As mudanças de hábitos, consequentes da pandemia da COVID-19, desencadearam alguns problemas de saúde. Se tratando da rotina alimentar, o coordenador da equipe de endoscopia do Instituto Orizonti, Luiz Ronaldo Alberti, constatou um aumento dos transtornos digestivos.
Leia Mais
5 formas de melhorar a saúde do intestinoEfeitos da pandemia na saúde mentalCOVID-19: mutação em proteína humana pode alterar a afinidade de variantesNovo tratamento muda jornada de pacientes com asma graveEvitar a irritação do intestino é fundamental para quem está emagrecendoConheça Marden, do curta-documentário 'Preciso falar sobre ELA' Surto de norovírus em Salvador preocupa; entenda os sintomas da infecçãoEntenda a 'doença do silicone' que fez Miss retirar as próteses dos seios Faculdade de BH oferece atendimento odontológico para refugiados da Ucrânia
"Em decorrência da pandemia, muitas pessoas promoveram mudanças intensas no estilo de vida, causando as mais diversas alterações, desde constipação a diarreias", relata o especialista", relata o médico.
De acordo com ele, esse acentuado e justificado estresse em decorrência da crise epidemiológica levou a um aumento exagerado de problemas gástricos. Embora ainda não exista uma pesquisa para mensurar o crescimento dos casos neste período, os dados de notificação de doenças intestinais vêm apresentando aumento em todas os grupos populacionais.
O sistema digestivo possui uma relação direta com o cérebro, suas células nervosas funcionam como uma “via de mão dupla”. O estresse ativa essas células nervosas de diferentes formas, isso pode desencadear os problemas gástricos. O intestino, por sua vez, conhecido como “segundo cérebro”, pode ter participação na formação de 90% da serotonina (hormônio da felicidade) do corpo, por isso a importância de cuidar da alimentação e manter hábitos saudáveis.
Entre os casos mais recorrentes registrados no Instituto Orizonti ele destaca uma grande incidência de refluxo gastroesofágico (sensação de retorno do alimento), azia (queimação na região do estômago que pode alcançar o pescoço e a garganta), dispepsia (dificuldade de digerir os alimentos) e síndrome do intestino irritável (sensibilidade no trato intestinal).
Sintomas
Os principais sintomas de que algo não vai bem com a saúde digestiva e é fundamental buscar orientação médica, são:
- Sensação de estufamento;
- Desconforto abdominal;
- Acúmulo de gases (flatulência);
- Barriga inchada;
- Cólicas intestinais e outras dores na barriga.
Tratamento, cura e prevenção
O tratamento não é generalizado e deve ser feito de forma individual. Isso vai depender do problema específico. As doenças mais comuns do sistema digestivo têm boas chances de cura. Nos casos em que a cura não é possível (intolerâncias alimentares, por exemplo), a orientação dietética adequada promove bom controle dos sintomas", esclarece Alberti.
Assim como em outras doenças, a prevenção é palavra de ordem para quem quer evitar problemas. O desenvolvimento de hábitos de vida saudáveis, com prática de atividade física, redução do estresse e alimentação de maneira adequada (seja na quantidade, variedade ou períodos) - bem como identificar possíveis intolerâncias alimentares - são os caminhos mais indicados.
Qualidade de Vida
Acompanhamento profissional e disciplina são palavras chaves para pacientes com problemas gástricos. A contadora Thaissa Furtado Medeiros, de 48 anos, é a prova viva da superação dos sintomas e da retomada da qualidade de vida. Ela começou a sentir fortes desconfortos abdominais há 10 anos. Desde então, iniciou uma maratona para entender a origem das dores.
Ainda sem entender o problema, ela relata que procurou, a princípio, um ginecologista. Ao descartar relações com a especialidade, o profissional a encaminhou para um gastroenterologista. Foi aí que ela começou a realizar os exames que garantiram o tratamento adequado e a possibilidade de uma vida normal.
Thalissa identificou e tratou três problemas: doença celíaca (doença autoimune causada pela intolerância ao glúten); síndrome do intestino irritável (inflamação das vilosidades intestinais) e supercrescimento bacteriano no intestino delgado (distúrbio no qual certas bactérias normais do intestino crescem excessivamente).
"Eu sentia dores imensuráveis. Uma espécie de cólica, mas fortíssima. Vejo que muitas pessoas ficam com receio dos exames, mas eu não senti dores para realizá-los e foi graças ao diagnóstico que minha vida mudou", diz.
Desde então, Thaissa teve de promover uma série de mudanças na sua vida. Foi necessário iniciar uma dieta com muitas restrições como lactose, frutose e glúten, por exemplo. "No início foi tudo muito difícil e com grandes impactos até mesmo na minha vida social. Mas me propus a ter foco e hoje colho bons resultados com o tratamento e muita disciplina alimentar. Atualmente tenho uma vida normal e todo esforço valeu a pena", garante.