Há anos, quem inicia a prática de exercícios físicos e treinos em academias de musculação, crossfit ou alguma outra atividade esportiva é bombardeado com informações de suplementos que podem melhorar o desempenho e acelerar os resultados.
Um dos mais famosos é o Whey Protein, que, badalado por seu sucesso quando usado da forma correta e pela repercussão no boca a boca, hoje conta com uma infinita gama de similares. Mas, como tudo na vida, o que oferece vantagens pode causar algumas desvantagens. Em se tratando de saúde, qualquer prejuízo sai caro e o uso excessivo e indiscriminado desses produtos pode provocar danos graves.
Um dos mais famosos é o Whey Protein, que, badalado por seu sucesso quando usado da forma correta e pela repercussão no boca a boca, hoje conta com uma infinita gama de similares. Mas, como tudo na vida, o que oferece vantagens pode causar algumas desvantagens. Em se tratando de saúde, qualquer prejuízo sai caro e o uso excessivo e indiscriminado desses produtos pode provocar danos graves.
Recentemente, treinos funcionais e planos de exercícios individuais têm se popularizado nas redes sociais e na internet como um todo. O distanciamento social provocado pela pandemia e o fechamento dos locais de prática esportiva, aliados à já existente correria da vida moderna, reforçaram a escolha de muitas pessoas pelo trabalho sozinho. Grande parte desse grupo opta por iniciar ou manter os exercícios sem nenhuma avaliação médica, nutricional e orientação de um especialista, e é aí que mora o perigo.
Coincidentemente com o período em que o novo coronavírus devastou o mundo, somente há pouco mais de um ano a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou instrução normativa regulando constituintes, regras para limites de uso e rotulagem complementar dos suplementos alimentares. O Whey Protein é um dos produtos mais consumidos – se não o mais consumido – nesse mercado e movimenta cerca de R$ 1,5 bilhão por ano.
Pesquisa da Associação Brasileira das Empresas de Produtos Nutricionais (Abenutri) indica que o brasileiro só fica atrás de consumidores dos Estados Unidos e da Austrália na compra desses produtos.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Suplementos (Abiad), 54% dos lares do país têm ao menos uma pessoa que consome suplemento alimentar. Essa amostragem ainda mostrou que 37% das pessoas que se exercitam em academias de musculação faziam uso do Whey Protein.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Suplementos (Abiad), 54% dos lares do país têm ao menos uma pessoa que consome suplemento alimentar. Essa amostragem ainda mostrou que 37% das pessoas que se exercitam em academias de musculação faziam uso do Whey Protein.
PRESCRIÇÃO
O uso desses suplementos deve ser individualizado, prescrito e acompanhado por um médico, de preferência um nutrólogo ou nutricionista ou até uma equipe multidisciplinar no caso de treinos mais intensos e esportes de alto rendimento, que são as indicações principais desses produtos.
Rodrigo Lanna, cardiologista do Hospital Semper, aponta que pessoas que optam por exercícios leves, como caminhada ou até práticas moderadas em academias, muitas vezes podem conseguir o complemento nutricional necessário apenas com uma reeducação alimentar.
“O grande problema é a falta de controle, o exagero. As pessoas acabam usando uma ferramenta que poderia ser benéfica de forma desregrada e isso gera mais problemas”, avalia Lanna, ressaltando o perigo em estatísticas crescentes no consumo desses produtos a cada ano. “O mais importante é que esses suplementos sejam coadjuvantes”, indica.
“Um dos diferenciais do whey protein é a sua qualidade enquanto proteína. Ovos, carnes, queijos, soja, ervilha etc. Todos esses alimentos contêm proteína, porém com qualidade diferente para o organismo. O whey é uma proteína completa, contém todos os aminoácidos que participam da formação dos músculos e tecidos e é de rápida digestibilidade, aumentando rapidamente o conteúdo de aminoácidos no sangue. Resumindo, o whey protein pode ser considerado uma proteína padrão-ouro”, explica a nutricionista Julia Machado.
“Surte efeito (o uso de whey protein com a prática de treinos e exercícios intensos). A pessoa que faz atividade intensa, atleta de força, a proteína que ele ingere é fonte de energia e síntese proteica, aumentando a capacidade do músculo. Por isso as pessoas ficam fascinadas com essa suplementação. Mas devem ser pessoas saudáveis”, complementa o cardiologista, alertando para os riscos do suplemento à saúde.
Doses altas, além de efeitos colaterais gastrointestinais, podem causar dor de cabeça, náuseas, cólicas, e até casos mais graves de sobrecarga aos rins e ao fígado.
“O paciente pode ainda não ter o diagnóstico de insuficiência renal e isso pode ser agravado. Pessoas com intolerância à lactose ou alérgicos, por exemplo, podem ter mais danos”, detalha Lanna, reforçando que “o paciente sedentário ou que faz pouca prática esportiva que usa o suplemento, muitas vezes tem aumento de peso com gordura e não massa magra.”
“O paciente pode ainda não ter o diagnóstico de insuficiência renal e isso pode ser agravado. Pessoas com intolerância à lactose ou alérgicos, por exemplo, podem ter mais danos”, detalha Lanna, reforçando que “o paciente sedentário ou que faz pouca prática esportiva que usa o suplemento, muitas vezes tem aumento de peso com gordura e não massa magra.”
Esse foi o caso do engenheiro de produção Eduardo Couto, de 35 anos. Quando a febre do Whey Protein tomou conta das academias, há mais de 10 anos, o então estudante universitário estava ingressando na prática de treinos com musculação.
Para acompanhar o processo e acelerar os resultados, comprou o suplemento e usou como os colegas. No entanto, a ficha de exercícios do jovem ainda era para iniciantes, com baixos pesos e repetições. Resultado, ganho de peso.
Para acompanhar o processo e acelerar os resultados, comprou o suplemento e usou como os colegas. No entanto, a ficha de exercícios do jovem ainda era para iniciantes, com baixos pesos e repetições. Resultado, ganho de peso.
“Lembro-me de que, na avaliação da academia, não perguntavam muito a fundo o que queríamos. Era uma consulta genérica, rápida. Se você quisesse, você é quem deveria perguntar sobre e buscar informações sobre produtos complementares. E, muitas vezes, as pessoas acham que vão estar passando dos limites e levar uma esculachada só de cogitar esse tipo de coisa”, recorda rindo. “Só depois que errei é que busquei acompanhamento nutricional, corrigi minha alimentação e, à medida que os treinos iam ficando mais intensos, buscava os complementos”, pontua Couto.
INDICAÇÕES PARA IDOSOS
A nutricionista Julia Machado lembra ainda que, além da complementação alimentar, o uso do whey protein pode beneficiar a saúde de idosos, que têm tendência de perder massa muscular progressivamente, além de uma necessidade proteica aumentada devido ao processo de resistência anabólica. “É preciso maior quantidade de proteína para sensibilizar o músculo”, explica.
“O consumo desse suplemento pode ajudar a preservar esse tecido e, consequentemente, proteger o idoso da sarcopenia (processo em que ocorre perda da massa muscular e função dos músculos).”
“Além de garantir que a necessidade proteica diária seja atingida, favorecendo a manutenção da massa magra, as principais proteínas constituintes do whey protein aumentam a imunidade. É muito benéfico em situações de pós-operatório, quando o organismo precisa aumentar a produção de proteínas para cicatrização”, aponta
Julia, ressaltando que o consumidor deve estar atento aos rótulos. “Deve conter ‘proteína concentrada ou isolada do soro do leite’, e o mínimo possível de aditivos químicos, como adoçantes”, detalha.
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