especialistas conduziram um estudo observacional com mais de mil pacientes adultos que, em abril de 2020, responderam pesquisas sobre bem estar psicológico e autorrelataram sintomas e incidência da doença até dezembro de 2020. As pesquisas serviram para identificar possíveis transtornos mentais.
Para identificar a incidência de covid-19, os pesquisadores fizeram dois processos. O primeiro, perguntando se a pessoa tinha sido testada para a doença e qual o resultado obtido. Já o segundo era se os entrevistados acreditavam ter tido covid, independente de terem sido testados ou não.
Para avaliar os sintomas, foi perguntado aos participantes quais dos 11 listados como principais da doença eles estavam apresentando - como tosse persistente, febre, perda de paladar e perda de olfato - e, em seguida, eles precisaram avaliar a gravidade da experiência dos sintomas que tinham em uma escala de 1 a 10. A partir disso, os pesquisadores computaram o número total de sintomas e um valor da gravidade dos sintomas.
Resultado
A partir das análises, eles perceberam que a incidência de covid-19 foi mais comum naqueles que apresentaram ‘sofrimento psicológico elevado’.
“O nosso trabalho é importante porque ele muda o debate sobre os aspectos de saúde mental na pandemia. Nossos dados mostram que o aumento do estresse, ansiedade e depressão não são apenas consequências de viver com a pandemia, mas também podem ser fatores que aumentam nosso risco de contrair SARS-CoV-2”, explica a professora que liderou o estudo Kavita Vedhara, da Escola de Medicina da Universidade de Nottingham.
Segundo a professora Trudie Chalder — também relacionada na pesquisa — o próximo passo do estudo é identificar se pessoas que sofrem de transtornos psicológicos e têm resultado positivo de covid-19 confirmado, têm maior predisposição para contrair a doença.
Além disso, Kavita Vedhara ressalta que também é necessário como as políticas de saúde pública devem mudar para lidar com essa questão uma vez que “as pessoas mais afetadas com esses transtornos em nossas comunidades parecem estar em maior risco de infecção por covid-19”.
A pesquisa, feita em parceria com estudiosos da King 's College London e da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, foi publicada no jornal acadêmico Annals of Behavioral Medicine da Universidade do Reino Unido.