A maneira de compreender a criança vai sendo naturalmente construída. Quando ainda não falam, dão alguns sinais que caracterizam seus sentimentos. O choro é um desses aspectos. Mas nem sempre obedece a padrões. Algumas dicas, sim, o bebê mesmo dá. A enfermeira Marjorie Lobato não gosta tanto de dividir os choros por tipos.
Para ela, dessa forma acaba parecendo que os bebês podem ser classificados em uma lista de choros, e nesse ponto esquece-se que cada um é um. Muito se ouve que o choro é a única forma de os bebês se comunicarem, mas isso não é de todo verdade, ensina Marjorie.
O choro costuma ser a última opção para se fazer notado, salienta. Antes de cair no choro sofrido, ele vai tentar, do jeito dele, exteriorizar o que está precisando. "Fazer essa leitura não é fácil, ainda mais porque estamos começando a conhecê-los. Mesmo tendo passado nove meses na barriga, somos estranhos", diz.
Para ela, dessa forma acaba parecendo que os bebês podem ser classificados em uma lista de choros, e nesse ponto esquece-se que cada um é um. Muito se ouve que o choro é a única forma de os bebês se comunicarem, mas isso não é de todo verdade, ensina Marjorie.
O choro costuma ser a última opção para se fazer notado, salienta. Antes de cair no choro sofrido, ele vai tentar, do jeito dele, exteriorizar o que está precisando. "Fazer essa leitura não é fácil, ainda mais porque estamos começando a conhecê-los. Mesmo tendo passado nove meses na barriga, somos estranhos", diz.
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O choro de sono parece que o bebê vai bocejar, e vem acompanhado de mão nos olhos e ouvidos. Quando o choro é de dor, relacionado às cólicas, a criança faz força, contrai o abdômen, costuma ficar bem vermelha e levando as pernas em direção à barriga.
O choro de sono parece que o bebê vai bocejar, e vem acompanhado de mão nos olhos e ouvidos. Quando o choro é de dor, relacionado às cólicas, a criança faz força, contrai o abdômen, costuma ficar bem vermelha e levando as pernas em direção à barriga.
Quanto a passeios e viagens, é um assunto controverso. Se consideradas questões como a imunidade, o ideal, e o que alguns pediatras e infectologistas indicam, é começar a partir do quinto mês, quando pelo menos algumas vacinas já estão com a segunda dose completa, como é o caso da meningite e da hepatite. "Mas sabemos que para muitos pais isso é quase impossível, então prefira locais abertos e arejados, evitando aglomerações, como em shoppings e festas", ensina Marjorie.
MUNDO EXTRAUTERINO
É interessante que o bebê fique o máximo possível junto aos seus pais, sem muitas visitas e passeios, que fogem de sua rotina. "Esse momento de adaptação ao mundo extrauterino é quando ele está terminando de desenvolver alguns dos seus sistemas e está se entendendo com os pais. Portanto, nada de inventar muita moda."
Quando o assunto é dormir, Marjorie lembra que a a ciência tem estudado bastante o sono e seus ciclos, tanto em adultos como em crianças, e por isso pode-se afirmar categoricamente que o padrão de sono do bebê é diferente do adulto. Não dá para esperar que um bebê durma a noite toda.
Com relação às cólicas, muitas vezes são confundidas com desconfortos fisiológicos que todos os bebês terão. Eles nascem imaturos e com vários dos sistemas ainda em desenvolvimento, assim como o gastrointestinal. Enquanto, na barriga, os bebês não sabem o que é fome – são alimentados 24 horas por dia pelo cordão umbilical, então estranham muito a sensação da fome depois do nascimento.
"Ao nascer, inicia-se o processo de colonização das bactérias intestinais e também a percepção do peristaltismo, que é a movimentação involuntária do tubo digestório. Coordenar esse movimento com a abertura e o fechamento do esfíncter anal, no momento de fazer cocô, é complicado e exige muito do bebê, por isso ele sente tanto desconforto."
"Ao nascer, inicia-se o processo de colonização das bactérias intestinais e também a percepção do peristaltismo, que é a movimentação involuntária do tubo digestório. Coordenar esse movimento com a abertura e o fechamento do esfíncter anal, no momento de fazer cocô, é complicado e exige muito do bebê, por isso ele sente tanto desconforto."
Esse incômodo natural da imaturidade é chamado de disquesia, não é a cólica. O bebê aqui sente incômodo, principalmente após mamar e na hora de fazer cocô, mas depois fica bem. A cólica em si pode ser causada por várias coisas, até alergia alimentar, e faz com que o bebê tenha um comportamento diferente. Ele chora mais, é mais irritado, dorme menos e dificilmente se acalma.
Sobre amamentação, Marjorie pontua a importância da família pesquisar sobre o assunto desde a gravidez. "A amamentação costuma ser o calcanhar de aquiles de muitas mulheres e, por conta de falta de informação, pouco apoio e a dor, elas acabam desmamando. E o alimento padrão ouro para o recém-nascido é o leite materno."
Sobre os banhos, a enfermeira orienta que é contraindicado nas primeiras 24 horas de vida, e hoje isso é respeitado na maioria das maternidades. Ao nascer, explica, o bebê está todo envolto em uma secreção chamada vernix, e esse “creme natural” deve ser mantido o máximo possível, pois é rico em benefícios. Além de ajudar a passar pelo canal vaginal, por ser escorregadio, ele também age como uma barreira protetora, tanto evitando infecções quanto diminuindo a perda de calor. "Então, nasceu, basta secar e enrolar o pequeno em uma manta ou roupinha e deixar ele quietinho. Depois do primeiro dia pode dar banho normalmente, banheira, chuveiro, balde, do jeito que preferir. Basta lembrar que sabonete só uma vez ao dia."
VACINAS
É de extrema importância seguir o calendário vacinal preconizado. Ainda na maternidade, o bebê recebe a primeira dose da hepatite B e a BCG (contra tuberculose). Os bebês devem fazer acompanhamento pediátrico mensal nos primeiros meses de vida, e o pediatra poderá acompanhar melhor os esquemas vacinais.
Marjorie é massoterapeuta. Para as gestantes que chegam até ela, elenca dois pontos que considera cruciais: a exterogestação e o baby blues. "A mãe deve entender que bebês nascem imaturos e que, para se desenvolver, precisam de muito colo e atenção. Colo não vicia, não deixa manhoso e não estraga. Colo é necessário para que processos químicos aconteçam do corpo do bebê e também é fundamental para que a mãe se organize, quanto mesmo aos hormônios, para a maternidade. Baby blues é aquela fase logo após o parto em que oscilamos entre o choro, tristeza e alegria extrema. É normal, é fisiológico, e passa. Se sentir insegura e com medo faz parte, não é preciso se sentir a pior mãe por isso."
Em 2018, Marjorie ficou grávida, depois de três anos de tentativas, e deu à luz Luiza. Para entender que o filho é também um ser autônomo é preciso olhar para eles com respeito, diz. "Quando respeitamos o bebê como pessoa, entendemos que, assim como nós, ele tem suas vontades e suas escolhas."
MEDO DE ERRAR
A empresária Silvia Salvador, de 33 anos, é mãe de Olívia, de dois meses. Para ela, o que tem sido mais desafiador é o medo de errar, de não fazer o que é melhor para a filha, principalmente nas escolhas do dia a dia, sobre sua rotina, de alimentação, de amamentação, de interação com o ambiente.
"Penso se estou fazendo escolhas saudáveis para ela. A gente sabe que a privação do sono e a mudança da nossa rotina são cansativas e desafiadoras também, mas faz parte do processo. Nos preparamos para isso desde a gestação, mas de fato, quando me tornei mãe, o maior aprendizado, e o que muitas mães falam, é lidar com a culpa e saber se estou ou não acertando com ela", diz.
Aos poucos, as coisas vão entrando nos eixos. Os compromissos profissionais estão sendo retomados, e para Silvia um apoio fundamental vem de uma ajudante que fica com a pequena durante o dia. "Ter alguém perto dela e perto de mim tem me ajudado a não sofrer pelo fato de estar retomando as coisas aos poucos. Olívia tem cumprido sua rotina de alimentação, de passeios no final da tarde e tem dormido muito bem à noite."
Saber se comunicar com Olívia e entender o que ela pede é um processo de aprendizagem. "Ainda não sei ler todos os sinais da Olívia. Consigo identificar alguma coisa do choro, quando é de fome, de dor por conta de cólica. Olívia está começando a interagir com o ambiente e com a gente e responder aos estímulos. Agora é que eu estou aprendendo a lidar com esse entendimento de respostas e demandas do bebê, e esse é um processo que não vai acabar tão cedo."
Para ela, a amamentação foi uma das grandes questões no começo. Olívia não pegou o peito e foi preciso a consultoria de uma fonoaudióloga. "De fato, isso no início não é fácil para nenhuma mãe. Acredito que até mães que não são de primeira viagem, como eu, ainda sofrem com esse processo da amamentação", avalia.
A ajuda do marido para Silvia é crucial. "É um parceiro de vida. Não só cumpriu as atividades da Olívia, mas da casa também. Cuidou e continua cuidando dos cachorros, o que antes era obrigação só minha. Prontamente me levava aos locais onde eu precisava, fazia as compras da casa. Foi e tem sido um grande parceiro, amigo e um grande pai para nossa filha."
Silvia diz que, há três anos, não tinha certeza se de fato queria ser mãe. "No ano passado, virou uma chave no meu coração e eu decidi que era o momento. E nada se compara ao que eu sinto hoje. O amor, a gratidão e o retorno que o bebê dá com um gesto, um sorriso. Isso é impagável, é uma experiência que não tem precedentes. E só quem é mãe vai sentir isso de fato. Essa reciprocidade e esse olhar enchem o coração e fazem tudo valer a pena."